Fátima Carneiro, a patologista mais influente do mundo é portuguesa
Clínica, investigadora, professora. Fátima Carneiro, a patologista mais influente do mundo segundo a escolha de 100 patologistas, eleva a profissão a um nível de excelência ao mesmo tempo que coloca Portugal no mapa da investigação. Enérgica e bem-disposta, é assim que a encontramos no Centro Hospitalar São João, no Porto.

Marcamos encontro no hall de entrada do Centro Hospitalar São João. Num passo metódico e com um quê de apressado, passamos por corredores com laboratórios, salas de ensaio e gabinetes. À medida que caminhamos, cruzamo-nos com pessoas que vestem batas brancas e que nos cumprimentam de maneira sempre afável e entusiasta, até chegarmos ao interior do gabinete onde se desenrola esta entrevista. À entrada, notamos a presença de uma vitrina que deixa à vista pilhas de livros e teses, entre os quais se erguem várias fotografias em grupo (imagens essas que, mais à frente nesta conversa, havemos de analisar ao pormenor). Nelas, sobressai a silhueta de uma mulher de postura firme que surge, quase sempre, entre vários homens vestidos de fato. Fátima Carneiro (Sá da Bandeira, hoje Lubango, Angola, 1954) é a única mulher entre os seus pares, salvo raras exceções - nas fotografias mas também fora delas. Encontramo-nos no interior do gabinete da patologista mais influente do mundo (distinção que recebeu há cerca de um ano por parte da revista científica The Pathologist, numa eleição levada a cabo por 100 patologistas), mas sobretudo perante um ser humano com uma resiliência inesgotável e um otimismo contagiante ? qualidades que contaminam o ar que a rodeia como partículas microscópicas.
Em cima da secretária, Fátima Carneiro tem precisamente um microscópio, ao lado do qual repousam as caixas com as análises desse dia, que aguardam a avaliação do olho clínico desta profissional. "Juro-lhe que até ir para casa está tudo feito, nem que saia daqui tardíssimo", assegura, durante uma agradável conversa que se estende por mais de uma hora. Mãe orgulhosa e recém-avó deslumbrada, Fátima é, desde 2001, diretora do serviço de Anatomia Patológica do Centro Hospitalar São João, no Porto. Atualmente é ainda investigadora no Ipatimup e no i3S (Instituto de Investigação e Inovação em Saúde) e diretora da Unidade de Patologia e Oncologia na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, onde também é professora catedrática. Foi presidente da Sociedade Europeia de Patologia (2011-2013) e, em Portugal, coordenou a Rede Nacional de Bancos de Tumores (2008). Desde 2017 que preside a Academia Nacional de Medicina Portuguesa. Além de cargos de excelência, são muitas as suas conquistas profissionais nacionais e internacionais, tendo ganhado vários prémios assinaláveis ? como a distinção de Grande Oficial da Ordem Infante Dom Henrique, atribuída por Aníbal Cavaco Silva, em 2006, ou o Prémio Seiva nas Ciências, em 2017 ? e participado em vários comités científicos mundiais na sua área, além de ser autora de mais de 350 publicações (de natureza diversa). Este ano foi distinguida pela Câmara Municipal do Porto, tendo recebido a Medalha Municipal de Mérito - Grau Ouro, pelo seu contributo para o "bem comum da cidade". Atualmente dedica-se, entre outras áreas, à investigação da etiopatogenia das síndromes hereditárias do cancro do trato gastrointestinal. Rigorosa e incansável, Fátima Carneiro mostra um sentido de humor apurado. "Eu também sei brincar, não tenho é tempo", brinca, face à equipa pouco usual que tem nesse dia à sua frente: um fotógrafo, uma maquilhadora e uma stylist. Apesar de este ser um registo a que não está habituada, lemos-lhe no sorriso que é uma mulher de desafios. E aceitou este com a mesma vivacidade que a define em tudo o resto.

