Melissa+Jeremy Scott: A campanha mais POP da temporada
Conhecido pela sua arte de reinterpretar ícones pop, Jeremy Scott criou seis novos modelos para a Melissa que já estão a dar que falar.

Jeremy Scott explica o porquê desta colaboração e do que fundamentalmente o inspira a criar peças únicas: - O Jeremy uniu a moda das ruas com o pop e o high fashion. Parece ser inspirado por rupturas, quebras de paradigmas. A Melissa respira isso. Como acha que os vossos trabalhos se complementaram nesta colaboração?
Eu amo oposições. Eu acho a energia criada entre elementos opostos muito inspiradora. Eu também amo distorcer a realidade e fazer do surreal, real. É isso que eu sinto que fiz com o meu Inflatable Mule: o ventil atrás faz com que ele pareça um brinquedo insuflável. Mas é um sapato funcional. O melhor dos dois mundos.
- No mundo da arte e do design, o uso de alguns elementos são escolhas para simbolizar algo ou lembrar algo, mostrar uma percepção. Na collab com a Melissa, o ícone usado é uma ventoinha, que lembra praia, sol, mar, diversão, calor. É para fazer sentido? Nesse e em outros trabalhos, esses ícones são escolhidos a dedo ou aleatoriamente?
Honestamente, eu brinquei com o facto da Melissa ser reconhecida por seus sapatos de plástico. Então forcei o conceito do plástico ao invés de o ignorar. Eu queria fazer uma brincadeira com brinquedos de piscina. No caso da Monkey Boot, por exemplo, ele parece uma boia que uma criança usaria na piscina.
- O que quer expressar com o seu trabalho?
Muitas coisas em momentos diferentes. Mas sempre gostei da ideia de colocar um sorriso no rosto das pessoas quando elas vêem o meu trabalho. E com sorte, surpreendê-las com algo que elas ainda não haviam visto.
- Você sempre foi um defensor da democratização da moda. Acha que a moda ainda está distante da massa? E quais os resultados que acha que essa aproximação pode causar?
Sim, tem razão. Eu sou o People’s Designer, afinal. Uma das razões que me fez querer colaborar com a Melissa foi porque eu amo o facto de os seus sapatos serem acessíveis. E eu queria compartilhar os meus designs com mais pessoas, então essa pareceu-me a maneira certa de fazer isso. Eu amo ver as pessoas a usar os meus designs. E que eles fazem parte da rotina delas. Para mim, isso é um grande elogio: criar uma peça de design que eu amo, e que ainda assim possa ser usada no dia-a-dia.
- O seu trabalho é quase como o de um tradutor cultural. Está sempre a par do que está a acontecer não só no mundo da moda, mas na música também por exemplo. "Ser um tradutor cultural". Esse é o papel de um designer?
Todo o designer tem a sua raison d'être. A minha sempre foi comunicar com as pessoas. Inspirar. E com sorte, abrir novas possibilidades.
Eu não costumo dissecar o meu processo criativo. Ele é muito natural. Eu só sinto as coisas e apresento propostas. Tento compartilhar meus pensamentos e sentimentos através dos meus shows e designs. O meu papel na indústria tem sido o de ser um pioneiro. De forjar um novo território trazendo novos conceitos e sentimentos.
- Acredita na moda como um vetor de mudança em comportamentos atualmente? Que tipo de mudanças?
A moda é muito mais poderosa do que o crédito que lhe damos. Por exemplo, eu acho que se você pensar em como a neutralidade de género se tornou uma grande problemática social e um tópico de discussão em todos os círculos, verá que a moda está sendo refletida como uma inspiração visual, um conceito. E esse conceito reforça uma ideia para que ela se torne realidade.
