Do coronavírus à peste bubónica, estas são as 10 maiores doenças infeciosas que afetaram a humanidade
Após o primeiro caso de morte em Portugal por Covid-19, reunimos as doenças mais arrasadoras de todos os tempos.
Foto: Universal History Archive/Universal Images Group via Getty Images17 de março de 2020 às 12:30 Aline Fernandez
O novo coronavírus já foi considerado uma pandemia pela Organização Mundial da Saúde. A doença, que foi registada pela primeira vez na província de Wuhan, na China, espalhou-se pelo mundo e tomou grandes proporções, com quase 191000 casos e mais de 7500 mortes. Estima-se que o vírus Covid-19, que tem índice de letalidade de 2% – ou de 15% em pessoas com mais de 80 anos –, pode infetar até 70% da população mundial. Caso isso se confirme, e não sendo tomadas as medidas necessárias para contê-lo, a alta prevalência esperada colocará este coronavírus na posição de uma das maiores pandemias de todos os tempos.
Como comparação, reunimos as 10 doenças infeciosas que marcaram a história da humanidade:
Transmitida por um vírus, bactéria ou fungo, atinge cerca de um milhão de pessoas por ano em todo mundo. A meningite é uma doença causada pela inflamação das meninges, que são as membranas que protegem o cérebro e a medula espinal. Essa inflamação é habitualmente o resultado de uma infeção do líquido que se encontra em torno do cérebro e da medula. O desafio no tratamento da meningite é que, na maior parte dos casos, não se reconhece a doença nos seus estágios iniciais, pois os sintomas podem ser vómitos, náuseas, dores musculares, febre, cefaleia, extremidades frias e erupções cutâneas que persistem sob pressão. A meningite bacteriana, a mais grave e comum, causa cerca de 170 mil mortes em todo o mundo a cada ano.
A malária é causada por parasitas que são transmitidos aos humanos através das picadas de mosquitos fêmeas infetados. Uma vez no organismo, ele vão se multiplicar no fígado, atacando os glóbulos vermelhos do sangue. A doença não tem vacina, mas é evitável e pode ser curada. Em 2018, o número estimado de casos de malária no mundo chegou a 228 milhões, com 405 mil óbitos. A doença tem predomínio em África, com 93% dos casos e 94% das mortes. Apesar dos números altos, as mortes por malária caíram 42% desde o ano 2000. Bill Gates é uma das personalidades que tem investido, através da sua fundação, cerca de mil milhões de dólares em busca de uma vacina contra a doença.
8- Hepatites B e C
Uma hepatite é uma inflamação do fígado que pode ter diversas causas, sendo as mais comuns os vírus. As hepatites virais B e C afetam 325 milhões de pessoas em todo o mundo, com mais de um milhão de óbitos por ano. Também são as principais causas do cancro de fígado. A transmissão mais comum do tipo B é de mãe para filho ou por exposição ao sangue infetado, sendo possível haver transmissão sexual. Já a hepatite C é mais comum por contato com sangue contaminado, seja por transfusão ou drogas injetáveis.
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7- Cólera
A cólera é uma forma de diarreia infeciosa aguda que, se não for tratada, pode causar a morte em poucas horas. Ainda não foi erradicada e matou por desidratação entre 1817 e 1824 milhares de pessoas no mundo todo. Acredita-se que esta tenha sido, de facto, a primeira epidemia que alcançou todos os continentes. Espalha-se através da água e alimentos infetados pelo vírus, que são a principal fonte de de infeção. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, estima-se que, em cada ano, ocorram três a cinco milhões de casos de cólera, causando entre 100.000 a 120.000 mortes de uma doença que poderia ser erradicada com vacinação e saneamento básico universal.
6- Tifo
Após a Primeira Guerra Mundial, as condições de saneamento na Europa criaram um ambiente de miséria altamente propício para o desenvolvimento de doenças. O surto de tifo matou mais de três milhões de pessoas entre 1918 e 1922 e surgiu de pulgas que morderam ratos infetados. Os sintomas da doença são dor de cabeça e nas articulações, febre alta, delírios e erupções cutâneas.
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5- HIV
Desde a década de 1980, acredita-se que mais de 20 milhões de pessoas tenham morrido devido a complicações causadas pela Síndrome da Imunodeficiência Adquirida. Causada pelo vírus do HIV, que é transmitido sexualmente, a epidemia de SIDA continua a ser classificada pela OMS como um dos maiores problemas globais de saúde pública. Entre 2008 e 2017 observou-se uma redução de 46% no número de novos casos de infeção por HIV em Portugal e de 67% em novos casos de SIDA, segundo o mais recente relatório conjunto da Direção-Geral da Saúde e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge. Encontram-se notificados em Portugal 59913 casos de infeção por HIV, com diagnóstico entre 1983 e 2018, dos quais 22551 atingiram estádio SIDA.
