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Moda / Tendências

Donatella Versace faz a sua última vénia

A mulher que transformou a Versace numa referência global de luxo e ousadia deixa para trás um legado marcado por inovação, glamour e resiliência. Embora passe agora para um papel honorário, a sua influência na marca e na indústria permanecerá intocável.

Foto: Getty Images
13 de março de 2025 às 19:02 Safiya Ayoob

Depois de quase três décadas à frente da Versace, Donatella Versace despede-se do cargo de diretora criativa, encerrando um capítulo fundamental na história da marca italiana. A mulher que transformou a marca numa referência de luxo e ousadia passará a desempenhar um papel honorário como embaixadora principal, garantindo que o nome Versace continue a brilhar nos grandes palcos da Moda e da filantropia. A sucessão já está definida: Dario Vitale, antigo diretor de design e imagem da Miu Miu, assumirá a direção criativa a partir de abril de 2025. Pela primeira vez em quase 50 anos, a Versace deixará de ser desenhada por um Versace.

Foto: Getty Images

Nascida em 1955 em Reggio Calabria, Itália, Donatella Versace era a filha mais nova de uma família que já vivia e respirava Moda. O irmão mais velho, Gianni, era o visionário que fundou a marca e rapidamente a transformou numa potência global. Donatella, apesar de ter estudado em Florença, sempre esteve envolvida no negócio, primeiro como musa e confidente do irmão e, mais tarde, como responsável pela linha Versus. Mas foi em 1997, com a trágica morte de Gianni Versace, que Donatella foi empurrada para o centro das atenções.

Foto: Getty Images

O assassinato de Gianni, baleado nos degraus da mansão em Miami Beach, deixou a indústria da Moda em choque e a Versace sem o seu líder criativo. Donatella, que até então nunca havia desenhado uma coleção principal, viu-se subitamente à frente de um império avaliado em centenas de milhões de dólares. Os primeiros anos foram difíceis. "Durante os primeiros cinco anos, senti-me perdida… cometi muitos erros", confessou ao The Guardian em 2017. Mas, com o tempo, encontrou o seu próprio caminho e consolidou a identidade da marca, mantendo viva a extravagância barroca que Gianni havia criado.

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Donatella não só desenhou para a Versace, como se tornou o seu rosto. Com os seus cabelos loiros platinados, maquilhagem marcante e um estilo que reflete na perfeição o ADN da marca, foi tanto designer como ícone. Sob a sua liderança, a Versace tornou-se sinónimo de glamour ousado, tecidos opulentos e uma atitude sem medo.

Foto: Getty Images

Uma das suas criações mais icónicas foi o lendário Jungle Dress que Jennifer Lopez usou nos Grammys de 2000. O vestido verde, com um decote vertiginoso até ao umbigo, tornou-se um marco cultural tão impactante que levou à criação do Google Images. Donatella sabia como transformar Moda em espetáculo e espetáculo em história.

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Ao longo dos anos, dirigiu campanhas estreladas por Madonna, Beyoncé, Lady Gaga e Gigi Hadid, e criou desfiles que eram verdadeiros eventos. Sempre soube rodear-se de supermodelos, pop stars e figuras de Hollywood, consolidando a Versace como uma marca de desejo e poder.

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Apesar do sucesso, a jornada de Donatella não foi isenta de desafios. No início dos anos 2000, a Versace esteve à beira da falência, e a própria designer enfrentou uma longa batalha contra os vícios. Mas, tal como a marca que liderava, Donatella soube reinventar-se.

A venda da Versace para a Capri Holdings (dona da Michael Kors e Jimmy Choo) em 2018 foi um dos momentos mais marcantes da sua gestão. Embora a empresa tenha perdido parte da independência, Donatella manteve-se como diretora criativa e continuou a impulsionar a marca com colaborações inovadoras, como a coleção com a pop star Dua Lipa. Em 2023, o governo italiano reconheceu a sua contribuição para a moda e cultura, concedendo-lhe a Ordem de Mérito da República Italiana, uma das mais altas distinções do país.

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Os rumores sobre a saída de Donatella começaram a intensificar-se após a Semana da Moda de Milão, em fevereiro de 2025. O desfile, que prestou homenagem a Gianni e à sua última coleção de 1997, foi visto como um sinal de despedida. Poucas semanas depois, a confirmação oficial chegou.

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"Tem sido a maior honra da minha vida continuar o legado do meu irmão Gianni", disse Donatella no comunicado de despedida. "Ele era o verdadeiro génio, mas espero ter um pouco do seu espírito e tenacidade." Apesar de deixar a direção criativa, assegurou que continuará a ser a maior defensora da marca. "A Versace está no meu ADN e estará sempre no meu coração."

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O impacto de Donatella na indústria vai muito além das suas criações. Foi uma das poucas mulheres a liderar uma casa de luxo, tornou-se uma defensora incansável dos direitos LGBTQ+ e inspirou gerações com a sua resiliência e audácia. O seu nome foi eternizado na cultura pop, de canções de Lady Gaga a filmes e séries como The Assassination of Gianni Versace, onde foi interpretada por Penélope Cruz.

Agora, Donatella dá lugar a uma nova era para a Versace, mas o legado permanece intocável. A mulher que transformou a tragédia em reinvenção, que fez da Moda uma afirmação de identidade e poder, despede-se dos bastidores, mas nunca do palco.

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