Estudo mostra quais as embalagens de comida que transmitem químicos associados ao cancro da mama
Revelados os materiais que transferem para os nossos alimentos potenciadores de cancro da mama, do metal ao papelão, mas acima de tudo, o plástico - com 80% dos químicos cancerígenos encontrados num novo estudo.

Não devemos aquecer comida em recipientes de plástico, pois liberta microplásticos, devemos estar atentas a que tampões usamos, pois têm químicos intoxicantes, devemos olhar para os ingredientes dos produtos de cosmética para ter a certeza que não reconhecemos nada nocivo, enfim, os perigos para a saúde são infinitos, apesar de vivermos numa sociedade altamente regulamentada. Agora, um novo estudo da Food Packaging Forum, publicado recentemente, revela que o plástico que embala muito da nossa comida, incluindo fruta e legumes, transfere químicos provocadores de cancro da mama para a mesma.


O cancro da mama é o cancro mais diagnosticado em mulheres e a principal causa de morte quando associadas ao cancro. Baseado no trabalho da KC, foram recentemente identificadas mais de 900 substâncias potenciadoras de cancro, tanto diretamente, como por ativação de hormonas que podem vir a desenvolver cancro da mama. Desses 900 químicos, este novo estudo encontrou 189 em materiais em contacto com comida: 143 em plásticos e 89 em papelão. Este tipo de químicos, além de estarem ligados à iniciação de cancros, estão também ligados ao crescimento, criação de metástases e resistência aos tratamentos de quimioterapia.
A partir dos processos mais recentes de investigação (2020-2022) dos processos de migração dos químicos, conforme utilizações habituais e realistas dos produtos analisados, concluiu-se a migração de 76 substâncias cancerígenas mamárias dos materiais das embalagens encontradas em todo o mundo. Das 76 substâncias, pelo menos 40 já tinham classificadas com algum tipo de perigo, por pelo menos uma agência de regulamentação, e 61 foram encontradas em produtos de plástico.
Apesar de o vidro ter sido a única superfície estudada que não continha químicos nocivos, e mesmo que os autores declarem ausência de conflito de interesses tendo em conta benefícios comerciais e financeiros, é importante notar que vários financiadores da Food Packaging Forum são vidreiros (Bucher Emhart Glass, Vetropack, Verallia, Vidrala and BA Glass).


A maior parte dos países tem regulamentação para proteger os cidadãos de químicos nocivos em materiais que estão em contacto com a comida, com alerta especial para substâncias que possam estar associadas a cancro. Ainda assim, os produtos analisados foram adquiridos em países da União Europeia, Reino Unido, Estados Unidos, China e Malásia, destacando falhas nos sistemas de regulamentação além-fronteiras. O Parlamento Europeu admitiu a ineficácia das regulamentações em vigor. A revista científica Frontiers aconselha que o alerta para repercussões negativas na saúde das pessoas devia ser o suficiente para poderem ser lançadas restrições à substância, sem a necessidade de exposição prolongada a químicos nocivos.
A diretora de Gestão da Food Packaging Forum afirma que "o potencial de prevenção do cancro através da redução dos produtos químicos perigosos na vida quotidiana é pouco explorado e merece muito mais atenção."

Com estudos como este, as indústrias são encorajadas a mudar e melhorar as características químicas dos seus produtos, priorizando a saúde dos consumidores.
