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Moda / Tendências

Musas de outros tempos

Delicadas ou irreverentes, mas sempre femininas, elas influenciaram os designers no momento criativo e inspiram-nos a nós, todos os dias.

04 de dezembro de 2015 às 07:00 Máxima
"Algumas manhãs tocava o telefone no ateliê. Quando atendia, era Audrey que dizia: ‘Só te liguei para te dizer que gosto de ti'", contava Hubert de Givenchy à revista Vanity Fair espanhola no ano passado. E de quem falava ele senão da sua grande amiga e musa Audrey Hepburn. É preciso recuarmos até à época em que Moda era sinónimo de Alta-Costura e as salas de provas das maisons francesas tinham tanto de salão de encontro do jet set internacional como de confessionário, para saber quando começou a inseparável relação entre as divas e a moda e os seus criadores-estrela. Ao longo de décadas, o wall of fame de mulheres inspiradoras foi crescendo e os criadores da atualidade continuam a recorrer a ele, como provam as coleções deste outono/inverno, onde são notórias as referências a algumas das mulheres mais marcantes da cultura do século XX. Mas como é que procurar inspiração em alguém do passado se traduz numa coleção de moda para o futuro? O criador de moda Manuel Alves, da dupla Alves/Gonçalves, resume e diz que se trata de "agarrar nas imagens do passado e descodificá-las num vocabulário contemporâneo". Ora viajemos então no tempo para encontrar o que se vai usar nos próximos meses frios.
Musas em enciclopédia

Gisele Bündchen (Taschen, €500)

Este fotógrafo, que conheceu Marilyn quando ela era ainda uma aspirante a modelo chamada Norma Jean, traz-nos este livro recheado de fotografias e memórias pessoais antes da atriz se ter tornado um ícone.

O neto da famosa cronista e editora de moda reúne nesta edição os memoráveis trabalhos de Diana Vreeland na revista Harper’s Bazaar, onde trabalhou durante 26 anos, antes de se mudar para a Vogue.

A década de 70 parece ter vindo para ficar, quer nas cabeças dos criadores de moda, quer nos nossos armários, mas esqueçamos as calças à boca-de-sino e o cabelo da Farrah Fawcett, porque agora os anjos inspiradores são outros. Jason Wu, o jovem criador que já tem no currículo a direção criativa da Hugo Boss e mediáticos vestidos de Michelle Obama, está a tornar-se um dos herdeiros da luxuosa simplicidade americana. Para esta estação, confessou a Nicole Phelps, do style.com, a influência de Catherine Deneuve que se veio a traduzir, segundo a jornalista, nos casacos de pelo com cinto. Ainda pela Semana da Moda de Nova Iorque, Tommy Hilfiger decidiu festejar em grande o 30º aniversário da sua marca e arriscou transformar a passerelle num campo de futebol (americano), onde, além de uma assumida inspiração no desporto, desfilaram ainda looks bem femininos ao estilo de Ali MacGraw no filme Love Story (1970), em que contracena com Sam O’Neil. Na casa Balmain, Olivier Rousteing deixou-se influenciar pelas homenagens a Yves Saint Laurent no cinema e contagiou o seu ateliê com eletrizantes tons de amarelo, laranja e roxo sempre em contraste com o lado mais sedutor do eterno preto. Há ainda cinturas bem apertadas, calças largas e jogos geométricos. Qualquer semelhança com Loulou de la Falaise, musa e amiga do próprio Yves Saint Laurent, não é pura coincidência.
Continuamos a andar para trás e lá vamos nós ter com os inesgotáveis anos 60. Ainda não estamos cansadas de minivestidos e linhas retas? Não. Até porque Prada misturou ainda no seu brainstorming para esta coleção uns irresistíveis tons pastel e, porque os pormenores fazem a diferença, há também pregadeiras-joia, luvas compridas e delicados salto kitten. Juntou tudo e serviu na passerelle uma overdose de doçura e feminilidade. Há por isso quem diga que sopraram ares dos bailes de debutantes americanos dos anos 60 para esta coleção… mas com toda a certeza só podemos mesmo dizer que os tons pastel estão oficialmente na moda este inverno. Já Joseph Altuzarra deixou-se hipnotizar pelo charme místico de mulheres como Gloria Vanderbilt, Babe Paley, Slim Keith, ou como também são conhecidas: "os cisnes" de Truman Capote, o escritor que

Fizemos três perguntas a Manuel Alves, criador de moda e membro da dupla Alves/Gonçalves.

