Há mais uma casa de luxo a ser acusada de atividades ilegais e conduta antiética. Esta segunda-feira, a Loro Piana foi posta sob administração judicial durante um ano por suspeitas de exploração laboral na sua cadeia de fornecimento. O processo, a que a Reuters teve acesso, insere-se numa investigação que começou em 2023, focada no universo dos fornecedores sub-contratados pelas casas de luxo em Itália.
Num comunidado de imprensa em resposta à investigação, a Loro Piana — que pertence ao império LVMH —responsabiliza um dos seus fornecedores de sub-contratar outros fornecedores para a produção de vestuário sem informar a empresa, o que representa "uma violação de obrigações legais e contratuais", lê-se no documento, citado pela Reuters.
A investigação que envolve a Loro Piana seguiu-se à detenção de um cidadão chinês, porprietário de uma unidade fabril nos subúrbios de Milão, acusado por um trabalhador de agressões, resultando em lesões que exigiram tratamentos que se prolongaram por 45 dias, e de lhe dever salários em atraso no valor de 10 mil euros.
Essa mesma fábrica estaria a aplicar semanas de trabalho de 90 horas, sete dias por semana, por 4 euros à hora. A polícia italiana verificou que os trabalhadores dormiam em quartos ilegais dentro da unidade, onde são produzidos algumas das peças de vestuário de caxemira da Loro Piana. Dez dos seus trabalhadores são chineses, cinco dos quais imigrantes ilegais.
O trabalho foi sub-contratado pela Loro Piana através dois fornecedores sem capacidade de produção, ao que a polícia italiana investigou. Os fornecedores contratados e sub-contratados estão a ser investigados mas, para já, a marca de luxo italiana não deverá enfrentar acusações criminais. A administração judicial de um ano poderá terminar mais cedo se a empresa introduzir na sua cadeia de fornecimento as exigências legais necessárias.