Quanto mais quente melhor

A história da moda encarregou-se de provar que nos vestimos para... depois despir. Relembramos os dez momentos e personagens mais escaldantes de uma indústria onde o sexo não é tabu. É uma tendência. 

Quanto mais quente melhor
26 de setembro de 2013 às 06:00 Máxima

Termómetro Máxima:***

O quente verão de 2003 da Dolce & Gabbana.

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Não é que seja discreta, mas a dupla italiana não deixou dúvidas de que o sexo está definitivamente na sua agenda quando, a 29 de setembro de 2002, em Milão, Gisele Bündchen abriu o desfile da marca com o seu habitual andar cambaleante. As outras “provas do crime”? Um vestido preto com atilhos inspirado no universo S&M e uma gargantilha XL onde se lia, para que não restassem dúvidas, a palavra “SEX”. Apesar de na altura ter sido amplamente discutido o grau de bom gosto deste visual, o facto é que, com apenas três letras, a dupla criou uma das suas peças mais icónicas, infinitamente copiada e, dez anos depois, ainda avistada em algumas bancas de Chinatown. No mesmo desfile, foram também apresentados visuais de inspiração masculina, mas desses, obviamente, não reza a história.

Termómetro Máxima:*****

Tom Ford e as campanhas XXX.

Desde os anos em que revolucionou a Gucci e a Yves Saint Laurent, o nome de Tom Ford esteve sempre ligado ao universo do sexo. E que melhor forma de comunicar esta mensagem do que com picantes campanhas que tomam cartazes e as principais revistas de moda? Sem sombra de dúvida, no top três dos momentos mais controversos do criador texano está a imagem publicitária da Gucci, de 2003, fotografada por Mario Testino, em que Ford esculpiu na zona púbica da modelo Karmen Kass o “G” da marca italiana. Com a prata fica a campanha de 2002 do perfume Opium, da Yves Saint Laurent, retirada do mercado britânico após a Advertising Standards Authority receber dezenas de queixas relativas à nudez pálida da modelo Sophie Dahl. Mais recente, mas não menos debatido, o lançamento do primeiro perfume masculino do designer, apresentado ao público com imagens em que o frasco surge entre as pernas ou o peito de uma modelo, foi também alvo de discussão. Não há dúvida: o sexo vende.

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Termómetro Máxima:**

Brooke Shields e as suas Calvin Klein.

Também na moda, a máxima “não há má publicidade” faz sentido. E foi na esteira deste chavão que, em 1980, Calvin Klein se tornou um dos designers mais proeminentes da história do estilo. A bomba explodiu quando a então modelo Brooke Shields surgiu num anúncio televisivo da sua linha Jeans, afirmando: “Sabe o que há entre mim e as minhas Calvin? Nada!” Na altura, Shields tinha apenas 15 anos, o que inflamou um debate ainda atual sobre a moda e a sexualização precoce das suas modelos. “A controvérsia não me surpreendeu, pois tinha experiência neste assunto desde os 11 anos”, comentou recentemente a atriz ao The New York Post. “As calças estavam acima do meu umbigo e, apesar de ter a camisa aberta, não se via nada. Comparado com as coisas que tinha feito antes disso, estava de roupa de inverno.” E quem somos nós para discordar?

Termometro Máxima:****

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O renascimento das Vénus.

Por muito que a indústria o tente negar, nos dias de hoje, as modelos são magras. Por isso, é refrescante quando o padrão é quebrado, especialmente por mulheres cuja beleza é mais “real”. Com o corpo curvilíneo e o peito saliente, a holandesa Lara Stone e, mais recentemente, a americana Kate Hupton são dois desses fenómenos. A sua sensualidade e talento são tais que lhes permitem ter um magnetismo transversal, tanto reconhecido pelas revistas e marcas mais elitistas como pelo grande público.

Termómetro Máxima:***

Karl Lagerfeld e as noivas lésbicas, prontas para a adoção.

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É inquestionável que o couturier alemão, mesmo aos 79 anos, sabe criar um buzz em torno do seu trabalhado, estando completamente sintonizado com os tópicos quentes do seu tempo. Um dos seus statements mais recentes – e um dos mais poderosos – aconteceu durante a apresentação das coleções de alta-costura, em janeiro de 2013, quando Lagerfeld fechou o desfile da Chanel com duas modelos de mãos dadas, vestidas de noiva, acompanhadas por uma criança, num óbvio apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. “Nem percebo este debate. Em França, desde 1904, a Igreja e o Estado estão separados”, afirmou o criador à Associated Press.

Termómetro Máxima:*****

De visita ao sex club.

