Marilyn com a figura moldada pelos seus jeans de cintura subida? Kate Moss e os inseparáveis slim? Jane Birkin e os andróginos? Para cada uma, o seu corte fetiche e a denim attitude a condizer. Descodificação em cinco imagens.
MARILYN
O gosto da América
De onde vêm? Eram os queridinhos das pin-up, que os usavam bem justos e de cintura bastante subida, com uma camisola cingida ao corpo ou uma camisa aos quadrados atada com um certo arrojo por cima do umbigo ou simplesmente enfiada nas calças... Norma Jean Baker popularizou este estilo nas fotografias da sua juventude, como todas as raparigas bonitas dos anos 50 que adoravam posar encostadas a um descapotável... American dream e happy days!
A sucessora? Se Lana del Rey aparecesse com jeans seriam esses. Tal como o fazem January Jones, Katy Perry, Scarlett Johansson, e todas as meninas que trabalham, adoram as treggings (entre as leggings e os slim) deslavadas, que deixam os tornozelos e as sabrinas à vista... Amy Winehouse, em versão mais sombria, pertencia a esta categoria. As que gostam de moldar as suas curvas nuns belos jeans gastos fazem também parte desta família (mas há que guardar a badana, prometem?).
Que jean attitude revelam? Espera-se dessa segunda pele uma aura sedutora mas fresca, juvenil mas um tanto ou quanto provocante... É a escolha das mulheres que assumem as suas formas e têm alguma – muita! – vontade que se repare nelas. E têm toda a razão, mesmo que a postura se revele às vezes um pouco arriscada depois dos 27 anos. Marilyn, que manteve esse look e tranças em Os Inadaptados, ainda aparece aí perturbadora mas um pouco trágica...
A antítese? Os jeans boyfriend, sobretudo quando usados com algo largo na parte de cima e sapatos rasos.
Qual escolher atualmente? Os Norma Jean da JBrand.
OS QUE FAZEM UM TRASEIRO BONITO“Achas o meu traseiro bonito ?”, pergunta Brigitte Bardot em O Desprezo. A pergunta é crucial e, por vezes, os jeans podem revelar-se os melhores amigos da mulher. A leitora faz parte das que acreditam que a natureza é a única responsável pelo assunto? E que investir nuns jeans topo de gama (leia-se: caros, entre €200 e €375, ou até mais), de corte ultratrabalhado, é do domínio da fantasia? Stefanie Renoma, fundadora da loja Komplex Store (118, Rua de Longchamp, Paris XVIe) e da e-shop (www.stefanierenoma.com), que seleciona “os melhores jeans do mundo”, está evidentemente convencida do contrário (o que é normal). Mas ela apresenta argumentos que nos fazem refletir...
1. Não se compram à pressa. Experimentam-se com todo o cuidado. Não são todos parecidos; as grandes marcas rivalizam em truques e em peças reforçadas aqui ou ali para moldar, afilar, otimizar as nossas curvas. São elas que fazem a diferença. E se existem em todos aqueles tamanhos esquisitos (na Komplex, do 23 ao 33) não é para nos deixar doidas: correspondem aos meios-números nos sapatos com o objetivo de se aproximarem o mais possível das nossas formas.
2. Cada uma deverá obrigatoriamente encontrar “os” jeans da sua vida. Para aquelas que não são tão magras quanto desejariam, Stefanie recomenda, por exemplo, os Kelly da Citizens of Humanity, cujo cós está bem colocado e sobretudo não é demasiado descaído (evita o efeito pneu). Este modelo made in L.A., ligeiramente boot cut e com a dose certa de stretch, camufla na perfeição. Os Black Orchid L.A., outra marca de culto nos Estados Unidos, também fazem milagres.Se, pelo contrário, tiver um traseiro pequeno, os célebres JBrand com os seus bolsos bem posicionados (bastante altos), dando volume, são um valor seguro.
3. Os slim mantêm-se a estrela do género. E os que aumentam as formas das magras sem engordar as outras são os jeans Paige, criados por uma antiga top-model e muito conhecidos além-Atlântico (todas As Donas de Casa Desesperadas usam-nos nesta última temporada). O segredo? Pequenas pinças escondidas sob os bolsos, que moldam o que deve ser moldado.
FARRAH FAWCETT
Os boca-de-sino dos anos 70
De onde vêm? Por aqui, eram os queridinhos das espetaculares californianas com madeixas, de finais dos anos 70, sempre prontas a juntar-lhes uma sweat Ucla. Usavam-se à boca-de-sino, bem justos nas ancas, mas sem nada de hippie, por favor! A bela Farrah encarnava-os na perfeição, tal como Ali MacGraw na época de Love Story.
A sucessora? Vemos com muita frequência Claudia Schiffer ir buscar os filhos à escola assim equipada. Como bela loura, esbelta e saudável que é, encaixa-se perfeitamente neste estilo! É pena não ter um skate como Farrah! Katie Holmes ou Jessica Alba, que também não fazem ondas (só o seu efeito!), são igualmente adeptas destes para passear na cidade. Na rua, reparamos mais vezes em mulheres que os usam do que em raparigas. Sem dúvida porque a sua largura a isso nos obriga...
