A placidez soalheira do Páteo Bagatela parece ter sido encomendada a dedo para o décor. Sofia Cerveira chega das gravações do seu programa E-Especial (SIC), o telemóvel toca com assuntos de trabalho, mas a serenidade elegante de Sofia é quem mais ordena e impõe o ritmo à conversa agradável,
Must-have de verão: Vestidos compridos soltos, leves, frescos e fluidos para usar com sandálias rasas, chinelos ou descalça.
Tendência de moda: Apostar nas calças de cintura subida num regresso aos anos 70. São uma peça bem divertida e que alonga a silhueta.
Um criador: Valentino.
Perfume Grapefruit by Jo Malone.
Cuidados diários de beleza: Limpar a pelede manhã e à noite e aplicar um creme de rosto e de olhos à noite. E um suplemento de beleza (Imedeen).
Gostava de ler: Em primeiro lugar, a pilha de revistas de viagens e de moda, nacionais e internacionais, que vou comprando e acumulando.
Uma obra especial: O livro de Plínio Marcos, Navalha da carne. Marcou-me pela ousadia e pela coragem. É uma obra que me mantém "acesa". Uma peça de teatro que gostaria de fazer, quem sabe, um dia.
Um filme: As pontes de Madison County. Adoro.
O que me faz rir Pequenas frases dos meus sobrinhos e o sentido de humor da minha avó de 82 anos.
Hábitos de exercício: Descobri o exercício outdoor no Brasil. Hoje em dia, já não corro no calçadão, mas sempre que consigo tenho a ciclovia de Cascais, onde adoro viver.
À mesa: Após ter feito um teste de intolerâncias alimentares, tenho cuidados com o glúten, o fermento. Faço refeições sobretudo à base de saladas, sopas e grelhados.
Um dia perfeito: Acordar. E estar um dia de sol! Ir até à praia, respirar o ar puro a maresia e ganhar forças para o dia. Gravar novela. Ir buscar os meus sobrinhos à escola. Passar a tarde com eles no parque. Sem tempo...
uma daquelas que acontecem sem olhar para o relógio. Bem fez Sofia em ter trocado os sonhos de bailarina na infância pelo talento de comunicar. Desde cedo descobriu que gostava de comunicar. Só não sabia como. "Lembro-me de participar em miúda no Páteo da Fama e de responder aos jurados (entre os quais a Maria Elisa) que estava indecisa entre comunicação e representação." Optou pela primeira. E, em 1996, fazia parte do casting para apresentadores de meteorologia na RTP, juntamente com nomes, na altura desconhecidos do público, como Pedro Reis, Paula Castelar, Adelaide de Sousa. "Foi assim que a minha história na televisão começou", recorda. Um ano depois, reforçava a equipa do programa de música Reis do Estúdio e não tardou a ser convidada para apresentar as galas. O seu grande salto profissional, porém, acontece com Os Destinos de Sofia, o programa pelo qual ainda é abordada no dia a dia por ex-fiéis espectadores. "Na altura, foi a Maria Elisa que me chamou e que apostou em mim. Perguntou-me o que gostava de fazer e eu falei-lhe do meu gosto por viagens. Jamais vou esquecer a Maria Elisa. É uma mulher que admiro muito profissionalmente." Durante seis meses, Sofia percorreu 13 destinos e um sem-número de aventuras que a colocaram à prova. Há ainda quem se lembre do episódio no México. Mas o ataque de pânico ficou só pelos bastidores, entre a equipa: "Tínhamos oportunidade de subir à Pirâmide da Serpente Emplumada e não havia como hesitar, mesmo apesar das minhas vertigens. Mas a certa altura da escadaria, eu olhei para trás. E senti que ia cair... Comecei a acelerar e a equipa sem perceber o que se passava. Encontraram-me lá em cima com um ataque de pânico. ‘Como vou descer?', perguntava eu. Acalmei-me e pensei: ‘Sofia, és ou não és profissional?' E acabámos por conseguir fazer imagens daquela vista proporcionada pelo alto da pirâmide. Mas por alguma razão apareci sempre de costas. Estava chorosa, de nariz vermelho. Foi um episódio que não vou esquecer." Viajar é um dos seus verbos favoritos e está sempre pronta a fazer check-in. Entre os mais de 60 países visitados, destaca ainda os Emirados Árabes Unidos que também descobriu em Os Destino de Sofia. "É talvez o destino mais completo. Pelo seu património histórico e edifícios luxuosos, por outro lado. E, além das praias paradisíacas, tem ainda o deserto. Foi a primeira vez que dormi no deserto."
