Criada a partir de um simples desejo pessoal e impulsionada pelo entusiasmo espontâneo de amigos, a Tribosacs é hoje uma marca que alia design inovador, qualidade e um profundo respeito pelas raízes culturais africanas. O que começou como um projeto artesanal na capital moçambicana evoluiu para um negócio que cruza continentes, mantendo-se fiel ao design da capulana e à energia vibrante de Moçambique.
A origem da Tribosacs remonta a viagens pelo continente africano, quando Joana, uma das fundadoras, começou a imaginar um saco de viagem em capulana que fosse prático e bonito. "Queria algo diferente dos muitos que já se viam por lá", recorda à Máxima. O primeiro modelo foi costurado pela própria e finalizado por um sapateiro de rua. O resultado foi tão cativante que o primeiro exemplar nem chegou a ser dela. "Um amigo meu - que, por coincidência, é o marido da Inês [a sócia]– não descansou enquanto eu não lhe vendesse o saco." O sucesso foi imediato. O boca a boca fez o resto e, de repente, os amigos queriam todos um. "Deixei de conseguir ficar com os meus próprios sacos", conta.
O crescimento da marca levou Joana a considerar a expansão para a Europa, mas esse passo não fazia sentido sozinha. "A Inês era uma das maiores fãs da Tribo, a julgar pela quantidade de sacos que já tinha comprado!", brinca. Assim começou a nova etapa da marca, agora com uma dupla apaixonada pela ideia.
Se há um elemento que define a identidade da Tribosacs, é a capulana. Para Joana e Inês, este tecido não é apenas um material colorido, mas sim um símbolo cultural profundamente enraizado no quotidiano moçambicano. "Sempre associei a capulana às mulheres moçambicanas que conheci ao longo dos anos - fortes, resilientes e cheias de vida", partilha Inês.
Joana complementa com a sua própria vivência: "Foi com capulanas que carregámos os nossos filhos às costas, que os cobriu enquanto dormiam, que nos serviu de toalha de praia e até de mesa para receber amigos." Esse tecido, impregnado de memórias e significados, tornou-se a alma da marca.
Atualmente, existem muitas marcas que trabalham com tecidos africanos, mas a Tribosacs distingue-se pela combinação de design exclusivo e acabamentos premium. "Queremos que os nossos sacos sejam mais do que um simples acessório - que tenham identidade, que inspirem e elevem quem os usa", explica Inês.
A escolha das capulanas é um processo extremamente pessoal e intuitivo. "Compramos apenas as que realmente nos atraem, as que nós próprias gostaríamos de ter", revela. O objetivo é garantir que cada peça carregue não só uma estética vibrante, como também um significado emocional.
A produção começou de forma artesanal, mas o crescimento da marca trouxe desafios, especialmente a nível de materiais. "Muitas vezes, não conseguíamos produzir porque os materiais esgotavam e não havia previsão de reposição", lembra Joana. A solução foi transferir parte da produção para Portugal, garantindo maior qualidade e consistência nos acabamentos, sem perder a autenticidade e essência da marca.
O sucesso da Tribosacs não as fez parar de sonhar. Pelo contrário, a marca continua a evoluir, com novos produtos e uma preocupação crescente com o impacto social. "Vamos lançar sacos para tapetes de yoga e pilates, algo que já tínhamos feito no passado e que agora aperfeiçoámos", adianta Inês.
Mas há uma ambição ainda maior: contribuir para mudanças concretas em Moçambique. "Sempre tivemos a preocupação de gerar impacto social, mas queremos estruturar melhor essa iniciativa", afirma Joana. A marca planeia colaborar com comunidades rurais de mulheres que trabalham na cadeia do algodão, criando oportunidades e promovendo a transformação social. "Queremos tecer com elas um futuro com mais dignidade", conclui.
A Tribosacs não é apenas uma marca de sacos. É uma ponte entre culturas, um tributo à força das mulheres moçambicanas e uma celebração da identidade africana. Cada peça carrega consigo um pouco de Moçambique, não só na estética vibrante da capulana, mas também no espírito de resistência e criatividade que define a marca. Com um crescimento sustentado e uma missão cada vez mais clara, Joana e Inês continuam a levar a Tribosacs mais longe, sem nunca perderem de vista o lugar onde tudo começou.