Lady Dior by Sophia Loeb. Quando a pintura se transforma em objeto de desejo
Há peças que transcendem o estatuto de acessório e se transformam em ícones. A Lady Dior é uma delas. Criada nos ateliers da Maison, tornou-se símbolo de elegância e modernidade intemporal. Reconhecível pelo cannage gráfico e pela sua aura escultórica, a carteira é hoje palco de um diálogo permanente entre herança e reinvenção.

Desde há uma década, o projeto Dior Lady Art desafia artistas de várias geografias a dar uma nova forma a este clássico. Em 2025, a edição de aniversário da Lady Dior celebra dez anos de metamorfoses artísticas com nomes que vão de Marc Quinn a Inès Longevial, passando por Sophia Loeb – a artista brasileira que trouxe a fisicalidade da sua pintura para o universo da alta-costura. "A minha inspiração veio tanto da minha prática artística como das extraordinárias possibilidades oferecidas pelas diferentes técnicas artesanais da Dior", conta Sophia à Máxima. Recebeu o convite através da colecionadora Cathia Lawson Hall. A colaboração nasce, assim, de um encontro feliz entre a sensibilidade contemporânea da artista e o savoir-faire da Maison.

A obra de Sophia Loeb parte sempre do corpo, da fisicalidade do gesto e da materialidade da pintura. Nas suas telas monumentais – e também nas mais íntimas – encontramos correntes de cor, volumes em tensão, texturas quase escultóricas. É esse mundo que Sophia transportou para a Lady Dior. "Quis que cada carteira tivesse uma identidade única - uma identidade que ressoasse com a materialidade do meu trabalho de diferentes maneiras", explica. Não se trata apenas de um objeto visual, mas de uma experiência multissensorial. "As carteiras não são apenas objetos visuais, mas experiências táteis: a textura, os detalhes escondidos no interior, tudo contribui para uma ligação mais profunda com a obra." Esse detalhe secreto é uma das surpresas desta edição: ao abrir algumas das carteiras, descobre-se um interior completamente distinto do exterior, com composições de cor e textura inesperadas. "Encontrei nesta transformação escondida uma possibilidade extraordinária", revela a artista.

Trabalhar sobre um ícone como a Lady Dior não é tarefa leve. "O maior desafio criativo foi obrigar-me a explorar ao máximo as técnicas da Dior, mantendo-me fiel à minha prática", confessa Sophia. O resultado? Uma fusão entre o rigor da alta-costura e a liberdade do gesto pictórico.

Essa tensão entre herança e experimentação é precisamente o espírito da Lady Art. Nas mãos de Sophia, a mala transforma-se num prolongamento da pintura – portátil, sensorial, íntima. E, tal como no seu trabalho, o objeto sugere uma reflexão sobre a interligação entre seres, paisagens e sistemas universais.

Quando pedimos que resuma a sua versão da Lady Dior numa só palavra, Sophia não hesita: "Exquisite". O termo, escolhido em inglês, transporta a precisão e a delicadeza que atravessam o seu trabalho, como também a ideia de algo raro, quase intangível, que se descobre lentamente.

Ao fim de dez anos de colaborações, a Lady Dior continua a ser mais do que uma mala. É um território de liberdade, em que artistas como Sophia Loeb podem inscrever a sua linguagem e oferecer ao mundo peças que são, simultaneamente, arte e moda. Porque no fundo, como esta edição prova, a Lady Dior não é apenas intemporal: é inesgotável.

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