ModaLisboa Base: a 65º edição vem questionar as fundações do sistema

A ModaLisboa apresentou esta quarta-feira, dia 10 de setembro, a proposta e programação para a 65ª edição, e há muito para descobrir. Começando pelo conceito, a Lisboa Fashion Week propõe como mote "Base": as fundações, aquilo que confere estabilidade, as estruturas invisíveis que sustentam, dão forma, suporte, e apoiam. Uma base resulta da acumulação de matérias, sabedoria e experiências ao longo do tempo; mas é também resultado de uma resistência. Ter uma base garante que algo permanece significativo e não desaparece tão facilmente, especialmente num mundo e numa era tão rápida e efémera. Por isso, para esta edição da Semana de Moda da capital portuguesa, importa tanto reconhecer o que está na base como compreendê-la enquanto força de resistência, lugar de poder e permanência. E em Moda, que é um sistema criativo, pensar a Base é defender a possibilidade de continuidade e apostar na durabilidade, porque sem bases há desequilíbrios e colapsos. 

É neste enquadramento, e em coorganização com a Câmara Municipal de Lisboa, que esta edição da ModaLisboa vai além de uma mostra da Moda de Autor nacional, e se propõe como uma plataforma-base para o ecossistema vivo que é a Moda; convidando a indústria, e todos os demais, a repensá-la como uma prática reforçada e sustentada por diversas camadas, materiais e económicas, por infraestruturas humanas e tecnológicas, e como um sistema que ultrapassa o plano unidimensional estético, possuindo também complexidades éticas, políticas e culturais. A edição ModaLisboa Base assume-se como exercício de crítica e projeção. 

Neste sentido, a proposta de programação é composta por criações, debates, ações e inovações que pretendem fundir novas bases no panorama nacional e internacional da Moda autoral e reforçar a Moda como prática cultural. Será uma semana cheia; para além das habituais apresentações, desfiles, conferências e workshops, vão existir diversos eventos paralelos.

Esta edição distingue-se pelas estreias e introdução de novos formatos, designers, marcas e prémios; e também por uma expansão geográfica a diferentes localizações para além do epicentro habitual do evento no Pátio da Galé. 

Começando pela inauguração da Fashion House, como um novo espaço multidisciplinar e de partilha, pensado para ser o ponto de encontro da Moda nacional. Esta nova morada, com lugar no Palacete Gomes Freire, é maioritariamente de entrada livre e conta com uma programação própria, com performances, uma pop-up store e um lounge.

No mesmo sentido, estreia também a iniciativa ModaLisboa na Avenida, uma parceria com a Associação da Avenida da Liberdade, que será uma extensão da programação da Semana de Moda da capital, e contará com cocktails e diversas intervenções culturais a divulgar em breve. 

Inaugurar-se-á a Workstation Design que irá ser o palco e estrutura base a marcas e designers emergentes, recebendo, em três desfiles, ARNDES, Bárbara Atanásio, Çal Pfungst, Francisca Nabinho, Gabriel Silva Barros e Mestre Studio. Este projeto contempla também um Prémio de Capacitação, destinguindo ARNDES, Bárbara Atanásio e Mestre Studio como criadores em ascensão, com um incentivo à afirmação da presença consistente no sistema, ao desenvolvimento e inovação dos seus modelos de negócio. 

Nesta edição a iniciativa SANGUE NOVO mantém a sua matriz anual, mas reforça-se com a implementação de novos prémios. Estreiam-se nove novas vozes do design emergente: Adja Baio, Ariana Orrico, dépaysement non-lieu, do Cruzeiro SEIXAS Eva, ELIO, Inês Almeida, Mafalda Simões, Mariana Garcia e Usual Suspect.

Para finalizar as novidades desta edição, será introduzido o novo Prémio ModaLisboa x Burel Factory.

Quanto às localizações, esta edição estende-se ao MUDE - Museu do Design, com 3 apresentações exclusivas: de BÉHEN e Olga Noronha, no sábado, e Nuno Baltazar no domingo. Mas o Pátio da Galé continua a ser a base das operações, onde se realizará o concurso Sangue Novo e onde se verão desfilar as criações de Alves/Gonçalves, 2B, Luís Onofre, Gonçalo Peixoto, Kolovrat, Carlos Gil, DuarteHajime, Valentim Quaresma, Dino Alves e Luís Carvalho.

Entre 1 e 5 de outubro de 2025, a edição ModaLisboa Base será um exercício de construção crítica sobre o que criamos, como criamos, com quem criamos, e a que custo. Crítica, porque interroga os alicerces do sistema criativo; e projeção, porque abre caminhos para novas linguagens, modos de fazer cidade e futuros da Moda.