A Fátima nasceu em Angola, onde hoje é o Lubango, antiga colónia de Sá da Bandeira. Como recorda este lugar?
[Nasci] num sítio lindo, num planalto, que se chama Huíla. O clima é particularmente ameno, não tem nada a ver com o que as pessoas imaginam ser o clima em África. E tem uns arredores lindos como a Fenda da Tundavala, da qual tenho memórias intensíssimas. Os meus pais eram funcionários do Estado, foram para Angola aos 20 anos com uma mala na mão, cheios de sonhos. Quando chegaram foram para uma aldeia chamada Chibia [em Huíla, Lubango] onde construíram uma vida [a partir] do nada. Os funcionários de Estado ficavam quatro anos em África e um ano em Portugal (continental) porque os períodos de férias grandes não são sincronizados em Portugal e África. Eu e o meu irmão passámos a vida a movimentar-nos de lá para cá, e de cá para lá, o que nos deu uma grande vantagem. Comecei o liceu em Portugal, onde também fiz o sexto ano, e quando voltei já estava na Universidade. As crianças têm imensa capacidade de adaptação: contactam com pessoas, conhecem novos universos, aprendem a fazer amizades de uma forma diferente, reconstroem o futuro com a experiência do passado.
Foi uma experiência que a moldou para sempre?

Eu passei por várias Áfricas. Nasci no sul de Angola, onde tenho memórias vincadíssimas da escola primária, e depois estivemos em Portugal dois anos. A seguir fomos para São Tomé, onde vivemos quatro anos. É assim um género de paraíso, por ser uma ilha pequenina. Vivíamos numa casa giríssima, numa pousada junto à praia, num ambiente idílico. Dessa altura tenho memórias muito boas, todas as pessoas se conheciam muito bem, sem conflitos sociais. As crianças tinham uma bicicleta… não havia ansiedade. Nunca pude oferecer isso aos meus filhos, que já nasceram cá. Eu tenho imensas saudades de viver junto ao mar e de não haver limites no horizonte. Esse espírito da vida em África é uma coisa que as pessoas dizem que não se consegue explicar, e é verdade. Só vivendo, só estando.
O que é que África lhe ensinou? Foi lá que começou o seu caminho profissional…
Eu fiz o primeiro, o segundo e o terceiro ano da faculdade em Luanda e aprendi para o resto da minha existência. Aquilo que aprendi mais tarde como médica foi nas raízes do ativo. Tive muita sorte porque a Faculdade de Medicina era nova e as instalações eram excelentes. O nosso espírito era excelente, aquilo que para um estudante de Anatomia era uma tortura (estudar os livros de Anatomia) para nós era natural porque tínhamos um anfiteatro anatómico cheio de peças, podíamos dissecar, tínhamos condições de aprendizagem únicas. Íamos para a faculdade com uma bata e um fato de banho por baixo e à hora de almoço tomávamos banho na praia. Havia toda uma conduta libertadora.

O conceito de liberdade sempre foi precioso, para si?
Arraiga-se nas pessoas. Cria sensações tão profundas que depois as pessoas não prescindem desse bem-estar. De alguma maneira, também disciplina o aproveitamento dos outros tempos, para trabalhar e para estudar. Foi uma vivência muito marcante: organizar o tempo para ter tempo para não prescindir do que é bom. É uma das coisas que ensino aos meus filhos e aos meus alunos. O desperdício do momento de aprendizagem impacta o tempo livre para fazer coisas de que as pessoas gostam: as pessoas devem ir à praia, devem ir dançar, devem estar com amigos. Nós viemos de Luanda numa altura em que havia guerra civil, no ano da independência. Tínhamos a ambição de lá ficar até ao dia em que o Hospital Universitário foi bombardeado. Estava no terceiro ano e dava aulas ao primeiro ano. Quando cheguei a Portugal consegui fazer os exames do terceiro ano a título excecional, por motivos de guerra. Foi um desgosto deixar para trás aquilo, mas contrabalançado pela demonstração de que o que lá tínhamos feito era de muito valor.