Que jean attitude revelam? Quem os usa procura estar na moda mas com dignidade, anos 70 mas não demasiado, sexy mas decente... Em suma, uma mulher dotada de uma certa maturidade fashion e verdadeiramente segura! Daí que vejamos neles umas calças de rapariga grande no sentido literal (atenção ao efeito “varrer o chão”!) e figurado.
A antítese? Os jeans de cintura descaída, propositadamente rasgados e sujos...
Qual escolher atualmente? Os Bond Trouser Flare da Notify.
JANE BIRKIN
Os andróginos cool
De onde vêm? Se bem que a sua inspiradora tenha ocasionalmente namoriscado com os jeans pata-de-elefante (período “Melody Nelson”), vimo-la vezes sem conta vestindo um modelo um pouco folgado e bem envelhecido. Usados como deve ser com uma camisola de caxemira bem grande, ténis Converse muito usados e cabelo despenteado... Um certo ar de maria-rapaz que foi adotado nas gerações seguintes. E um estilo boémio muito antes da moda dos brunchs no canal Saint-Martin.
A sucessora? Praticamente toda a gente pelo menos um fim de semana na vida! Todas as belas intelectuais que recusam o rótulo girly. E as belas quarentonas que fazem as suas compras de domingo em T-shirt American Vintage, sapatos de atacador Anniel e carteira a tiracolo na Merci. As atrizes despretensiosas como Sandrine Kiberlain e as estrelas americanas do tipo Heidi Klum ou Cameron Diaz, que se vestem com simplicidade fora do tapete vermelho. E também Charlotte Gainsbourg, claro. Mas isso é normal.
Que jean attitude revelam? Uma recusa da feminilidade exacerbada por peças reveladoras e pela quinquilharia. E um verdadeiro gosto pelo chique descontraído, o sensual sem afetação. Uma estética rebatizada desde então como effortless, easy e outros barbarismos anglo-saxónicos. O que diz muito sobre a sua modernidade...
A antítese? Os jeans engomados com uma camisa abotoada até acima.
Qual escolher atualmente? Os New Standard da A.P.C., usados um pouco largos.
KATE MOSS
Os slim
De onde vêm? Os jovens nem sequer imaginam que os jeans tiveram uma vida antes dos slim, popularizados por Kate Moss em meados dos anos 90. Em azul, mas mais vezes em cinzento ou em preto, ela deve ter quase tantos jeans como Imelda Marcos tinha sapatos! Há mesmo quem diga que são o novo jogging, sobretudo com botas UGG. Não deixa de ser verdade, mas é um pouco injusto: são também os jeans rock por excelência, não é verdade, Mr. Hince (ou seja, Jamie, o marido)? Keith Richards e Iggy Pop já os usavam nos seus tempos áureos.
A sucessora? Palavras para quê? Mil vezes enterrados devido ao regresso dos jeans largos, continuam a ser os reis incontestados à saída do liceu, do escritório ou da discoteca. De Alexa Chung a Kirsten Dust, passando por Sienna Miller, todas as it girls os usam ainda e sempre. As filhas e as mães e até mesmo as avós e as professoras!
Que jean attitude revelam? Hoje em dia, não desagradam à líder de opinião que Kate é, continuam a ser os jeans no risk. São, por isso, a escolha das jovens que não se preocupam demasiado e envergam o seu uniforme todo-o-terreno, que varia conforme o meio a que pertencem: slim e camisola à marinheiro para as meninas de boas famílias; slim e peles para as seguidoras da moda; slim e saltos-agulha para Rachida Dati...
A antítese? As calças sarouel da Liberty ou as carrot beges.
Qual escolher atualmente? Os Hannah de Siwy.
INÈS DE LA FRESSANGE
O chique de Saint-Germain-des-Prés
De onde vêm? Diretamente de Saint-Germain-des-Prés sem passar pelos Estados Unidos. Estreitos nas ancas e nos tornozelos, ou ligeiramente boot cut (évasés em baixo) ou, mais uma vez, básicos, dir-se-á que são os jeans smart, até mesmo burgueses. As mulheres que os usam têm muitas vezes também um belo Burberry no seu guarda-roupa. Chegam-nos dos anos 80 quando a própria Inès os realçava com um casaco Chanel. Hoje usa-os bem curtos com casaquinhos cintados, por vezes com uma dobra a deixarem ver as suas sabrinas de fivela Roger Vivier. E brancos no verão, mas desta vez com sandálias K. Jacques.
A sucessora? Todas as parisienses, tal como as imaginamos, muito altas e magras, caminhando a passos largos e sem chapéu de chuva debaixo de um aguaceiro, de sorriso nos lábios... São também adorados pelas jovens dos bairros elegantes, não demasiado BCBG, mas ainda assim um bocadinho. Como a filha mais velha de Inès, Nine, porque quem sai aos seus não degenera. Ou ainda Charlotte Casiraghi, também ela classy.
Que jean attitude revelam? Traduzem, por um lado, uma verdadeira confiança no próprio estilo graças ao seu lado deliberadamente fora de moda. E por outro lado, uma forma de fidelidade ao bom gosto, talvez um nadinha tradicional. Podem também tornar-se betinhos com um polo de cor e uns mocassins com berloques, num look charmoso aos 17 anos, mas menos aos 35...
A antítese? Os slim em cabedal preto ou pele de cobra.
Qual escolher atualmente? Os Demi Curve Straight da Levi’s.