Os filmes mais esperados do Festival de Veneza
A 74ª edição do festival de cinema começa esta quarta-feira com alguns dos filmes mais antecipados da nova temporada.
O argumento não é novo, mas continua a ser angustiante, duro e perturbador. Em 1962, Stanley Kubrick adaptou ao cinema a obra Lolita, o polémico romance de Vladimir Nabokov que conta a história de amor entre uma adolescente e um homem mais velho. Agora, Benedict Andrews traz do teatro para o grande ecrã a peça Blackbird, de David Harrower, numa narrativa que também cresce à volta de uma relação proibida entre uma menor e um adulto, mas também das suas consequências anos depois.
No filme Rooney Mara interpreta o papel de Una que, com apenas treze anos, é seduzida por Ray, um vizinho mais velho, protagonizado por Ben Mendelsohn. Depois de a violar e a deixar sozinha numa casa, Ray acaba por ser julgado e condenado. Anos mais tarde, começa uma vida nova com outro nome. Tem um trabalho, mulher e filhos, mas Una descobre-o, persegue-o e insiste em trazer de volta o passado.
Una atira-nos uma série de questões morais, enquanto o realizador mostra uma perspetiva quase neutra sobre temas tão delicados como o amor em casos de violência e o abuso sexual de menores. No filme nada é explícito, e a camara apenas sugere a existência de uma relação que também é sexual, mas é suficiente para causar desconforto - afinal, nada é forçado, e Una parece compactuar com os atos de Ray, que também diz nunca se ter apaixonado por outra rapariga da mesma idade. Mais cru e perturbador no desenvolvimento de acontecimentos, o drama vai evoluindo e arrasta-nos numa espiral de violência emocional até aos últimos minutos.