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Prazeres

Kelly Wearstler: “O design é o ponto de encontro de todas as minhas paixões”

Kelly Wearstler é uma reputada designer de interiores e talvez já fosse influenciadora muito antes do termo estar na moda. Revolucionou a decoração com os seus ambientes coloridos e ecléticos e com uma abordagem divertida ao glamour. De Los Angeles para o resto do mundo, a marca de lifestyle com o seu nome é uma referência incontornável.

Foto: Joyce Park
01 de junho de 2020 às 07:00 Carolina Carvalho

"Viver sem cor é como viver sem amor." Uma breve observação dos projetos da designer de interiores Kelly Wearstler (Mirtle Beach, Carolina do Sul, EUA, 1967) basta para saber quem é a autora desta frase. Em pequena acompanhava a mãe, uma negociante de antiguidades, a feiras e leilões e cedo começou a desenvolver um olhar curioso e, por isso, atento. Aos 18 anos partiu para Boston, onde estudou design gráfico e arquitetura na Massachusetts College of Art. Em 1994, mudou-se para Los Angeles para trabalhar na indústria do cinema, mais especificamente em cenários, mas percebeu cedo que não era esse o seu futuro. Serviu às mesas em restaurantes para pagar os estudos e sustentar-se em LA, até abrir a sua empresa, a Kelly Wearstler Interior Design, em 1995. No ano seguinte, o promotor imobiliário Brad Korzen pediu-lhe que decorasse uma sala para o Avalon Hotel, em Beverly Hills. O projeto foi um sucesso. Seguiram-se-lhe os demais espaços do hotel e, desde então, ambos concretizaram 10 projetos hoteleiros. Esta feliz parceria não se fica por aqui. Em 2002, casaram e têm dois filhos, Oliver e Elliot, nascidos em 2003 e em 2004. O trabalho imaginativo e, sobretudo, diversificado de Wearstler contribuiu para aumentar a lista de clientes e hoje, além de hotéis e de outros projetos conhecidos, como o BG Restaurant criado nos requintados armazéns Bergdorf Goodman, em Nova Iorque, em 2006, também detém clientes privados e, entre estes, algumas celebridades.

Kelly Wearstler confessa-se uma apaixonada por moda. A atitude destemida e o estilo eclético que caracterizam o seu trabalho também se refletem na sua apresentação. Começou a colecionar roupa vintage, aos 15 anos, e é fiel à sua identidade e escolhas. Dizem que a sua genialidade é a capacidade de fazer misturas e a própria assume que todo esse trabalho é muito intuitivo. A marca Kelly Wearstler está sediada em Los Angeles e é muito mais do que o estúdio de decoração, pois tem gamas de produtos próprios, como peças de mobiliário, de decoração, têxteis e papel de parede. Esta criativa tem sido premiada e também distinguida por publicações de referência como as revistas Time, Vogue e Architectural Digest, e pelo The New York Times. É também um dos talentos a dar aulas no site Masterclass.com. Em 2007, o casal Wearstler-Korzen adquiriu a casa de Albert Broccoli, produtor de cinema e dos filmes da saga 007, a qual se tornou a casa da família, em Beverly Hills. No seu mais recente livro, Kelly Wearstler: Evocative Style (Rizzoli), a designer de interiores abre as portas da casa recém-redecorada, assim como apresenta uma série de projetos recentes. O livro é assinado pela própria e por Rima Suqi, criadora de conteúdos e copywriter para marcas e publicações de luxo. Este é o quinto livro e o primeiro desde há uma década. Kelly Wearstler contou à Máxima o que torna o seu trabalho tão especial.

É descrita, muitas vezes, como destemida em relação à cor, ao ecletismo, às texturas… Como sabe quando um projeto está terminado?

O design é, em grande parte, intuitivo em mim. Cada projeto, seja ele um hotel, uma peça de mobiliário ou uma coleção de tecidos, é explorado com o mesmo processo de curiosidade, experimentação e paixão. Eu digo sempre que é preciso saber as regras antes de as quebrar. Acho que é importante pôr em prática as lições que se foi aprendendo para continuar a evoluir. Sabe-se que um projeto está feito quando se sente que ele está certo.

