Constança Entrudo, Ricardo Andrez e Maria Carlos Baptista. Designers portugueses encantam Paris
Os designers portugueses entraram no calendário da semana de moda de Paris e apresentaram as suas coleções para a primavera/verão 2022 de forma híbrida, entre desfile e instalações criativas. A Máxima acompanhou as exibições e falou com os três designers.

No Marais, em Paris, a energia que paira no ar é de positividade e alegria pelo regresso quase normal ao formato que conhecemos das semanas da moda. Constança Entrudo e Ricardo Andrez, que chegam pelo calendário de desfiles da associação ModaLisboa, e Maria Carlos Baptista, que vem pelo Portugal Fashion, apresentam na Galerie Joseph, e a sala enche-se de expetativa e do frenesim habitual num happening de Moda como este.


Entrudo é a primeira a abrir o evento. "O ponto de partida foi um livro N. H. Pritchard, um livro de poesia visual. Os poemas são todos desenhados nas páginas de uma forma bastante autêntica, a preto e branco. Comecei a pensar como podia desconstruir as peças, e se antes tinha usado sempre estampados a partir de imagens que já tinham as cores, o facto de ser a preto e branco foi muito desafiante" começa por contar à Máxima a jovem designer.

"De acordo com os materiais, comecei a fazer combinações de cor, associadas ao fresh do verão, voltar à normalidade. Este pop de cor está em mim, e se me contive na coleção passada, nesta voltei à cor e às combinações improváveis". A coleção resgata a técnica das linhas - uma assinatura pessoal da designer -, das camadas e dos "buracos" nas peças. "Desta vez o trabalho manual foi mais intenso, é mesmo isso que eu gosto de fazer. O facto de termos voltado à normalidade fez-me querer voltar ao atelier." Estar em Paris é importante. "Já vivi aqui, já trabalhei aqui, é uma cidade que me diz muito."


Maria Carlos Baptista

"A minha mensagem anda sempre à volta da polaridade homem-mulher, feminino-masculino, austero-frágil, celebrar a mulher e a sua força, a nossa dinâmica, e a nossa proatividade. Mátria representa o matriarcado, a força. E eu acho que essa manifestação visual é sempre precisa." Maria Carlos dá sempre primazia a dead stocks, materiais que à partida estão inutilizados e a que dá uma nova vida nas suas coleções.

"A primeira coleção que eu apresentei no Bloom, quando ganhei o concurso, trabalhei muito a questão da sustentabilidade. Como designer emergente, tento ter sempre isso em conta. Há materiais que eu já tenho há alguns anos em casa que eu fui buscar para fazer a coleção".

Ricardo Andrez

A coleção privilegia dead stock de fábricas, por uma questão de sustentabilidade, mas também um material térmico que muda de cor quando o vestimos. Achei super inovador e que se enquadrava com o universo que queria transmitir." Depois de uma pandemia, que também foi difícil para os designers, para Ricardo é um alívio apresentar em Paris, fisicamente. "É muito bom chegar ao fim e ter feedback real, e já fazia showroom em Paris, e sinto que é fundamental por ser a cidade que é a montra da Moda."


