“A ideia de estarmos destinados a conhecer uma única pessoa em todo o mundo é absurda”
Conversámos com o psicólogo britânico Frank Tallis sobre as histórias de pessoas que enlouqueceram por amor, descritas pelo próprio no seu livro.
Que ninguém para, todos sabem. Que não há tempo para nada, idem. Mas onde fica o amor no meio de todo o rebuliço que é a vida dos tempos modernos? Por um lado, são as propostas de trabalho imperdíveis que surgem noutras cidades (ou países); por outro, a situação financeira que obriga a viver em casa dos pais, ou o curso por acabar, ou mesmo outros sonhos por percorrer. Estas são algumas das razões apontadas por casais que vivem relações à distância, mas que, no entanto, continuam a acreditar que o amor supera qualquer quilómetro. E contam à Máxima como.
Madalena e Pedro
Madalena e Pedro namoram há seis anos, quatro dos quais a uma distância de mais de 300 quilómetros. Agora, com 21 e 22 anos, respetivamente, conheceram-se no décimo primeiro dela (segundo dele). Nunca pensaram muito no futuro, até que as escolhas universitárias assim o obrigaram. Madalena já tinha a certeza de que iria para o Porto e Pedro decidiu a subir a média durante um ano. Não entrou em arquitetura no Porto por meia décima.
Habituados a estar oito dias por semana juntos, estão agora dois, ou nem isso. "Contagem regressiva" e Facetime são algumas das técnicas para combater as saudades. Embora nem sempre seja fácil: "Tentamos sempre incluir-nos no dia a dia um do outro", afirma a jovem. "O Pedro é o meu despertador." Pedro lembra ainda que "é necessário ter uma boa gestão do tempo", pois não existe só a relação, mas também trabalho e o mais importante: a família. Quando chega o fim de semana, Pedro tenta distribuir a atenção pela Madalena e pela mãe, uma vez que os próprios pais vivem há 18 anos uma relação à distância – o pai em Lisboa e a mãe em Aveiro. Este exemplo só encorajou o jovem casal a acreditar que é possível ter uma relação com centenas de quilómetros a separá-los.
Mas esta estória não acaba aqui. Depois de quatro anos distantes, Madalena e Pedro vão agora aproveitar um ano juntos em Madrid, onde vão fazer Erasmus.
Isabel e Orlando
Casados há 18 anos, têm dois filhos, de 16 e quatro anos. Engenheiro mecânico, a profissão de Orlando sempre exigiu viagens regulares. Até que em 2014 recebe uma proposta que o faz mudar-se para Barcelona. A mulher, Isabel, continuou em Portugal com os filhos. Embora estivesse habituada às viagens do marido, explica que "há sempre uma dinâmica familiar que muda", mais ainda porque tinha acabado de nascer o segundo filho. Apesar de tudo, Isabel afirma que o fundamental é "encarar tudo com naturalidade". As chamadas telefónicas diariamente e o Facetime apaziguam a distância e, sempre que possível, Orlando vem passar o fim de semana. Isabel acrescenta que "as decisões são sempre discutidas e tomadas em conjunto", fundamental para qualquer relacionamento.