Teve medo?
Foi muito intenso. O meu irmão também era aluno de Medicina e estava mais adiantado. Foram períodos muito atribulados, dolorosos e com muitas perdas pessoais. Como muitas famílias que viviam em África, os meus pais acabaram por vir e deixar tudo o que lá tinham. Curiosamente, a vinda dos portugueses que estavam em África foi absorvida com razoável facilidade em Portugal porque, tendo por exemplo os meus pais, eles tinham força de vontade, coragem e eram pessoas empreendedoras. Assim como foram, voltaram. E como eles muitos outros o fizeram com o mesmo espírito empreendedor que lhes permitiu recomeçar.
Ainda pensa como seria a vida se lá tivesse ficado?
Mal acabei o curso comecei de novo a dar aulas, porque gosto muito de dar aulas. Seria com certeza diferente.
Queria ser pediatra, mas a vida trocou-lhe as voltas, é verdade?
Eu adorava pediatria, porque adoro crianças. Mas as pessoas não podem confundir adorar crianças e ter capacidade para tratar de crianças, que é uma história diferente. Eu nunca consegui enfrentar o sofrimento de uma criança, mas quis experimentar tudo para decidir em consciência. Fiz todas as etapas da formação médica, fiz o internato geral, na altura havia serviço médico à periferia (equivalente ao que hoje fazem os médicos de família), e portanto fazíamos consulta, serviço de urgência. Nessa experiência tive várias situações de atendimento de crianças e foi-me extremamente difícil, não conseguia lidar nem desligar-me. Percebi que não podia fazer pediatria devido a situações de envolvimento afetivo. O afeto é muito importante, mas é preciso saber aprender aquilo que é o ato médico. Hoje em dia continuo a ter ligação à pediatria através da patologia pediátrica e estou sempre em ligação com os pediatras.
Continuou a sua formação no Centro Hospitalar São João, naquele que é hoje o serviço de Anatomia Patológica, do qual é diretora. Como é o seu dia a dia?
A anatomia patológica é uma atividade clínica, aquela que produz o conhecimento que conduz a um diagnóstico e a um tratamento. O que não temos é contacto direto com os doentes, a não ser em situações particulares (nas biopsias aspirativas ou discussão dos casos clínicos em grupos disciplinares). As horas do meu dia são muitas, porque me deito muito tarde, com a ideia de que não existe amanhã. Gosto de deixar o maior número de coisas feitas, o que se torna muito desafiante. Gerir um serviço hospitalar é muito exigente. A gestão num hospital recai sobre equilibrar e ter uma ação interativa entre os vários grupos profissionais. A nossa maneira de articular com os clínicos é através de relatórios, permitindo que todo o tempo de processamento das amostras e elaboração do relatório (e a sua disponibilização) seja um processo feito em tempo clinicamente útil. Isso exige uma grande coordenação.
Diria que o tempo é o maior inimigo da ciência?
Não é amigo nem inimigo, é preciso saber lidar com ele. Sei que há ambientes, como nos Estados Unidos, em que a competição é muito feroz e as pessoas lutam contra o tempo manifestamente.
É professora catedrática da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Sempre gostou de ensinar?
O ensino a terceiros obriga a que a aprendizagem do próprio seja feita de uma forma mais profunda, mais estruturada, e portanto com maior capacidade de sedimentar e prevalecer. Ensinar foi para mim dos instrumentos mais poderosos para aprender. E eu fui treinada para utilizar a vertente "maximizante" tanto quanto possível. É preciso ter um pensamento organizado, coerente, que seja transmissível e compreensível, e eu só consigo ser clara nos pensamentos se os interiorizei e os amadureci, se os formatei num formato que seja apetecível para os demais se interessarem por ele. É preciso gostar, realmente. No meu caso, sempre achei imensa graça.
