Diana Taveira, a portuguesa que está a mudar as regras
Falámos com a apresentadora de TV para descobrir alguns dos seus maiores desafios profissionais, projetos e sonhos.
- Com que idade começaste a trabalhar?
O meu primeiro trabalho a sério foi aos 24 anos, como assistente de produção de um programa na SIC Mulher.
- Lembraste do momento em que decidiste que querias televisão, apesar da tua formação ser em Marketing e Ciências da Comunicação?
Eu sempre gostei de comunicação acima de tudo, sendo televisão uma das vertentes dessa área, desde os 19 anos, comecei a ir a castings para apresentadora, sempre adorei o "passar uma mensagem", o comunicar, o entreter as pessoas ou o sensibilizá-las para algo, a comunicação permite-nos isso tudo, e a televisão é a forma mais imediata de chegar a mais gente com essa mesma mensagem que poderemos querer passar.
- Foste a primeira mulher a assumir o cargo de Presidente do Orgão Máximo da Associação Académica de Coimbra e Senadora da Universidade. Foi difícil batalhar por essa posição?
O meio político de um modo geral é muito machista, mas o meio associativo ainda é mais, a presença das mulheres, nos circuitos universitários com voz activa politicamente e associativamente é muito pequeno, muitas vezes porque se acabam por dedicar mais aos estudos e deixam as causas estudantis de lado, e por isso, as Associações Estudantes continuam a não estar habituadas à presença feminina, muito menos em cargos de poder. Foi difícil quebrar o preconceito, manter a credibilização e fazer as pessoas acreditar que seria a melhor para aquele cargo, mas no fim consegui, foi um trabalho intenso, de anos, sustentado com outros cargos associativos e universitários e concretizado em muito graças a todos aqueles que sempre acreditaram em mim e me apoiaram.
- Sempre te sentiste à vontade em frente às câmaras? Ou preferes o outro lado?
Adoro estar em frente às câmaras, em cima de palcos, ter publico atento ao que eu tenho para dizer, o facto de estarmos neste lugar de destaque acredito que nos confere ainda mais responsabilidade, daí falar da mensagem, independentemente de ser numa vertente de entretenimento ou política, tudo tem de ser transmitido conscientemente, com a noção que muitos irão ouvir e ver o que estamos a dizer e fazer, daí a mensagem tem de ser dada em pleno com aquilo que nós somos e com aquilo que nos identificamos.
- Quando começaste na MTV, do que mais gostaste nessa experiência?
Acima de tudo, fiquei extremamente feliz com a oportunidade que me estavam a dar: ser cara de um canal de música e de entretenimento em si só já é fantástico, tudo aquilo a que nos dá acesso em termos de concertos, estar no backstage a ver como tudo se processa, conhecermos pessoas interessantes, e ao mesmo tempo adoro o facto de nos darem liberdade editorial para tudo o que os VJs criam no canal, o que nos permite aprender e evoluir bastante enquanto profissionais.
- Quais são os principais desafios enquanto VJ?
Às vezes nem sempre temos as melhores ideias do mundo para entrevistas, e por vezes as edições não correm como queria, os artistas nem sempre respondem o que estás à espera para construir uma peça, o que acaba por tornar o principal desafio, viver o inesperado, e quando estamos a falar profissionalmente, é o mesmo que estar a viver no limite quase, saímos para gravar e nunca sabemos ao certo o que vai acontecer e se saímos de lá com uma peça, que à partida já nos comprometemos em criar.
- Vês-te a trabalhar na esfera política, em Portugal?
Para já não, acho que preciso de amadurecer profissionalmente para ter um lugar consciente no contexto político nacional, mas não descarto essa hipótese da minha vida, até porque uma verdadeira paixão ou sensibilidade para algo nunca morre.
- Trabalhaste como produtora, em iniciativas como a ModaLisboa e em programas da SIC. Pensas assumir esta profissão, no futuro?
Em todos os projectos televisivos que assumi, mesmo estando em frente à câmara acabei por assumir um pouco o papel da produção, acho que facilmente são papéis que se complementam, e gostaria de continuar a exercer funções de produção juntamente com apresentação, torna o trabalho mais desafiante.
- És a musa do novo videoclip de Nelson Freitas ‘Miúda Linda’. Gostaste de o realizar?
Gostei muito sim, a equipa era fantástica e o próprio conceito do vídeo foi algo com o qual de identifiquei, e o resultado está à vista.
- Como é saber que mais de 18 milhões de pessoas te viram nele?
Simplesmente, acredito que os números que o vídeo tem vindo a assumir num espaço de tempo tão curto, demonstram que fizemos um trabalho bem feito e que o público gostou e se identificou e isso deixa-me muito feliz e orgulhosa de fazer parte deste projecto.
- Consegues definir-te numa palavra?
Determinada!
- Quais são as tuas maiores paixões?
A política e a televisão, estas duas áreas conjugam aquilo sobre o qual gosto de falar e gosto de fazer, com o qual me identifico e me sinto realizada quando faço.
- A tua maior ambição?
Conseguir um dia conciliar as minhas duas maiores paixões.
- Se pudesses jantar com alguém em todo o mundo, com quem seria?
India.Arie, é a artista que sempre quis conhecer, não apenas ir a um concerto, mas sentar-me numa mesa e conversar, a India.Arie apela ao feminismo e ao apoio mútuo entre mulheres e ao amor, muito antes de isso se tornar moda. A visão de vida desta artista acredito que seja pura e sem adulterações ou manipulações da industria ou dos tempos, adoraria jantar, conversar horas com a India.Arie acompanhadas de um bom vinho, e compreender a inspiração para todas as músicas que escreveu e que me influenciaram muito enquanto mulher.
- O que está sobre a tua mesa de cabeceira para ler, neste momento?
"O Poder em Portugal – Partidos e Cidadãos: Espaço para dois?" de José Filipe Pinto.
Por Rita Silva Avelar