4- Peste bubónica
A doença foi causada por uma bactéria presente em ratos pretos. As pulgas que morderam estes ratos entraram em contato com os humanos, transmitindo-lhes a peste bubónica, que causava febre, dores de cabeça, e vómitos e um inchaço enorme dos gânglios linfáticos, além de manchas pretas na pele. Estima-se que sta tenha causado a morte de mais de 50 milhões de pessoas entre 1343 e 1353 por toda a Europa, devido à falta de higiene, saneamento e práticas medicinais. A doença espalhou-se pela China, Médio Oriente e Rússia.
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3- Varíola
Assolou a humanidade desde os registos do faraó Ramsés II, que morreu da doença. A primeira vacina foi descoberta por Edward Jenner em 1796, mas foi erradicada apenas em 1980, após uma grande campanha de vacinação contra a varíola. Calcula-se que, só no período entre 1896 e a sua erracadição, cerca de 300 milhões de pessoas morreram por conta do vírus. Transmitida por via aérea, a doença causava uma série de verrugas cheias de pus no corpo do infetado e a taxa de mortalidade era de 30%.
2- Gripe Espanhola
Uma variação do vírus Influenza (comumente associado às gripes recorrentes e ao H1N1), cuja origem da mutação é desconhecida. é uma das doenças mais resistentes de todos os tempos. A letalidade da gripe espanhola foi de 6% a 8% durante o surto, e não se sabe ao certo, mas calcula-se que tenha provocado entre 17 e 100 milhões de mortos em todo o mundo, tendo infetado 27% da população mundial. Em Portugal, a gripe espanhola chegou a meio de 1918 e, em cerca de dois anos, dizimou dezenas de milhares de pessoas. Algumas zonas do país chegaram a perder 10% da sua população.
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1- Tuberculose
A tuberculose continua a ser um dos maiores problemas globais de saúde pública e, ainda hoje, morrem mais pessoas por tuberculose em todo o mundo do que por qualquer outra doença infeciosa curável. Por isso, a Organização Mundial de Saúde declarou a tuberculose como sendo uma emergência. Estima-se que surjam nove milhões de novos casos ao ano e que destes 1,8 milhões acabem por morrer. A doença atacou mais de mil milhões de pessoas em todo o mundo e é causada causada por uma bactéria – o bacilo de Koch. Só conseguiu ser eficientemente tratada pela penicilina, antibiótico descoberto por Alexander Fleming. Em Portugal, a taxa de notificação da tuberculose continua a diminuir a um ritmo que no último quinquénio atingiu 5,4% ao ano, segundo a Direção-Geral da Saúde. Em 2018 a taxa de notificação foi de 16,6 casos por 100 mil habitantes, sendo os distritos de Porto e Lisboa os com mais alta taxa de notificação e os únicos do País que se mantêm acima dos 20 casos por 100 mil habitantes, 25,3 e 23,7 respetivamente.
Foto: Mike Slaughter/Toronto Star via Getty Images1 de 10
Rapariga canadiana prestes a tomar a vacina contra a meningite, a 23 de fevereiro de 1989
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Foto: Phillip Ojisu/AFP via Getty Images2 de 10
A maior rede de mosquitos do mundo foi inaugurada a 18 de abril de 2000 em Abuja, na Nigéria. O país africano foi sede de uma cúpula sobre a malária com líderes mundiais
Foto: Carl de Souza/AFP via Getty Images3 de 10
Bebé é vacinada contra a hepatite B na Somália, país com uma das mais baixas taxas de imunização do mundo
Foto: Keystone/Getty Images4 de 10
Bebé toma vacina contra a cólera em Hong Kong, a 7 de agosto de 1963, após um surto no território autónomo no sudeste da China
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Foto: Margaret Bourke-White/The LIFE Picture Collection via Getty Images5 de 10
Enfermeira cuida de três crianças com tifo no Vatican Hospital of Holy Child, em 1944
Foto: Yvonne Hemsey/Getty Images6 de 10
Uma jovem recebe aconselhamento sobre a prevenção da SIDA, a 30 de outubro de 1986, no Centro de Tratamento e Diagnóstico da Renaissance Health Care Network, em Nova Iorque
Foto: Universal History Archive/UIG/Getty Images7 de 10
Uma gravura retrata o número de mortos nas ruas de Londres durante o surto da peste bubónica
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Foto: RDB/ullstein bild via Getty Images8 de 10
Vacinação contra a varíola em Zurique, Suíça, em 1955
Foto: Universal History Archive/Universal Images Group via Getty Images9 de 10
Enfermeiras da Cruz Vermelha em meio à pandemia de Gripe Espanhola em Washington DC, nos EUA, em 1918
Foto: Keystone-France/Gamma-Rapho via Getty Images)10 de 10
Distribuição de chocolates para órfãos tuberculosos pelas Irmãs da Ordem Franciscana da Imaculada Conceição, em Londres, Reino Unido, no século XX