A sua área de investigação mais densa foi o cancro de estômago, apesar de ter começado pela tiroide. Porque é que este tipo de cancro lhe interessou mais?
Foi mais ou menos assim aquilo a que se chama a perceção do lugar e da oportunidade. Muitas vezes, a investigação é condicionada por aquilo que é a tentativa de ajudar a esclarecer e a avançar o conhecimento em problemas que são relevantes para o país, ou para um grupo profissional, ou para o que for. Quando vim para cá comecei a fazer investigação em cancro da tiroide com o professor [Manuel] Sobrinho Simões. Uns anos depois (não muitos) tornou-se claríssimo que um dos problemas que Portugal mais tinha era o cancro de estômago, e ele redirecionou a equipa mais jovem para se focar nessa investigação. É tão vasto o domínio da possibilidade de investigação que, se as pessoas estiverem a fazer trabalhos paralelos que se completam, beneficiam com isso. E quem diz cancro de estômago diz cancro da tiroide. O professor Sobrinho Simões entendeu que as pessoas [que se dedicaram ao cancro de estômago] deviam ir para o estrangeiro ter experiências profissionais, e eu não pude porque os meus filhos nasceram nesse período e uma pessoa tem de fazer opções na vida.
Em relação ao cancro, o que é que ainda está por esclarecer junto da maior parte das pessoas?
O que as pessoas perpetuam é, no fundo, fruto da sua vivência. Se eu estiver a falar do cancro em geral é uma coisa, se eu estiver a falar "do meu cancro" é outra. E portanto "o meu cancro" é uma catástrofe, o cancro em geral é cada vez mais uma doença crónica. Conhece-se cada vez melhor como se origina o cancro, como se pode preveni-lo, como se controla a sua progressão, como se fazem tratamentos da mais diversa natureza, quais são os melhores médicos em diagnóstico – [variáveis] que fazem com que uma doença que há um tempo tinha um percurso e uma saída muitas vezes letal, hoje em dia seja possível tratar e controlar, tornando-se uma doença crónica. Há tipos de cancro que continuam a ter uma agressividade grande, há outros que se podem curar totalmente. Basta que sejam intervencionados precocemente. Mas tudo isto é muito bonito nos outros, quando falo "no meu cancro da mama", já é uma história diferente. Vivenciamos do ponto de vista dos afetos em função dos que são atingidos e portanto temos de não perder a noção da realidade. As pessoas ouvem muitas opiniões e não sabem onde procurar a informação, fazem muita informação de consulta não guiada na Internet. Às vezes é prejudicial, mas também é inevitável. Eu já passei por várias situações de acompanhamento de pessoas com cancro e é sempre complicado. É preciso educar para a saúde, temos um Ministério da Saúde que só trata da doença. As pessoas deviam ter noção que antes de mais devem ter um médico de família, que é quem melhor nos conhece e que pode ajudar na prevenção.
Tem um particular interesse pela questão do cancro hereditário. É verdade?
Há cancro hereditário de muita natureza e esse é aliás um dos casos que mais me interessa atualmente, particularmente o cancro hereditário de estômago. O que acontece neste tipo de cancro é que um dos progenitores, o pai ou a mãe, tem um defeito genético que transmite à descendência. Nestes casos, deve ser dada aos filhos a possibilidade de saber se são portadores do mesmo defeito que causa cancro na família. Há regras para cada tipo de cancro. É preciso ter muito cuidado com tudo isto, e por isso é que todas as equipas que tratam o cancro familiar hereditário são multidisciplinares e englobam todas as especialidades, incluindo psicólogos. Porque numa família em que há cancro hereditário (e pela pesquisa das alterações genéticas pode saber-se quem são os portadores) há também um peso para os não portadores, porque os não portadores são secundarizados na atenção. É muito difícil evitar uma assimetria de comportamento para aquele que tem a doença em relação ao que não tem. Se os portadores forem identificados, é possível oferecer medidas de prevenção e especificamente a remoção do órgão onde o cancro poderá vir a desenvolver-se (chamam-se cirurgias redutoras de risco ou profiláticas).
