Estas noivas tingiram os vestidos de casamento de cor-de-rosa para lhes darem uma nova vida
E se pudesse voltar a usar o seu vestido de casamento noutras ocasiões? Usá-los por um só dia está oficialmente fora de moda.
Em meados de outubro do ano passado, Nuno Abrantes encontrou-se com Leonor Borges pela primeira vez. Nesse dia, quando ainda estavam a conhecer-se, a modelo e atleta do Sporting falou com o criador de moda sobre o seu casamento, as emoções que imaginava para esse dia, o tipo de noiva que queria ser. "Estávamos à procura de criar um vestido elegante, mas desconstruindo um pouco a típica estética de noiva", recorda à Máxima o designer. "Queríamos que fosse especial, mas sem ser forçado."
Elegância, de facto, não lhe faltou. Ao longo dos últimos dias, a imprensa portuguesa encheu-se de imagens do casamento de Leonor Borges, de 22 anos, com o futebolista Tomás Reymão, de 26 anos, filho de Joana Lemos e Manuel Reymão Nogueira. A cerimónia aconteceu a 7 de junho em Tavira e reuniu várias figuras conheciadas. Bárbara Guimarães, Raquel Strada, Luisinha Oliveira (que foi madrinha da noiva) e o milionário Lapo Elkann, herdeiro do império Fiat e atual marido de Joana Lemos, estavam entre os convidados.
O vestido da noiva, feito à medida em crepe e seda, conjugou sofisticação intemporal a uma abordagem moderna e sensível. O corpete era estruturado, a cintura definida, a saia fluida, cheia de movimento. Além dos laços desconstruídos em grande escala, aplicados na zona das ancas, incluía detalhes como os bordados feitos à mão, entre eles uma estrela desconstruída, abstrata. "Foram inspirados, na verdade, na minha visão da história deles", explica-nos Nuno Abrantes, que os coseu de forma "bastante discreta".
Criador e noiva partilharam "muitos segredos" durante o processo criativo, que fluiu com leveza e intuição, mas não sem os episódios que, carregados de emoção e bom humor, caracterizam um casamento. "Houve momentos em que ela tinha pesadelos com o vestido", recorda. "Mas nós ríamos muito. Senti-me sempre livre e confiante no caminho que estávamos a seguir. A Leonor deu-me espaço e confiou muito no meu trabalho."
Para que o vestido pudesse ter uma segunda vida, o criador desenhou uma saia removível, que permitiu à noiva passar para uma saia curta, mais leve e descontraída, na altura da festa.
Quem é Nuno Abrantes?
Nuno Abrantes segue uma estética elegante e estruturada que é, simultaneamente, leve e feminina. "Gosto de formas simples, mas bem construídas, com uma presença impactante, mas sem ser exuberante." É esse o equilíbrio que procura, reflete, acrescentando: "E pronto, obviamente sou obcecado por tradições."
Não é só de vestidos de noiva que se faz o seu percurso. Tânia Ribas de Oliveira, Raquel Tillo, Rita Pereira, Margarida Vila-Nova, Mafalda Castro, Isabela Valadeiro, Dânia Neto e Soraia Chaves estão entre as celebridades portuguesas que escolheram o atelier Nuno Abrantes para pisar diversos eventos de red carpet com destaque mediático.
"Tive sorte de trabalhar com algumas figuras públicas que são muito especiais para mim. Mas o que procuro mesmo é a relação que se constrói. É isso que, efetivamente, consigo transpor para o vestido - e é por isso que gosto de criar peças de raiz", reflete. Como veio, então, parar aos vestidos de noiva? "Durante anos estive ligado a red carpets internacionais antes de abrir a minha marca, mas sempre adorei o lado emocional e a simbologia do dia do casamento."
Resolveu abrir um atelier por sentir que, em Portugal, havia uma lacuna a preencher em termos de design no universo dos casamentos, a que o criador "já tinha tido acesso" através da sua experiência internacional. Existem algumas similaridades técnicas entre os vestidos de noiva e os "gowns" de uma red carpet. O que os distingue principalmente é "o lado emotivo fortíssimo, que eu adoro e que é ótimo para criar, para desenhar, é inspirador [num casamento]", continua.
A vontade de "elevar as tradições portuguesas" está na origem dos detalhes que aplica a todos os seus projetos, entre bordados, motivos, elementos simbólicos da portugalidade. "Nós temos artesanato fantástico cá. Isso inspira-me bastante — e não fazia sentido ser de outra forma".