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Ciência analisa pela primeira vez as vozes dos fadistas

Uma investigação da Universidade de Aveiro e do Instituto Politécnico de Setúbal

17 de março de 2016 às 14:48 Máxima

Alma e sentimento português desde sempre, Património Cultural Imaterial da Humanidade desde 2011, as vozes do fado foram pela primeira vez analisadas por um grupo de investigadores da Universidade de Aveiro (UA) e do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS). A caracterização das vozes pelos cientistas, que descortinou as vozes tipicamente graves e roucas e com vibrato mais fraco do que a dos cantores líricos, permite agora que os artistas tenham um apoio clínico, pedagógico e artístico à medida das suas necessidades. O estudo envolveu mais de uma centena de fadistas, entre homens e mulheres, profissionais de grande renome e amadores.

Vozes únicas no mundo das canções

O projeto, que recebeu o nome de "Vocologia do fado - Desenvolvimento da educação, saúde e performance dos cantores, professores de canto e clínicos da voz do fado", decorreu durante os últimos dois anos e contou com a colaboração das investigadoras da UA Inês Vaz e Soraia Ibrahim. O estudo analisou as vozes de 104 fadistas, 47 homens e 57 mulheres, 14 profissionais e 90 amadores.

"Os resultados revelaram que as vozes dos fadistas masculinos e femininos são acusticamente diferentes nas medidas de frequência fundamental e de perturbação. Estas medidas juntamente com o vibrato foram semelhantes para amadores e profissionais e para as várias idades. Por fim, o formante do cantor [projeção vocal] está raramente presente", aponta Ana Mendes.

Para traçar o perfil áudio percetual das vozes, as investigadoras criaram a EAVOZC: Escala de Apreciação de Voz Cantada com o objetivo de quantificar e qualificar com rigor parâmetros vocais como, por exemplo, a altura tonal, o timbre ou o brilho. Os resultados revelaram que as vozes dos fadistas masculinos e femininos são diferentes na altura tonal, na afinação e na rouquidão. Por seu lado, os fadistas profissionais apresentam maior afinação, emoção e precisão articulatória, assim como menor tensão que os amadores. A voz do fadista masculino é caracterizada por timbre escuro enquanto a do fadista feminino apresenta timbre claro e brilho.

"Não havia até agora nenhum instrumento que pudesse uniformizar a terminologia científica e artística e ser utilizado por professores de canto, terapeutas da fala, otorrinolaringologistas, cantores e todos aqueles que tenham interesse em caracterizar a voz cantada", refere Ana Mendes.

Carminho
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Cuca Roseta
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Carlos do Carmo
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As investigadoras Soraia Ibrahim, Ana Mendes e Inês Vaz
4 de 4 / As investigadoras Soraia Ibrahim, Ana Mendes e Inês Vaz
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