Uma chief winemaker no meio das vinhas alentejanas
Anna Jørgensen viajou pelo mundo antes de se fixar, para já, na Herdade Cortes de Cima, no baixo Alentejo. Da sua passagem breve já saiu um vinho: chama-se DAQUI e é um vinho de talha como poucos.
Ana Rocha trilhou o seu caminho longe das vinhas da Vidigueira. E durante muitos anos só assim lhe fazia sentido. Mas em 2014 e aos trinta e poucos, algo mudou. Foi por esta altura que ingressou no negócio da família, a produtora de vinhos fundada pelo seu pai, dez anos antes. Como general manager da Morais Rocha Wines, os planos eram muitos, assentes sobretudo na premissa da inovação e do progresso da empresa. Mas havia mais: "Queria homenagear as mulheres, porque sou mulher e porque este meio é muito masculino e fechado", começa por nos dizer, num dia de outono, à conversa no pátio do prédio onde vive. "Os próprios rótulos são muito masculinos, apesar de cada vez mais mulheres irem às compras e serem elas a escolher o vinho…", destaca.
A ideia ruminava, mas foi unicamente quando viu Maria Seruya apresentar o seu trabalho Velhas Bonitonas – The Power of Old Ladies num programa de entretenimento matinal que se deu o clique. O convite surgiu de imediato. Marya Seruya apresenta-se como uma artista empreendedora na arte do envelhecimento feminino. É uma artista, sim, de formação e coração, mas também está envolvida em várias atividades educativas e de responsabilidade social, como nos conta durante a mesma conversa. Desde 2016 que pinta velhas, as suas velhas. "São sempre anónimas e imaginárias", revela. "Comecei por pintar velhas muito excêntricas, depois, com o tempo, fui-me interessando mais profundamente pelo tema", conta com uma voz de embalo ao mesmo tempo que desvenda como se debruçou pelo tema do idadismo – preconceito sofrido por alguém pela sua idade – e de como isso a levou a tirar um pós-graduação em psicogerontologia, no Instituto Universitário de Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida, em Lisboa.
"Recebi o convite da Ana de braços abertos. Nunca tinha pensado fazer um produto em que a história fosse o envelhecimento", recorda a artista. "Este é um vinho que com o tempo ganha qualidade, sabor. Um pouco como a mulher com a idade se torna mais sábia, autêntica, profunda". De facto, concordamos com Seruya, o envelhecimento pode ser algo empoderador.
Assim surgiu As Velhas, um Reserva Tinto DOC Alentejo 2017. No rótulo, três velhas bonitas representantes de três continentes, anónimas e muito seguras de si. É difícil escolher qual levar para casa. Aqui a Morais Rocha Wines facilitou-nos a vida. Só fazem sentido as três juntas e por isso são vendidas num pack conjunto (€44,50). Conhecemo-lo (ao tinto) no copo, cor intensa com aromas de frutos do bosque. O final é longo e teimoso, mas de uma forma elegante. Tem personalidade própria, pensamos durante a degustação. As castas? Alicante Bouschet, Syrah e Touriga Nacional. Doze meses em barricas de carvalho francês, pouco tempo se pensarmos que o processo total demorou três anos a ser concretizado.
Uma edição limitada a 500 packs que, senhoras, estão a voar. Encontre As Velhas em garrafeiras e lojas gourmet em Portugal fora ou entre em contacto com o produtor em vendas@moraisrocha.com.