Pedro Pedro apresenta uma reinterpretação de 1984 em Milão
A coleção do designer para a próxima primavera/verão é novidade, modernidade e fantasia. O desfile contou com a presença de Suzy Menkes, editora internacional da Vogue, que ver conhecer de perto o trabalho do português.

"As minhas referências vêm quase sempre do cinema", diz Pedro Pedro. Enquanto conversamos, as mil cores das suas peças, agora expostas num charriot metálico, forçam-nos a uma pausa. Querem ser vistas, tocadas, vestidas. É um caos visual, mas não podia ser mais interessante - a imagem é forte e o conceito sustenta-a com um ponto de vista.

Nesta coleção, que imaginou para a próxima primavera/verão e que acaba de apresentar no Museo Nazionale Della Scienza e Tecnologia Leonardo da Vinci, em Milão com o Portugal Fashion, o criador português quis partir da ideia de uniformidade para nos trazer o oposto - isto é, um grito pela individualidade. "A história que é contada em 1984 [a obra original de George Orwell, adaptada ao cinema em 1956 por Michael Radford e que agora também dá nome à coleção do designer] fala de uma norma, de uma sociedade apática, da uniformização das pessoas e das coisas", continua o criador, que diz que estes também são sintomas da contemporaneidade, que marcam uma fase que vivemos agora, que pede por mais originalidade e rasgos de criatividade, por ideias fora da caixa. O ponto de partida pode parecer cinzento, mas a concretização do conceito é uma explosão de tonalidades ácidas - é uma resposta utópica a um cenário distópico. "Peguei em malhas [as peças que diz serem as mais especiais da coleção] cor-de-rosa, verdes e amarelas, inspirei-me numa adolescência nos anos 90, no sportswear e no streetwear", explica.
Pedro Pedro admite que se descolou das cores neutras, recorrentes no seu arquivo, mas é esse trabalho de explorar o desconhecido que mais lhe interessa como designer. "Gosto de pensar nas minhas coleções passadas e em tudo o que ainda não fiz. Se fizer sentido naquele momento e encaixar no meu universo, é essa a pista que tento seguir", acrescenta. "Nunca me interessei por trabalhar rendas, por exemplo, mas pode ser que as inclua na próxima coleção. É esse o desafio, exigir um maior esforço e criatividade", resume. As suas maiores referências agora continuam a ser as de sempre - Phoebe Philo na Céline, Helmut Lang e Margiela. "Sou um minimalista. Quer dizer, agora pode não parecer, assim à primeira vista, principalmente quando olhamos para todas estas cores. Mas as bases estão lá", ri. Fala do corte geométrico (e impecável) das peças, das linhas depuradas, das formas a direito.

Além do tricot descobrimos nesta nova coleção outros materiais inesperados, como as musselinas e as gangas - ou o power suit que parece ser construído em papel plastificado e que deixou uma multidão a suspirar no minuto em que subiu à passerelle.

Antes do desfile, Suzy Menkes, editora internacional da Vogue, conversou com o designer nos bastidores. Queria saber mais sobre as suas expectativas e conhecer o trabalho do português, que lhe parece ainda mais relevante e interessante agora. A Condé Nast (grupo editorial que detém a Vogue) prepara a próxima Luxury Conferency, a acontecer a 18 e 19 de abril de 2018 no Pátio da Galé em Lisboa.

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