Explique um pouco do seu processo de trabalho criativo.

Para mim, o design [de interiores] é contar histórias. Quero contar uma história que é aventureira e cheia de alma em todas as escalas. Primeiro olho para a história, a localização e a arquitetura e tento honrá-las, mas puxando os limites, ao mesmo tempo. O meu processo é, em grande parte, intuitivo. Uma obra de arte, um tapete incrível ou uma peça vintage especial, qualquer coisa que faça as pessoas sentirem alguma coisa, é um terreno fértil para construir o resto da vibe. A arquitetura e o ambiente externo também são importantes na consideração de um espaço. As janelas são como peças de arte emolduradas que trazem elementos e cores do exterior para dentro. Eu faço tabuleiros de inspiração para cada sala como parte do meu processo. Dispor todos os elementos, texturas e cores de um espaço dentro de um único tabuleiro ajuda a visualizar o equilíbrio geral e o diálogo coeso.

Como mantém um olhar curioso e um trabalho surpreendente?

Ser destemida, assumir riscos e seguir a minha contínua curiosidade é o que orienta a evolução e o refinamento da minha estética, filosofia e desenvolvimento de design. Eu sou inspirada por tantos artistas incríveis, formas de arte, eras da História, texturas, padrões, materiais… É verdadeiramente interminável. Trabalhar com artistas e artesãos de todo o mundo é muito inspirador. Eu aprendo muito com eles e isso alarga os meus horizontes, e faz de mim melhor designer. Sou muito grata por passar cada dia a fazer algo que adoro. O design é o ponto de encontro de todas as minhas paixões.

A própria Kelly é uma fonte de inspiração. Há uma relação entre as suas escolhas de moda e o seu trabalho como designer?

Muito obrigada! Eu adoro moda e é uma grande inspiração para o meu trabalho como designer e vice-versa. Eu visto-me muito da forma como crio interiores. A minha estética sempre foi à volta da mixologia – a justaposição de contemporâneo e de clássico, de masculino e de feminino, de cru e de refinado. Importantes pontos vintage e de referência histórica com alma dão muito espírito a um espaço. Eu acredito que isto também se aplica ao estilo pessoal. O design é uma expressão da identidade, como a moda também é…

O livro Kelly Wearstler: Evocative Style é o primeiro em 10 anos. Fale-nos do conceito do livro e porque decidiu mostrar a sua própria casa?

"O meu novo livro Evocative Style (Rizzoli) é uma coleção de histórias de design que ainda não tinham sido contadas e de lindas fotografias dos meus projetos mais recentes. Sempre disse que os meus clientes eram a minha musa, com cada ambiente verdadeiramente distintivo e uma reflexão da minha evolução contínua e refinamento da minha estética, filosofia e desenvolvimento de design. Cada projeto foi pessoal, único e representou uma oportunidade para partilhar as minhas várias paixões. Um dos meus aspetos favoritos do design é a sua natureza imprevisível e publicar este percurso enquanto ele se desenvolve é muito entusiasmante para mim.

Eu incluí a casa da minha família no livro porque é o meu laboratório criativo onde desenvolvo e refino as minhas sensibilidades de design e soluciono peças de artesãos e de artistas que descubro, e pelas quais me apaixono todos os dias. A residência reinventada, originalmente construída em 1926 e que tem uma grande história de Hollywood, tem uma curadoria com base num conjunto global de peças únicas e importantes de mobiliário e arte."

Li que passou férias em Portugal, recentemente. Levou consigo alguma inspiração da capital portuguesa?

