Esta é uma pergunta que todos enfrentamos, alunos, professores, todos, ao longo do tempo e que, na realidade, é das maiores lições da prática. Ter uma lesão ou dor na articulação é momento para parar e sentir.
Falo por experiência própria. Confrontei-me com uma dor num joelho que me tem, ao longo destes meses, feito pensar muito. Em mim em primeiro lugar. E tenho aprendido, muito. Mais uma vez o yoga a ajudar a crescer.
Já sabemos que não é a parte física do hatha yoga que nos transforma, mas a presença que vem do esforço consciente em estar ali, naquele momento. Esta presença cura o corpo e treina a mente.
Posso dizer que é precisamente a dor e a lesão que nos guiam para esta maravilhosa descoberta do que é estar presente. Pode parecer um paradoxo, mas acredito mesmo que cada praticante de yoga tem uma dívida de gratidão para cada parte do corpo atingida. Porque, na realidade, (quase) todos temos mentes fortes que só em caso extremo ficam aptas a mudar. Os yogis sabem disso há muito. Tapas em sânscrito significa aceitar a dor como ajuda para a purificação, o yoga define a dor como seu mestre. Dor num nível muito mais profundo que obriga a ir ao fundo, ao coração do yoga.
A dor é, por isso, uma motivação para aprender alinhamentos saudáveis, melhor técnica e padrões de movimentos mais eficientes. Se a forma com que se aproxima de seu corpo físico leva a lesões e sofrimento, então está na hora de mudar com consciência. Muitas pessoas à primeira experiência de dor na prática de yoga, mudam de estilo… mas se a questão mais profunda da técnica e alinhamento não for abordada a mesma lesão só vai reaparecer mais tarde.
Como regra geral, praticantes de yoga nunca devem sentir dores nas articulações do corpo. As articulações são feitas para a mobilidade e precisam de espaço para dobrar. Os músculos são uma história diferente. Fazer um trabalho profundo numa área do corpo deve produzir um pouco de dor no dia seguinte. São as dores boas, como lhe chamamos por vezes.
O que fazer então quando tem uma lesão que o limita? Tenho o meu joelho com dores e tive de me confrontar com esta questão de novo recentemente.
É enfrentar o próprio ego. A mente detesta sentir que não pode, não gosta de confrontar-se com a falta de possibilidade, ainda ontem fazia e hoje já não faço, este tipo de pensamento que tão bem conhecemos. É o ego. Então deixe-o chorar, ir abaixo, sentir a impotência. Confronte-o com esse lado mais duro. Sinta todas as sensações que lhe acontecem. Raiva, depressão, ansiedade, deixar o yoga? Sinta a ilusão em que vive o seu ego e acredite que na batalha com ele está a fazer o mais belo trabalho no seu caminho espiritual.
É aqui que está o melhor tipo de dor, a de aprender a aceitar o caminho para a purificação. Se se libertar da sua mente-ego, passou a aceitar e a ouvir o seu corpo. Aprendeu a ser humilde e não apegar-se às realizações. Então fará as modificações necessárias e vai encontrar o espaço livre de aceitação e não apego, onde todo o crescimento e cura vai acontecer.
Namaste tribo saudável*