Os homens que nos fazem rir
Desafiámos quatro reconhecidos humoristas da nossa praça a fazer aquilo que alguns consideram a mais desinteressante das propostas e outros encaram como um passatempo que até pode ser estimulante: responder a uma seleção de perguntas do inquérito de Proust. Uns falaram de rabos e de mamas, outros definiram a felicidade. E nós ficámos a rir e a pensar que, lá no fundo, e para eles, é capaz de se tratar tudo da mesma coisa...

JOÃO QUADROS
Tem 49 anos e deixou uma carreira em gestão para se dedicar à escrita. Não é um rosto mediático, mas a ele se devem alguns dos sketches mais memoráveis do humor nacional. Autor de personagens icónicas como Diácono Remédios e Lauro Dérmio, inclui no seu currículo vários programas de sucesso na televisão: Herman Enciclopédia, Contra Informação, O Programa da Maria, Os Contemporâneos, entre outros. Atualmente, escreve para o 5 para a Meia-Noite (RTP1), com Nuno Markl, Tubo de Ensaio (TSF), com Bruno Nogueira, e tem uma crónica semanal no Jornal de Negócios que já deu origem a um livro: Um Tiro no Porta-Aviões (Cego, Surdo e Mudo).
1. Qual é a sua maior qualidade?
Conseguir manter a dignidade perante um questionário.
2. E o seu maior defeito?
Pensar que tenho dignidade.
3. A característica mais importante num homem?
Manter-se longe da minha mulher.
4. E numa mulher?
Mamas.
5. Qual é a sua ideia de felicidade?
Já respondi na pergunta anterior.
6. E qual seria a maior das tragédias?
Ver o Kelvin marcar um golo à minha equipa aos 92 minutos.
7. Quem gostaria de ser, se não fosse você?
Tudo menos o Marques Mendes.
8. Quem são os seus heróis de ficção?
Deus e Cavaco Silva, por ordem crescente.
9. Quem são as suas heroínas na vida real?
A roupa interior de Angela Merkel.
10. Qual é a sua palavra favorita?
Mamas.
11. O que mais detesta?
Mulheres que saem ao pai.
12. Que dons da natureza gostaria de possuir?
Ser capaz de fazer a fotossíntese – é a versão mais barata do “vou almoçar fora”.
13. Como gostaria de morrer?
Numa orgia em 2330.
14. Qual é o seu atual estado de espírito?
Um pouco farto.
15. Qual é o lema da sua vida?
“Quem diz é quem é, cala a boca jacaré.”
16. O que é que o faz rir?
Os meus filhos e a semanada de um euro.
MANUEL MARQUES
Com as Produções Fictícias participou em Manobras de Diversão, desenvolvido no teatro e na televisão, e na peça Antes Eles que Nós. Em televisão trabalhou em vários programas de Herman José e integrou o elenco da segunda e terceira séries de Os Contemporâneos. Em teatro protagonizou o musical de Mel Brooks, Os Produtores. Atualmente, faz com Mário Machado um magazine diário humorístico de três minutos, Portugalex, na Antena 1 e Antena 3, e o magazine diário AntiCrise, na RTP1. Estreou recentemente, na RTP1, A Mãe do Senhor Ministro, onde faz o papel de Dr. António Augusto Aguiar, filho de uma ligação anterior de Lola Rocha, a mulher do ex-Ministro.
1. Qual é a sua maior qualidade?
Persistência. 2.
Distração.
3. A característica mais importante num homem?
Educação/civismo.
4. E numa mulher?
A inteligência.
5. Qual é a sua ideia de felicidade?
Trabalhar em projetos que me realizem, ter saúde, tempo para estar com a família e viajar. 6.
A morte e a doença quando não tem cura. O ser humano tem uma capacidade incrível de superação em relação às contrariedades e aos obstáculos que nos vão sendo colocados ao longo da vida mas com saúde (física e mental) é sempre possível lutar e ter esperança.
7. Quem gostaria de ser, se não fosse você?
Não consigo imaginar ser outra pessoa.
8. Quem são os seus heróis de ficção?
E.T, Indiana Jones.
9. Quem são as suas heroínas na vida real?
A minha mulher, a minha filha e a minha mãe.
10. Qual é a sua palavra favorita?
Arte.
11. O que mais detesta?
Hipocrisia e falta de autenticidade.
12. Que dons da natureza gostaria de possuir?
Capacidade de voar.
13. Como gostaria de morrer?
Pensarei nisso quando fizer 100 anos.
14. Qual é o seu atual estado de espírito?
Sou um homem verdadeiramente feliz.
15. Qual é o lema da sua vida?
Aproveitar ao máximo e dar sentido à minha própria existência.
16. O que é que o faz rir?
As situações cómicas do dia a dia, que posteriormente me inspiram para fazer rir.