Sim, eu adorei Lisboa. É uma cidade tão criativa e inventiva e as pessoas são extraordinárias. Havia tanta história e modernidade juntas. Descobri esta linda coleção de azulejos portugueses vintage [Cortiço & Netos] que foi perfeita para um dos meus projetos de design, o novo hotel Austin Proper. Apliquei uma seleção de azulejos originais da década de 1960 numa parede de mosaicos costumizada no restaurante do hotel. Foi um souvenir muito cool…

 

A designer americana Kelly Wearstler.
Foto: Joyce Park
1 de 8 / A designer americana Kelly Wearstler.
Capa do livro Evocative Style, de Kelly Wearstler, editora Rizzoli.
Foto: Rizzoli
2 de 8 / Capa do livro Evocative Style, de Kelly Wearstler, editora Rizzoli.
A antiga cozinha do mordomo é o espaço de reflexão da decoradora, com vista para os eucaliptos no exterior. O espaço está cheio de flores em preparação para uma festa. Do livro Evocative Style, de Kelly Wearstler (Rizzoli).
Foto: Rizzoli
3 de 8 / A antiga cozinha do mordomo é o espaço de reflexão da decoradora, com vista para os eucaliptos no exterior. O espaço está cheio de flores em preparação para uma festa. Do livro Evocative Style, de Kelly Wearstler (Rizzoli).
Na casa de Kelly Wearstler. Sala com uma mesa em cerâmica vintage e bases em forma de troncos. Algumas cadeiras são dos anos 60 e foram encontradas num mercado de artigos em segunda mão, em Paris. Tapete escandinavo, peça de iluminação do estúdio Entler, em Los Angeles, e espelho do designer britânico Lee Broom. Do livro Evocative Style, de Kelly Wearstler (Rizzoli).
Foto: Rizzoli
4 de 8 / Na casa de Kelly Wearstler. Sala com uma mesa em cerâmica vintage e bases em forma de troncos. Algumas cadeiras são dos anos 60 e foram encontradas num mercado de artigos em segunda mão, em Paris. Tapete escandinavo, peça de iluminação do estúdio Entler, em Los Angeles, e espelho do designer britânico Lee Broom. Do livro Evocative Style, de Kelly Wearstler (Rizzoli).
Uma sala da casa de Kelly Wearstler, no capítulo Passion Project. Do livro Evocative Style, de Kelly Wearstler (Rizzoli).
Foto: Rizzoli
5 de 8 / Uma sala da casa de Kelly Wearstler, no capítulo Passion Project. Do livro Evocative Style, de Kelly Wearstler (Rizzoli).
Uma sala da casa de Kelly Wearstler, no capítulo Passion Project. Do livro Evocative Style, de Kelly Wearstler (Rizzoli).
Foto: Rizzoli
6 de 8 / Uma sala da casa de Kelly Wearstler, no capítulo Passion Project. Do livro Evocative Style, de Kelly Wearstler (Rizzoli).
Sala de um bungalow californiano que foi renovado para uma extensa casa moderna, no capítulo Vintage Voltage do livro. Segundo a decoradora, primeiro foram feitos ajustes subtis na arquitetura, há papel de parede com textura de linho em quase todas as divisões da casa, a paleta de cores consistiu em tons de azul, coral e creme, e o gosto do cliente por arte e escultura refletiu-se nas peças de mobiliário. Do livro Evocative Style, de Kelly Wearstler (Rizzoli).
Foto: Rizzoli
7 de 8 / Sala de um bungalow californiano que foi renovado para uma extensa casa moderna, no capítulo Vintage Voltage do livro. Segundo a decoradora, primeiro foram feitos ajustes subtis na arquitetura, há papel de parede com textura de linho em quase todas as divisões da casa, a paleta de cores consistiu em tons de azul, coral e creme, e o gosto do cliente por arte e escultura refletiu-se nas peças de mobiliário. Do livro Evocative Style, de Kelly Wearstler (Rizzoli).
Uma sala no primeiro espaço dos Proper Hotels em São Francisco, num edifício de 1904, Beaux-Arts na zona de Flatiron, no capítulo Cast from the Past. Do livro Evocative Style, de Kelly Wearstler (Rizzoli).
Foto: Rizzoli
8 de 8 / Uma sala no primeiro espaço dos Proper Hotels em São Francisco, num edifício de 1904, Beaux-Arts na zona de Flatiron, no capítulo Cast from the Past. Do livro Evocative Style, de Kelly Wearstler (Rizzoli).
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