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Como as dicas financeiras de videntes e astrólogos levaram a um prejuízo de €68 milhões — e ao fim de uma amizade

Amigas durante mais de uma década, Taylor Thomson e Ashley Richardson estão agora em tribunal por culpa de um investimento falhado em criptomoedas. Em causa estão perdas superiores a 68 milhões de euros e alegadas comissões ocultas.

Ashley Richardson (esquerda) e Taylor Thomson (direita)
Ashley Richardson (esquerda) e Taylor Thomson (direita) Foto: DR
25 de agosto de 2025 às 18:17 Safiya Ayoob

Durante mais de uma década, Taylor Thomson e Ashley Richardson foram inseparáveis. Conheceram-se em Malibu, tornaram-se amigas próximas e partilharam jantares, viagens e até decisões financeiras. Hoje, encontram-se em lados opostos de um processo judicial que expõe um enredo improvável: milhões investidos em criptomoedas, alegadas comissões ocultas e a influência de médiuns e astrólogos nas escolhas de investimento, que resultaram num prejuízo superior a 68 milhões de euros.

Quem são as protagonistas? Taylor Thomson, 66 anos, pertence a uma das famílias mais ricas do Canadá, com peso histórico na Thomson Reuters. Ashley Richardson, californiana, era a sua amiga de confiança e colaboradora informal em vários assuntos pessoais. Juntas, decidiram aplicar parte da fortuna de Thomson no token Persistence (XPRT), numa altura em que o mercado das criptomoedas parecia imparável. A aposta foi inspirada não por relatórios ou consultores financeiros, mas por conselhos de videntes e astrólogos.

Em 2021, o valor do portefólio de Thomson em criptomoedas, gerido por Richardson, chegou a ultrapassar os 100 milhões de dólares. Mas a queda abrupta do mercado, em 2022, reduziu esse montante a menos de metade. A herdeira diz ter perdido mais de 80 milhões de dólares.

Na versão de Thomson, parte da responsabilidade está na forma como Richardson geriu os fundos: acusa-a de ter feito centenas de milhares de transações arriscadas sem autorização e de ter recebido uma comissão secreta - cerca de 671 mil euros em tokens XPRT - paga pelo ecossistema Persistence.

Richardson rejeita as acusações. Alega que agiu sempre de acordo com instruções da própria Thomson e que nunca existiu contrato formal entre ambas. Afirma ainda que tomou decisões para tentar minimizar perdas, numa altura em que todo o mercado estava a colapsar.

Em junho de 2023, Thomson avançou com uma ação na justiça federal norte-americana contra Richardson e contra a empresa ligada ao token Persistence, exigindo pelo menos 21 milhões de euros em indemnização. Mais tarde, noticiou-se que Thomson e a Persistence chegaram a acordo, mas a batalha judicial com Richardson prossegue.

Na documentação entregue ao tribunal, já houve pedidos de medidas cautelares que não avançaram. Richardson, por seu lado, apresentou uma ação de contraprocesso por difamação, alegando que as acusações da antiga amiga arruinaram a sua vida pessoal e profissional€.

A relação de confiança que durante anos lhes permitiu misturar negócios com amizade transformou-se em trocas de acusações mútuas e mágoa pública. Segundo reportagens recentes, Richardson enfrenta agora dificuldades financeiras e chegou a conduzir para a Uber, enquanto Thomson mantém apoio profissional na tentativa de recuperar parte das perdas.

O que falta decidir? O tribunal ainda terá de determinar se Richardson abusou da confiança da herdeira ou se, pelo contrário, ambas partilharam o risco de forma consciente. 

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