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Moda / Casamentos

Casamento em crise: o que fazer?

Liliana, 36 anos, Lagos

07 de outubro de 2015 às 12:05 Dra. Catarina Rivero

No último ano, tanto eu como o meu marido nos dedicámos muito ao trabalho, com muito stress vivido por cada um, de forma a tentar repor as nossas poupanças depois do pico da crise… o resultado foi um maior afastamento, menos tempo um para o outro (nem para estar com qualidade com restante família, incluindo filhos, e amigos) e mais tensão, silêncios e discussões. O ambiente está cada vez mais insuportável… Temo que não consigamos dar a volta. O que fazer?

Cara Liliana, as crises conjugais são sempre realidades difíceis de gerir e o primeiro passo é mesmo o casal dar-se conta para parar, refletir, e poder encontrar soluções.

São vários os motivos que podem levar um casal a uma fase de crise. Entre aqueles mais comummente surgem, e são referidos pela investigação, podemos encontrar o stress de trabalho, dificuldades financeiras, gestão da casa, entrada na parentalidade, sexualidade e relação com os sogros. De modo geral, um problema que emerge não será um fator exclusivo, já que as dinâmicas relacionais são complexas e são simultaneamente influenciadas por múltiplos fatores. Vários fatores de stress irão desafiar a harmonia conjugal, e a capacidade de ambos se conseguirem adaptar e reajustar de acordo com as exigências do momento. São assim questionadas pelas vivências a adaptabilidade e flexibilidade do momento, de forma a dar resposta a eventuais fatores emergentes.

Por vezes os casais dão-se conta que entram numa fase continuada de discussões e/ou silêncios. A equipa do investigador John Gottman, que tem vindo a investigar as relações conjugais por décadas, aponta quatro "cavaleiros" das discussões que, quando presentes repetidamente, podem por em risco uma relação, considerando a forma como ambos se colocam nesta situações de maior turbulência:

1. Crítica – Fazer críticas mais do que se queixar, ou seja, atacar o caráter do outro (podendo mesmo tentar humilhar), mais do que se centrar num comportamento específico de que não gostou;

2. Desprezo – Sarcasmo, cinismo, revirar os olhos, gozar transmite o tal desprezo que pode funcionar como veneno para uma relação, dificultando a reconciliação;

3. Defensiva – Manter uma postura de orgulho, à defesa, sem reconhecer responsabilidade pelo ato ou forma de falar, e sem conseguir pedir desculpa por algo que tenha feito, de forma a garantir que ‘o problema é o outro’;

4. Muro do Silêncio – Deixar o outro falar e ficar em total silêncio, sem dar qualquer feedback, pode ser outra forma de agressividade, impedindo uma vez mais a reconciliação.

Assim, muitas vezes a forma é mais importante que o conteúdo. E, na verdade, muitas vezes percebemos que o conteúdo da discussão não é assim tão relevante (não será a roupa suja no chão, ou a cozinha por arrumar que põem em causa a relação, mas a forma como o casal lida e gere esta situação). Todos os casais têm divergências e as discussões não têm de ser negativas… se terminarem com ações reparadoras (como um pedido de desculpa) e compromissos de futuro, com mais foco nos assuntos específicos do que em ofender o outro, orientando logo que possível a conversa para possíveis soluções. Gottman sublinha, por exemplo, que geralmente encontramos dois tipos de problemas conjugais: os problemas com solução (quando surge uma situação específica (questões de saúde, dinheiro, nascimento de um filho, etc) e é preciso encontrar soluções para aquela fase) e problemas sem solução (aqueles temas que levam a que os casais repitam as mesmas discussões por anos ou décadas, insistindo na tentativa de mudar o outro… será tempo de encontrar um compromisso considerando as diferenças em termos de perspetivas e/ou sensibilidades).

Reacender a chama passa muitas vezes por baixar armas e ver os pontos de ligação. O que vos une? O que é bom fazer em conjunto? Que sonhos conjuntos mantêm? Procurar alimentar o companheirismo, a sedução e erotismo, a ternura e admiração, para que cada um se possa sentir especial por pertencer a esta relação. Cultivar o sentido de humor a dois é também um excelente aliado de conjugalidades positivas! Expressar empatia, ouvir e procurar uma postura conciliadora. A página pode ser virada com uma conversa que seja facilitadora, menos preocupados com quem ganha, mais centrados nos ganhos comuns e no revalidar o sentido da vida a dois… e dedicando tempo à conjugalidade, como uma prioridade.

Naturalmente que nenhuma estratégia é infalível, e é importante definirem o vosso caminho, de acordo com o que faz sentido: seja o tipo de atividades que podem reencontrar, a forma de manifestar carinho, os sonhos que partilham ou de fazer com que o outro se sinta bem. E tempo e espaço podem ser necessários até encontrar um novo equilíbrio, considerando e solidificando as aprendizagens de mais uma fase de vida partilhada. Quando os ciclos de discussões parecem difíceis de resolver, e se fizer sentido a ambos, pode ser de excelente ajuda recorrerem a um Terapeuta Conjugal que vos poderá a ultrapassar esta fase mais desafiante.

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