Seja em filmes de ação ou nas comédias românticas mais enternecedoras, Olga Kurylenko mostra um à-vontade inesperado. Seguimo-la agora em Esquecido e em A Essência do Amor.
Olga Kurylenko - Essência de uma atriz
14 de maio de 2013 às 06:00 Máxima
Pode dizer-se que Olga Kostyantynivna Kurylenko viveu o sonho. Descoberta aos 13 anos no metropolitano de Moscovo por um caça-talentos, trocou a vida austera do modelo de vida soviético pelo glamour das passerelles em Paris. Terá sido um feitiço lançado pelos seus olhos que oscilam entre o tom de avelã e o verde, os movimentos da uma silhueta precoce, o instante ocasional? Pouco importa. Seja lá o que for, depois de a observarmos, durante a nossa conversa em Londres e antes da conclusão do filme Esquecido, parece evidente que o sonho se impunha para esta belíssima atriz que tem tudo para ser uma estrela. Ela que queria ser médica...
Já no cinema, começou por dar nas vistas no papel de Camille, a charmosa Bond Girl de 007 – Quantum of Solace. Depois,mostrou que pode ser selvagem e letal em Centurião e no recém-estreado Os Sete Psicopatas. Entretanto, preparamo-nos para a seguir ao lado do recém-oscarizado Ben Affleck, em A Essência do Amor, do enigmático realizador Terence Malick, num filme belo e impressionista onde Kurylenko dá credibilidade a uma forma de amor lírico e espiritual.
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'As aulas de representação ensinaram-me a pensar sobre as palavras, a compreender um poemApós visionarmos alguns excertos do filme de ficção científica futurista Esquecido, em que Olga contracena com Tom Cruise, centrámos a nossa atenção numa conversa bem mais terrena. Percebemos como era a sua vida em Moscovo antes de ser descoberta e na espiral de emoções que passou a viver logo depois. O lado mais agradável é que miss Kurylenko tem evitado o lado mais negativo das celebridades. E até o seu romance com o ator Danny Huston tem sido discreto. Mesmo após o seu afastamento da moda, percebe-se pela atividade dos seus tweets que mantém uma grande proximidade com este universo: seja pelos sapatos Louboutin ou peças de roupa da designer Stella McCartney.
Tenho de dizer que depois de a ver acordar no filme Esquecido, após 60 anos de um sono criogénico, a Olga parece ter ficado impecável...
Eu sei, é fantástico, não é? É a nova tecnologia [risos].
É o futuro... Dormimos seis décadas e acordamos fresquinhos.
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Sim, veja o que está a acontecer: os cientistas têm mesmo de encontrar uma solução para nos dar a imortalidade. Vai ter muita piada...
Pois vai. Até porque usará uma maquilhagem que mantém a sua pele macia. Tal como no filme...
[Risos] Sem dúvida.
O que é para si mais divertido: Fazer cinema ou estar no mundo da moda?
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O cinema é mais divertido. É um trabalho mais intenso, mais difícil e requer mais pesquisa. Ao passo que uma modelo tem apenas de se colocar diante da câmara. Não há nenhuma preparação. O cinema é mais expressivo. Foi isso mesmo que me levou a trocar o cinema pela moda. Nas sessões de fotografia eu queria exprimir algo mais, mas diziam-me que era demasiado [risos].
O que queria fazer?
Queria fazer caretas e não me deixavam... [risos]
Sempre poderia deixar esse lado para a passadeira vermelha...
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Sim, mas aí sou eu própria. Limito-me a estar ali e a sorrir. Ao contrário da carreira de modelo, onde o sorriso não é necessário. No entanto, deixe-me dizer-lhe, diverti-me imenso enquanto fui modelo. Viajava sozinha, foi um trabalho ótimo, pois permitiu-me existir e entrar no mundo do cinema de uma forma gradual, pois tinha um outro trabalho.
Quando foi para Moscovo, aos 13 anos, tinha alguma ideia do que se seguiria?
Não fazia a mínima ideia. Foi um milagre o que me aconteceu.
Foi descoberta na rua?
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Não, no metro [risos]. Quem diria que alguém iria reparar em mim – é que o metropolitano de Moscovo é caótico... Aliás, Moscovo é uma cidade enorme, muito bonita. Curiosamente, com o metropolitano mais bonito do mundo. Foi algo que aconteceu: o melhor milagre da minha vida. É algo que sucede apenas em livros e filmes. E aconteceu-me a mim.
E o que pensava fazer da sua vida com 13 anos?
Queria ser médica [risos]. Teria sido divertido.
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Portanto, não pensava em nada que tivesse a ver com o mundo do cinema e do espetáculo...
Eu gostava de filmes, apesar de não ter visto muitos. Mas, na altura, só tínhamos a televisão soviética. Isto até a União Soviética se desmoronar.
Portanto, não via filmes de Hollywood...
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Não, não me lembro. E na altura não tinha ainda um leitor de cassetes de vídeo. Mas vi uma vez um ensaio de teatro na escola e fiquei fascinada. Achei logo que poderia fazer aquilo. Foi então que comecei a fazer teatro. A minha mãe, que trabalhava na escola, falou com a professora, no entanto, disseram-me que não, pois era ainda muito nova. Tive de esperar alguns anos. Quando completei os dez ou 11 anos voltei.
Achava que essa decisão era também uma forma de poder ter uma vida diferente daquela que tinha? E que lhe permitiria fazer coisas diferentes?