Como aprendeu a lidar com a morte?
Como médicos é óbvio que lidamos com a morte e quando fazemos diagnósticos sabemos que alguns têm esse desenlace quase inevitável. Como patologistas também lidamos com a morte, fazemos autópsias clínicas que nada têm a ver com as médico-legais, ligadas ao crime, à violência. O outcome natural da vida é a morte, é a única coisa que nós temos como seguro. A vivência da morte é percecionada, na minha perspetiva, como inevitável e é desejável que seja alcançada sem grande sofrimento. Para mim, gostava de ter uma morte súbita, mas nós não escolhemos a morte. Na realidade, é muito penoso acompanhar os passos que conduzem a uma morte com sofrimento, acompanhando a perda das suas capacidades progressivas, sabendo que no dia seguinte será pior. Isso é mais doloroso do que enfrentar a morte, porque ninguém escapa dela.
Foi eleita como a patologista mais influente do mundo. Esperava essa distinção?
Não, de todo. Porque isto corresponde a um reconhecimento que é dado por pessoas que através daquela iniciativa manifestam o apoio, portanto não houve nenhuma ação de promoção prévia. O professor Sobrinho Simões tinha sido a pessoa eleita em 2015, e até por isso era muito pouco provável que a eleição seguinte fosse distinguir novamente um português, e uma mulher. O que é que dá visibilidade? A minha trajetória foi muito feita através da Sociedade Europeia de Patologia e, neste âmbito, desempenhei praticamente todas as funções, desde ser membro do Conselho Executivo até ser Presidente (e atualmente chairperson do Advisory Board). Foram posições de muita visibilidade. Além disso, no âmbito da sociedade europeia, há muitas iniciativas que são de ensino e em locais dispersos, e eu sempre participei nesses cursos porque gosto muito de ensinar. Foi [uma distinção] surpreendente, pelas circunstâncias que assinalei, e que traduz algo mais relevante: a anatomia patológica portuguesa tem notoriedade internacional.
O que a tem feito sentir-se realizada, além desse mérito?
Muitos momentos. O primeiro trabalho publicado numa revista de referência é sempre uma enorme vitória. Participar nos livros da Organização Mundial de Saúde... Passo muito pela verificação de atos de que fica uma prova objetiva, e para os quais houve um envolvimento muito grande, porque todas estas coisas não acontecem do nada. Eu sei que há génios, mas eu sou uma criatura normalíssima [risos]. Mas trabalhei muito, com gosto, porque faço parte de um grupo de pessoas que adora trabalhar. Gosto imenso do que faço, não faço sacrifício nenhum, mas sei que trabalhei muito para ter atingido algumas metas e sei que o trabalho é compensador para quem gosta. Escolhi a atividade que tenho com plena consciência, apesar do sonho eterno de ser pediatra. A área que escolhi é um mundo, e [no meu caso] tudo começou porque eu um dia disse a um professor que gostava de fazer alguma coisa que juntasse ensino, investigação e clínica. E ele disse: "Isso é Anatomia Patológica."
Tem várias fotografias no seu gabinete em que é a única mulher entre homens. Nunca se sentiu discriminada?
Nunca me senti secundarizada. Não tenho nada esse complexo. Estas fotografias demonstram que há sociedades onde realmente as diferenças são grandes: por exemplo, nesta fotografia, que foi tirada a propósito de uma reunião do International Gastric Cancer Association (IGCA), há duas mulheres entre todos os homens. No ano anterior, esta gente toda estava num auditório imenso, todos vestidos de fato preto, e eu, lá no meio, parecia caída de paraquedas. No ano seguinte, já tinha havido uma conquista, já éramos duas mulheres [risos]… Para mim, o valor é o mérito, e é óbvio que não acho admissível que se tirem oportunidades a alguém por se ser mulher.