Mais ou menos óbvios, vários designers têm inspirado o seu trabalho no lado mais kinky do sexo. Nos anos 80, em plena era das supermodelos, Gianni Versace homenageou o S&M. Nos anos 90, Thierry Mugler justificou a imagem sexual da sua heroína idílica, dizendo: “Não faz mal a ninguém que as minhas mulheres pareçam que acabaram de ter sexo.” Mais recentemente, em 2011, a Louis Vuitton apresentou na sua passerelle poderosas dominatrix. Num verão em que o cabedal é tendência, tire também partido desta atitude. E relaxit’s just sex!

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Termómetro Máxima:**

O triunfo dos modelos pansexuais.

Pouco importa à moda se eles são eles, se elas são eles ou, mais concretamente, se elas são ou já foram eles. Que o diga Lea T, a modelo transexual brasileira que, em 2010, foi lançada para a ribalta após protagonizar a campanha da Givenchy. No mesmo ano, seguiu-se uma produção au naturel na edição francesa da Vogue e voilà: assim nasce uma top model com honras de capa em publicações como a Elle e a Love, onde surgiu a beijar Kate Moss na boca, tendo como manchete This Is Hard Core.

Igualmente popular, mas sempre fazendo questão de sublinhar o seu lado masculino, o modelo Andrej Pejic, esguio e com um cabelo loiro de fazer inveja a qualquer mulher, é um habitué nos desfiles e nas campanhas femininas. Mesmo com a sua testosterona. No entanto, o verdadeiro choque aconteceu quando, em 2011, os leitores da revista FHM, talvez na ignorância da verdadeira sexualidade de Pejic, elegeram o modelo como sendo a 98.ª mulher mais sexy do mundo. Incrédulos, os jornalistas da publicação, conhecida pela sua linha editorial machista, comentaram que “os designers apontam Pejic como sendo ‘a próxima grande coisa na moda’. Achamos que ‘coisa’ é a palavra certa”. Devido à controvérsia da afirmação, posteriormente a FHM publicou um pedido de desculpas.

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Termómetro Máxima:*****

Da Alemanha, sem pudor.

As imagens de nudez de Helmut Newton, já falecido, mas dificilmente igualável a preto e branco, serão sempre um marco na história da moda. Muitas vezes acusado de perverso e sexista, o apogeu do fotógrafo aconteceu nos anos 60, em Paris, e a sua estética inspirou o termo “Porno Chic”. Com este percurso pouco ortodoxo, foi com surpresa que o mundo recebeu a notícia de que Newton iria fotografar, em 1991, Margaret Thatcher. Numa versão mais chique que porno, claro.

Outra fotógrafa alemã que domina como ninguém a arte de criar imagens sensuais é Ellen Von Unwerth. Para além de já ter imortalizado as maiores estrelas de Hollywood em roupa diminuta (ou inexistente), assina também a série Olga (compilada pela Taschen), em que a modelo Olga Rodionova é o centro de imagens provocantes e plenas de luxúria. 

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Termómetro Máxima:****

Toma notas, Lady Gaga!

Junte numa mesma equação Madonna e Jean Paul Gaultier e o resultado – como na imagem em que Madonna veste um look topless do criador, num desfile de beneficência, em 1993, em Los Angeles – é bombástico. Muito antes da era das popstars descartáveis, já este duo quebrava as barreiras do preconceito, sempre com o sexo como condimento. O culminar desta sinergia foi o icónico soutien em forma de cone usado por Madonna em 1990, na digressão Blond Ambition, quando cantava Like a Virgin. Apesar de erradamente se associar o nascimento desta peça à cantora, Gaultier revelou em entrevista que o primeiro soutien deste género foi criado na sua juventude, para o seu urso de peluche, Nana. “Queria vestir bonecas, mas os meus pais diziam: ‘Bonecas, isso é para raparigas.’ Então criei o meu primeiro urso travesti.”

Termómetro Máxima:**

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Sim, aquela sola encarnada...

Já não são propriamente novidade, mas os sapatos fetiche de Christian Louboutin são um ícone de sensualidade sem prazo de validade. A sua invenção aconteceu por mero acaso, em 1992, quando o criador decidiu experimentar o verniz encarnado de uma das suas assistentes num protótipo. Uma ideia lumiosa já que, hoje, a marca vende mais de 700 mil pares por ano. Talvez a motivação das suas clientes seja a mesma de Marilyn Monroe: “Dê a uma mulher os sapatos certos e ela consegue conquistar o mundo.” Concorda?

1 de 6 / Quanto mais quente melhor
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2 de 6 / Desfile Dolce & Gabbana primavera/verão 2013
3 de 6 / Campanha da Gucci de 2003
4 de 6 / Brooke Shields
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5 de 6 / Lara Stone
6 de 6 / Kate Upton
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