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MIGUEL GUILHERME
Interrompeu o curso de Antropologia para se iniciar no teatro. Fez a sua estreia com a peça O Dragão, encenada por João Mota, no Teatro da Comuna. Além de ter sido dirigido por grandes encenadores portugueses, representou personagens de grandes autores estrangeiros como Shakespeare, Beckett, Brecht, Pirandello, entre outros. Do seu vasto currículo fazem parte muitos programas de televisão humorísticos ao lado de Herman José. Uma das suas personagens emblemáticas é o Sr. António Lopes da série de sucesso da RTP1, de 2007 a 2011, Conta-me Como Foi. Também fez carreira no cinema, destacando-se os filmes Filha da Mãe, de João Canijo, Non ou a Vã Glória de Mandar, de Manoel de Oliveira, Cinco Dias, Cinco Noites, de António-Pedro Vasconcelos, Alice, de Marco Martins, entre outros. Tem 55 anos e integra o elenco da atual telenovela da TVI, Mundo ao Contrário.
1. Qual é a sua maior qualidade?
Reconhecer os meus erros.
2. E o seu maior defeito?
Egoísmo.
3. A característica mais importante num homem?
Coragem.
4. E numa mulher?
Idem.
5. Qual é a sua ideia de felicidade?
Mar, sol, cheiro a maresia.
6. E qual seria a maior das tragédias?
Não me atrevo a dizer, por pudor.
7. Quem gostaria de ser, se não fosse você?
Um monge.
8. Quem são os seus heróis de ficção?
Tantos: Corto Maltese, O Conde de Monte Cristo, Hamlet, Iago, Alceaste (O Misantropo, de Molière).
9. Quem são as suas heroínas na vida real?
Joana D’Arc.
10. Qual é a sua palavra favorita?
Falhou-lhe.
11. O que mais detesta?
A bajulação, a cobardia.
12. Que dons da natureza gostaria de possuir?
Voar como um falcão.
13. Como gostaria de morrer?
Muito velho, na cama, a delirar com coisas boas.
14. Qual é o seu atual estado de espírito?
Nervoso.
15. Qual é o lema da sua vida?
“Esperar sempre pelo melhor, preparar-se para o pior.”
16. O que é que o faz rir?
Uma criança a contar anedotas.
RUI UNAS
Entrou no mundo da televisão como jornalista do programa cultural Acontece, seguindo-se a apresentação de Alta Voltagem, 3000 Segundos, Curto-Circuito e Cabaret da Coxa. Como ator, participou no filme Os Imortais, de António-Pedro Vasconcelos, e tem um vasto currículo em dobragem de filmes de animação. Em teatro, integrou o elenco de As Mulheres não Percebem, encenado por José Pedro Gomes. Atualmente, podemos vê-lo ao lado de César Mourão na apresentação de Vale Tudo (SIC) e junto de Eduardo Madeira, Manuel Marques e António Machado faz o programa AntiCrise. Tem 39 anos e é pai de dois rapazes, de seis e três anos.
1. Qual é a sua maior qualidade?
Reconhecer os meus defeitos e viver bem com isso.
2. E o seu maior defeito?
A minha insatisfação... No fundo, a minha tendência em, por vezes, encontrar defeitos nas coisas.
3. A característica mais importante num homem?
A honestidade.
4. E numa mulher?
A honestidade também (e ter um rabo tonificado... Eh pá, tinha de ser honesto!).
5. Qual é a sua ideia de felicidade?
Aqueles momentos de bem-estar em que desfrutamos do momento sem pensar nas imponderabilidades do futuro, nem dos desaires do passado.
6. E qual seria a maior das tragédias?
Perder as pessoas que mais amo no mundo de um momento para o outro.
7. Quem gostaria de ser, se não fosse você?
Nunca pensei nisso. Honestamente, acho até esse pensamento um pouco parvo.
8. Quem são os seus heróis de ficção?
Não tenho, nem nunca tive.
9. Quem são as suas heroínas na vida real?
A minha mulher que é uma supermulher. Só lhe falta voar...
10. Qual é a sua palavra favorita?
Filho.
11. O que mais detesta?
Egocentrismo refletido na falta de respeito pelo outro. Seja em termos profissionais ou cívicos. Se há pessoas que não sabem, nem gostam de viver em sociedade, que se refugiem numa gruta bem longe dos outros.
12. Que dons da natureza gostaria de possuir?
A capacidade de mudar de estado físico. Como a água, por exemplo. Às vezes, dava tanto jeito ser duro como um glaciar ou evaporar-me de um sítio qualquer.
13. Como gostaria de morrer?
A dormir, a meio de um sonho bom e com um sorriso nos lábios.
14. Qual é o seu atual estado de espírito?
Tranquilo (mas insatisfeito). Começo a pensar que se calhar deveria estar mais irrequieto, porque excessivamente tranquilo produz-se menos...
15. Qual é o lema da sua vida?
Preocupar-me menos e apenas com coisas importantes da minha vida.
16. O que é que o faz rir?
Tanta coisa... Mas o riso que mais gosto é o provocado pelos meus filhos.