Na altura não sabia o que poderia ser diferente, pois tinha apenas cinco ou seis anos... Era uma miúda, por isso não sabia sequer que existiam outras coisas. Apenas ouvia algumas discussões entre o meu avô, a minha mãe e a minha avó. Às vezes, as coisas ficavam um pouco acesas, pois estavam em diferentes lados. É engraçado como dentro de uma família podemos ter visões tão diferentes.
A verdade é que lhe abriu as portas para uma maneira de entender o mundo.
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É engraçado que comecei a representar apenas porque achava que era divertido. Depois percebi como me permitiu aprender muito.
Quais foram as lições mais importantes?
As aulas de representação ensinaram-me a pensar. A pensar sobre as palavras e ir mais além, a compreender um poema. Ler as palavras, mas vê-las também. Foi só quando comecei a representar que percebi que existia um significado mais forte na poesia. Então descobri um mundo maravilhoso por detrás das palavras. Isso foi muito bonito.
E o que aprendeu no mundo da moda?
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Em si, o mundo da moda não me modificou muito, ainda que esse estilo de vida me tenha ensinado a sobreviver. Por exemplo, no cinema, as experiências mais breves poderão durar um mês, ao passo que as maiores poderão variar entre os seis meses e um ano. Isso é uma vida! No mundo da moda, grande parte das coisas passam-se em 24 horas. Uma viagem em que não dá para conhecer a cidade ou as pessoas. Não há tempo.
Deixou amizades no mundo da moda?
Não, infelizmente. É muito difícil fazer amizades. Talvez isso aconteça com outras pessoas. Há muita gente que passa tempo em eventos e festas, mas eu não. Sentia que não pertencia a esse mundo. Talvez por isso não conheça tantas pessoas nesse meio.
No caso de Esquecido, o que foi que a atraiu para este papel?
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O guião era muito interessante. Apesar de já termos visto outros filmes pós-apocalípticos, esta era uma história diferente, original. E é difícil encontrar algo novo. Fiquei agradavelmente surpreendida por isso. É claro que gosto da minha personagem, muito bem descrita, com alguma pureza e inocente. Não nego que era muito tentador poder trabalhar com o Joe (Joseph Kosinski, o realizador) e o Tom (Cruise).
Como foi conhecer e trabalhar com o Tom Cruise?
O Tom é incrível. É uma pessoa fascinante. Consegue fazer tudo o que quer na vida dele. No filme, era ator, produtor e muitas outras coisas. E como ator é fantástico. Um companheiro muito profissional e dedicado.
É claro que não via filmes de Hollywood quando era ainda muito jovem. Mas mais tarde lembra-se de ter visto algum filme dele?
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Claro, mas antes dos dez anos não. Talvez depois dos 15 anos.
O que pode revelar sobre a sua personagem em Esquecido?
Não muito. Digamos que sou uma sobrevivente que o Jack (Tom Cruise) encontra numa nave que se despenhou na Terra. Consegue tirar-me com vida e leva-me para casa dele. Só que o planeta está destruído e a vida tornou-se impossível. De repente, trago algumas questões sobre o passado... E mais não digo.
Sendo este um filme de ação, poderemos esperar alguma atividade física da sua parte...
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Sem dúvida. Corro, luto, ando de mota com o Tom, mas não guio.
Como foi filmar na Islândia?
Foi fantástico porque rodámos o filme num lugar onde existe apenas areia negra. É o chamado Deserto Negro. Mas a Islândia é um país muito verde e plano. Muito bonito.
Trabalhou recentemente com o Ben Affleck. Como foi essa experiência de contracenar com o homem de quem se fala?
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Sim, contracenámos em To The Wonder. Viu o filme?
Vi. São cenas muito tocantes.
Não é um filme que se compare com uma produção de grande orçamento made in Hollywood. Não havia guião, tudo era contado pelo Terry (Terrence Malick), através das suas próprias palavras. Dava-nos páginas de pura filosofia para interiorizarmos na personagem.
Como o descreveria? Ele que é talvez o realizador mais enigmático...
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O Terry é uma pessoa muito perspicaz. Consegue ver a verdade através de nós e perceber se conseguimos ser determinada personagem ou não. Para ele, o importante é o que dizem os olhos, as palavras não são tão importantes. Na audição, apenas filmaram os meus olhos. Não tive de dizer nada.
De facto, ao olhar para os seus olhos percebo que é difícil dizer-lhe que não...
[Risos] Obrigado.
Mantém o contacto com o Terry?
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Sim, depois de fazer Esquecido ele ligou-me para saber como eu estava. Lembrou-se de mim e ligou-me... [risos] Foi uma ligação que ficou.
No meio de todas estas experiências, até que ponto é fácil para si manter os pés assentes na terra?
É difícil, sim.
Consegue manter as suas características ucranianas?
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Na verdade, não sei de onde sou. Há, claro, a minha parte ucraniana, mas também a francesa e, mais recentemente, a inglesa, pois passei a viver em Londres.
Tem uma vida muito cosmopolita...
Sim, porque viajo muito. Nasci na Ucrânia, vivi em França, onde comecei a minha carreira; depois mudei-me para Londres, mas trabalho nos Estados Unidos. Por isso, não sei bem onde vivo. Supostamente deveria viver em Londres, mas não, porque estou sempre em rodagem.
Existe algum lugar onde se sinta verdadeiramente em casa?
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Acho que em Paris. Ainda que comece a necessitar de Londres, pois é algo recente, vivo lá apenas há alguns anos. Paris tem sido a boa parte da minha vida. Foram 13 anos. Para mim, a minha casa não é onde estão as paredes, é onde está a família e os amigos. Nesse sentido, Paris é a minha casa. É onde toca o meu telefone, onde recebo os meus amigos. É essa a minha família.
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2 de 6 /Cinto em pele e metal, tudo Balmain
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