O que é que torna imortais mulheres como Loulou de la Falaise, Jacqueline de Ribes ou Diana Vreeland?

O estilo incomparável que criaram para si! Imagens repletas de um sentido estético único, personalizado por estas, e que as diferenciavam das restantes! A personalidade evidenciava-se associada a escolhas de vestuário que eram fruto de uma inteligência e um faro estético únicos! A linguagem corporal, a cultura como base do estilo...

Há mulheres hoje que suscitem este tipo de fascínio?

Raras! Mas temos casos como a Madonna, a Carine Roitfeld… No tempo atual, com a globalização, os meios de comunicação tornaram mais vulgar o invulgar! Os tempos são outros. Já não existe fascínio. Admiração? Talvez. Já ninguém está preso a um estilo único. Vão-se acertando com a rapidez que o sistema de Moda sugere. 

Quem são as mulheres que o inspiram a si?

Ninguém em especial e toda a gente que transgrida os códigos usuais, criando imagens singulares e de alternativa (na música e nas artes estão os exemplos mais interessantes). 

 

vivia rodeado das mulheres mais glamorosas do seu tempo. O criador de moda juntou às rendas e linhas sinuosas o marcante padrão Príncipe de Gales e poderosas golas em pelo. E já que se fala de poder, é uma boa oportunidade para referir a coleção da Marni, na qual Consuelo Castigliani quis criar uma feminilidade agressiva e misturou a inspiração no filme Hanna (2011), protagonizado por Saoirse Ronan, com as heroínas dos filmes de Hitchcock a preto e branco.

A navegar numa onda mais artística esteve Marc Jacobs que mergulhou no livro Diana Vreeland Memos: The Vogue Years (Rizzoli) e fez da mítica editora de moda da Harper’s Bazaar e depois da Vogue a sua musa desta estação. A coleção, que parece desenhada para divas, contou com padrões animais, pele, bordados e muito brilho numa elaborada mistura de texturas e os looks são compostos por camadas. Na casa Valentino, a doce melodia romântica que Maria Grazia Chiuri e Pierpaolo Pichioli tão bem sabem tocar com as suas criações voltou a encantar, talvez porque os criadores não escolheram apenas uma, mas sim duas musas: Emilie Flöge, mulher e musa de Gustav Klimt, e Celia Birtwell que, além de ser mulher do designer Ossie Clark, era também musa do artista David Hockney e ainda uma artista em nome próprio como designer de moda e de tecidos. E aproveitamos a boleia de Valentino para encerrar. Porque mais do que a própria coleção foi o final do desfile que mais deu que falar. Depois das modelos, desfilaram também pela passerelle Derek Zoolander e Hansel ou, melhor dizendo, Ben Stiller e Owen Wilson, os protagonistas do filme Zoolander II. Ao que parece, a sequela do filme de 2001 que goza com o mundo da moda está a ser filmada em Roma, a cidade berço da casa. O filme só chega aos cinemas em 2016, mas ficou no ar o teaser e a prova de que a moda continua a ter uma incrível capacidade para rir de si própria.  
Marc Jacobs
1 de 13 / Marc Jacobs
Balmain
2 de 13 / Balmain
Marni
3 de 13 / Marni
Prada
4 de 13 / Prada
Tommy Hilfiger
5 de 13 / Tommy Hilfiger
Altuzarra
6 de 13 / Altuzarra
Diana Vreeland
7 de 13 / Diana Vreeland
Diana Vreeland
8 de 13 / Diana Vreeland
Loulou de la Falaise
9 de 13 / Loulou de la Falaise
Jaqueline De Ribe
10 de 13 / Jaqueline De Ribe
Gisele Bündchen (Taschen, €500)
11 de 13 / Gisele Bündchen (Taschen, €500)
Diana Vreeland: The Modern Woman. The Bazaar Years, 1936-1962 Alexander Vreeland (Rizzoli, €53,25)
12 de 13 / Diana Vreeland: The Modern Woman. The Bazaar Years, 1936-1962 Alexander Vreeland (Rizzoli, €53,25)
André de Dienes. Marilyn Monroe (Taschen, €14,99)
13 de 13 / André de Dienes. Marilyn Monroe (Taschen, €14,99)
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