Madonna, a eterna rainha da pop
A artista atua este domingo, 12 de janeiro, no Coliseu dos Recreios em Lisboa, num concerto integrado na tour do novo disco, Madame X.
Há quem defina a sua voz como a junção de sonoridades como as de Tracy Chapman, de Sade, de Imogen Heap ou de Nina Simone, mas a jovem artista londrina Cosima Ehni, de 27 anos, tem uma identidade musical quase incomparável. De um modo tal que, em 2017, Iggy Pop elegeu uma das suas músicas, Un-Named, para a playlist semanal da BBC 6 Music, colocando-a a par de nomes como John Coltrane ou Velvet Underground. "Cosima é um nome italiano e significa ordem e decência", começa por nos explicar ao telefone, de forma amistosa, desde Nova Iorque.
Cosima cresceu no bairro de Peckham, no sul de Londres, com a mãe e com três irmãos. "A minha família não tem um histórico musical, mas a minha mãe tinha um gosto muito específico. Ouvia imenso a mesma música várias vezes e uma das primeiras músicas que me recordo de escutar com atenção, a capella, foi a Behind The Wall, de Tracy Chapman. Um dia, a minha mãe desfez-se de todos os seus discos e eu levei anos a encontrar essa música que me levou à minha infância." Em 2016, lançou o seu primeiro EP, South of Heaven, que é também o nome da editora discográfica que fundou, em 2018, para se tornar uma artista independente, deixando, assim, a Island Records. Confiante na voz e destemida nas ações (além da editora, compõe as suas músicas e edita os seus vídeos), Cosima experienciou uma adolescência difícil.
Numa entrevista recente ao suplemento Style do jornal The Sunday Times, revelou que sofreu de bulimia dos 11 aos 21 anos. Sobre isso, explica que quando era adolescente queria ser magra, mas que "hoje existe um culto do corpo diferente que celebra essa diversidade". E adianta: "É como se a ‘lista de compras’ tivesse aumentado. E a maior arte é conseguirmos ser a versão mais verdadeira de nós próprios." No mesmo perfil traçado pela jornalista Francesca Babb naquele jornal, Cosima Ehni conta que, aos 18 anos, decidiu ir viver com os avós maternos numa pequena vila perto de Estugarda, na Alemanha, para trabalhar numa panificadora, onde fazia pretzels à noite. Experiência que, de certa forma, decidiu o seu rumo profissional: nas horas livres do dia compunha as suas letras e com o dinheiro ganho na fábrica tinha aulas de canto clássico, uma vez por semana, com uma cantora de ópera reformada. "Descobri a minha voz e aprendi a usá-la. Descobri também que poderia ser tanto tenor como soprano e que poderia expressar-me através dela."
Dotada de um estilo tão particular e audaz como a sua voz, Cosima estagiou no projeto Model Sanctuary, da modelo Erin O’Connor, durante a semana de moda londrina, e também desfilou três vezes para a dupla portuguesa Marques’Almeida na semana da moda de Paris, tendo por aqueles designers uma admiração especial. mas a ligação a Portugal não fica por aqui. No início de 2019, o produtor e artista Branko revelou "Hear from You" com o dj Sango e voz de Cosima, que mais tarde transformaram num remix com o rapper português ProfJam.
Além dos recém-revelados singles Who do You Love?! e Close To You (Moonlighting), a artista promete um disco em 2020 e a crítica inglesa aponta-a como uma das rising stars do momento. Com quem gostaria de partilhar um palco?, perguntamos, como última curiosidade. "Humm… Com Barbra Streisand. Ou talvez não porque ficaria demasiado assustada! Faria, antes, um dueto com Kris Kristofferson, durante um espetáculo seu, em 1978."