Into the blue
A ganga é um caso sério de longevidade e carisma. Além de um lugar cativo em todos os armários, beneficia da liberdade de se reinventar a cada estação e, para esta primavera, mostramos-lhe o que não pode perder.

Em agosto de 2017, a Levi Strauss & Co anunciou o regresso a casa de umas calças de ganga que acredita serem as mais antigas feitas para mulher, com a sua marca, datando doinicio da década de 1930, e às quais deu o nome de Viola. Segundo conta aquela empresa, a dona das mesmas era a então jovem Viola Longacre que as comprou quando era estudante universitária, tendo escrito o seu nome no forro de um bolso. Viola, que se tornou professora, morreu aos 100 anos de idade, em 2004. As calças foram descobertas por uma coleccionadora de peças vintage, no guarda-roupa de Viola, na Califórnia, e terão sido os seus únicos jeans. Quando Viola Longacre os comprou, demonstrando ser uma mulher de vanguarda, os jeans ainda eram estranhos no vestuário feminino. Foi em 1934 que a empresa fundada por Levi Strauss (Buttenheim, Alemanha, 1829 - São Francisco, EUA, 1902) criou as primeiras calças de ganga para mulher, as Lady Levi's. Hoje, entre a democratização e a banalização do vestuário, impõe-se o desafio de refletirmos porque razão os jeans ainda são algo parecidos com os de Viola (azuis, de cintura subida e com rebites em cobre para impedir que os bolsos se rasguem)?
Greta Statter, que representou a Promostyl (uma prestigiada agência que analisa e divulga, com antecedência, as tendências sociais e culturais, entre as quais as da Moda), em Portugal, trabalhou na divulgação das tendências internacionais e foi consultora de moda quando a expressão ainda nem existia no nosso país, faz um enquadramento histórico. "Há três palavras associadas a este tema e que são: denim, jean e indigo. Denim provém de ‘Bleu de Nimes’ [por de Nimes se pronunciar de Níme gerou, nos EUA, a corruptela denim] e jean deriva de ‘gen’, alusivo a Génova." Por sua vez, o indigo era a planta com a qual se fazia o tingimento azul. Explica Greta Statter que era nessas duas cidades europeias que se fabricava a ganga, a qual, na época, ainda era apenas uma tela de tal modo forte que era usada para velas de barcos, sendo também a matéria-prima que, pela sua resistência, Levi Strauss importava para os jeans que fabricava, patenteados em 1873. A associação histórica desta peça aos mineiros norte-americanos é bem conhecida, mas foram os cowboys que impulsionaram o lado cool que ela ainda mantém. O Cinema juntou o brilho necessário para a eternizar na história da Moda. "Nos Estados Unidos, as pessoas com mais posses, que tinham ranchos e que montavam a cavalo, nos fins de semana, começaram a usar jeans [nomeadamente as mulheres, na década de 30] também como uma forma de contrariar o dress code vigente. "Depois dos anos 50 e 60, houve uma juventude da qual fiz parte: os baby boomers. Tudo isso era uma forma de dar uma imagem para a juventude que não era uma imagem de moda, propriamente. Era de lifestyle, já naquele tempo."

"Depois, houve Hollywood com os seus filmes", recorda Greta Statter. As mulheres divulgaram as calças de ganga no Cinema. E exemplos não faltam: Mary Boland mostrou-se numas, em The Women, em 1939; Marilyn Monroe usou-as, em Rio Sem Regresso, em 1954, e em Os Inadaptados, em 1961 e Geena Davis e Susan Sarandon usaram-nas, em Thelma & Louise, em 1991. Quanto à Moda, Yves Saint Laurent terá dito que lamentava não ter sido ele a inventá-los e atribui-se a Louis Féraud a criação dos jeans marcadamente de moda, adaptados ao corpo feminino. Calvin Klein foi o primeiro grande designer a lançar uma linha, em 19789.
Em Portugal, também se pode observar este percurso de ascensão da ganga. Os jeans chegaram com o pronto-a-vestir, nos anos 60 e 70, e causaram furor através da boutique A Maçã que Ana Salazar abriu no início daquela segunda década, em Lisboa, com peças importadas de Londres. Não se estava na moda se não se vestissem jeans das marcas Levi’s, Lois, Wrangler ou Miura, caras para a época. Hoje, a portuguesa Salsa, uma marca criada em 1987, detém uma produção diária de cinco mil pares de jeans e alcançou uma projeção internacional que chega a 35 países, por todo o mundo. Afinal, depois de tantos anos a construir uma identidade única, os jeans não só ultrapassaram fronteiras como criaram a sua própria linguagem. Basta vermo-los nas ruas.

Azul Profundo
Transversal a qualquer estilo, e sem nunca sair de cena, a ganga nesta estação escurece e usa-se em look total. Com os anos 90 a servir de inspiração, a atitude é requisito obrigatório. Em tonalidades claras, a fórmula mantém-se.


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