Uma banda que se iniciou em 2004 mas que só em 2010 gravou o disco de estreia, Applause, os Balthazar são uma surpresa belga com uma sonoridade que é fruto da proximidade com os países vizinhos, o que permitiu a Maarten Devoldere, Jinte Deprez, Simon Casier, Michiel Balcaen e Tijs Delbeke criar algo, no mínimo, original. Em entrevista à Máxima, nos bastidores do Vodafone Paredes de Coura, Devolvere, um dos vocalistas, conta-nos um pouco da história do grupo. "Na verdade, já estamos juntos há metade do tempo das nossas vidas. "Começámos no liceu quando tínhamos dezasseis anos e até gravarmos o primeiro disco, em 2010, levamos um tempo à procura da nossa sonoridade. Fomos muito pacientes, mas em cinco anos acabámos por lançar três discos, e depois fizemos uma pausa para nos focarmos em projetos a solo." Anos depois do primeiro avanço, a banda apresenta Rats, e os dois álbuns acabam por ser distinguidos com o prémio de melhor disco, em 2010 e 2012, respetivamente, pelos Music Industry Awards (MIA).
Sobre o facto de combinarem géneros musicais tão diferentes como o neo-psicadélico, o electro-pop, o garage punk e o indie rock, Maarten Devoldere explica que "talvez por sermos belgas, por estarmos no centro da Europa - somos um país pequeno e não somos muito nacionalistas e isso leva-nos a que sejamos muito abertos a outras culturas…acabamos por roubar um pouco de todas as sonoridades e criámos a nossa própria mistura belga".
A novidade que trouxeram ao palco Vodafone FM foi o disco Fever, que surge depois de quatro anos de pausa para esta banda. "Uma das razões por que chamámos Fever ao álbum foi o facto de estarmos muito entusiasmados por voltar a juntar o grupo. É o nosso álbum mais celebrativo até agora, até porque quando se está a solo por um tempo tudo é muito mais pessoal e solitário, mais pesado… e com este disco quisemos fazer o oposto, algo mais extrovertido. É um disco muito groovy."
Sobre a globalização e a democratização da música, o artista belga de 33 anos diz que só pode ser algo bom para todos os artistas, sobretudo para a sua geração, que viveu os anos 2000, em que houve uma crise nas produtoras discográficas. "Nos anos noventa, era uma altura em que ainda havia dinheiro na música, mas no momento em que a banda começou era difícil, era preciso ter-se sorte para conseguir um disco. Hoje com a internet e com os streamings, é tudo mais acessível, é tudo muito democrático, nesse sentido", conta. "O mundo está a tornar-se um mundo pequeno, com a internet, e talvez as maiores diferenças entre os artistas europeus é o facto de serem muito influenciados pelos estilos europeus, o que nos diferencia da música que se faz na América."
Sobre a tour do disco mais recente, Maarten explica que a diversidade de culturas e de géneros de audiências podem ser muito díspares. "Na Bélgica, por exemplo, as pessoas são muito sossegadas, educadas, não se mexem nem dançam, mas depois são ouvintes muito atentos. Em outros países, por exemplo na Holanda, as pessoas conversam durante todo o tempo do concerto mas depois, no final, aplaudem durante dez minutos e mostram agrado. É estranho! Gosto do facto de durante as tours encontrarmos sempre audiências diferentes".
Quando pedimos para recordar um concerto inesquecível, o artista não hesita. "Uma vez, na África do Sul, tocámos num palco construído em cima de um lago que simplesmente ruiu durante o concerto e escorregamos para dentro de água, incluindo todo o material e instrumentos (risos). Enfim… depois de umas semanas conseguimos rir sobre com esse episódio".