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Moda / Tendências

Olivier Rousteing diz adeus à Balmain

Nomeado diretor criativo aos 25 anos, tornou-se um símbolo de mudança na indústria ao ser o mais jovem a liderar uma grande maison desde Yves Saint Laurent e o primeiro homem negro a ocupar esse cargo em França. A notícia abre espaço para um novo capítulo na sua carreira — e para uma inevitável reconstrução do futuro da Balmain.

Olivier Rousteing sai da Balmain após 16 anos, marcando o fim de uma era na moda
Olivier Rousteing sai da Balmain após 16 anos, marcando o fim de uma era na moda Foto: AP
05 de novembro de 2025 às 17:55 Safiya Ayoob

Olivier Rousteing despede-se da Balmain após 16 anos à frente da casa parisiense, deixando para trás um legado que ultrapassa largamente as fronteiras da moda. Quando chegou à marca, em 2011, com apenas 25 anos, foi recebido com uma certa desconfiança pela indústria — demasiado jovem, demasiado ousado, demasiado diferente para alguns. Tornou-se, no entanto, o diretor criativo não fundador mais jovem desde Yves Saint Laurent na Dior, e, além disso, o primeiro homem negro a assumir a direção criativa total de uma casa francesa. A sua presença, o seu trabalho e a sua visão reconfiguraram muito mais do que o guarda-roupa Balmain; mudaram o modo como a indústria pensa sobre representação, identidade e poder.

Durante a sua liderança, Rousteing transformou a Balmain numa marca sinónima de glamour moderno, silhuetas esculturais e um sentido de confiança quase teatral. Nasceu, sob o seu comando, aquelo que se viria a chamar o “Balmain Army”: uma comunidade global que transcendeu fronteiras e que incorporou celebridades, modelos, artistas e seguidores digitais. Rousteing soube compreender a força das redes sociais antes de muitos dos seus pares e utilizou essa plataforma para aproximar a moda do público, convidando-o para dentro dos bastidores, revelando processos, fragilidades e sonhos. A Balmain de Rousteing foi simultaneamente espetáculo e sinceridade, luz e intensidade.

Mas o seu impacto não se fez apenas nas passerelles ou campanhas. Ao longo da sua carreira na etiqueta, Rousteing tornou-se símbolo de resiliência pessoal. Nunca escondeu as suas batalhas: o processo da sua adoção, a procura pela identidade, o acidente doméstico grave que o deixou com queimaduras severas e que revelou ao mundo com grande transparência. A sua história é também sobre cura, reconstrução e transformação — elementos que se refletiam, de forma subtil ou explícita, nas coleções que apresentava.

No , publicado no Instagram, Rousteing falou de amor, de família escolhida, de gratidão. "Nada disso teria sido possível sem a minha família escolhida, a minha equipa, o grupo e todas as pessoas que acreditaram em mim desde o início." A sua mensagem evidencia que esta não é uma ruptura amarga, mas sim o fim natural de um ciclo profundamente vivido. Agradeceu à equipa, ao fundo Mayhoola, que detém a marca, às pessoas que acreditaram nele quando ainda era uma promessa, e ao público que cresceu com ele, estação após estação. “Cheguei com os olhos bem abertos e saio com os olhos ainda bem abertos”, afirmou.

Agora, aos 40 anos, inicia um novo capítulo — e a indústria observa, expectante. Rousteing deixa Balmain com a marca de quem não apenas criou roupas, mas histórias. Histórias sobre pertença, beleza, força e diversidade. Não sabemos ainda qual será o próximo palco, mas sabemos, com alguma certeza, que continuará a moldar a moda de formas que ainda estamos a aprender a reconhecer.

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