Há sempre uma primeira vez. Na primeira vez que a SIC Notícias emitiu, Sofia também estava no arranque. O mesmo aconteceu na estreia da SIC Caras e no nascimento da SIC Mulher. Foi no canal de informação que Sofia se apaixonou pela adrenalina dos diretos com a Caras Notícias ? "Aprende-se imenso" ? e nem mesmo durante a sua escapadela ao Brasil (fruto da relação com o ator Maurício Mattar) deixou de trabalhar para a estação. Mas o Brasil não foi apenas mais um carimbo no passaporte. "Foi uma experiência muito enriquecedora. O país recebeu-me muito bem. Tive a possibilidade de trazer à SIC entrevistas descontraídas com personalidades que ia conhecendo." A proximidade afetiva com o outro lado do mundo continua, pelo que na Internet circula o epíteto da "portuguesa mais brasileira da SIC". Sofia ainda é um elo de ligação à Globo.
O seu look descontraído no dia a dia contrasta com o glamour das passadeiras vermelhas que tem por hábito pisar. Sejam jeans ou um vestido comprido deJenny Packham, a elegância da apresentadora e atriz, que venceu já prémios como a tradicional Eleição de Elegância da Caras (2013), acaba por sobressair. Sofia tem sido por isso convidada para ser o rosto de marcas como a Imedeen (suplemento de beleza) e o resort Vilalara Thalassa Resort, que procuram mulheres elegantes, destacadas pela sua beleza natural e sucesso profissional.
É dela a recente reportagem dos 50 anos da Globo, a par dos exclusivos que tem feito com personagens como a vilã de Avenida Brasil, a premiada brasileira Adriana Esteves. Mas nem sempre de entrevistas vivem as suas incursões ao Brasil. O convite, inesperado e desejado, para participar em Mar Salgado, fê-la regressar ao país, desta vez para trabalhar com a coach Paloma Riani. Paloma é peparadora de elencos e foi a primeira instrutora de dramaturgia da TV Globo, sendo conhecida pelo sucesso do seu trabalho em novelas como Sinhá Moça. Para Sofia, foi a ajuda perfeita para aquela que é cada vez mais uma vontade real: representar. A apresentadora de televisão tinha já participado em Dacin´Days, mas o convite para Mar Salgado era mais ousado (Sofia Cerveira interpretou o papel de uma lésbica, Joana). "Fizeram-me o convite sem ter a certeza de qual seria a minha reação. E eu recebi a proposta de braços abertos. Um papel tão diferente, tão rico, que me abria outros caminhos na interpretação, levando-me a trabalhar uma personagem fora do meu universo. Com esta personagem acho que consegui transportar-me para outro nível de representação. É claro que ainda tenho muito para aprender. Mas este tipo de desafios coloca-me noutro patamar. Sinto que estou preparada para fazer o que me pedirem", refere Sofia, matizando uma expressão coadunável com as mulheres apaixonadas pela vida.
"Gosto de desafios. Quando mais exigentes melhor. E estou sempre preparada para dar o melhor de mim." Quando se gosta muito do que se faz, como é o seu caso, a tarefa é naturalmente mais facilitada. E mal se dá conta da azáfama, do telemóvel que toca durante a entrevista, seguida das gravações: "Estou acostumada a trabalhar sob pressão e sempre fiz muita coisa ao mesmo tempo."
Ao longo da conversa, Sofia vai repetindo por várias palavras que "há que aproveitar a vida com tudo o que tem para nos oferecer" e quando lhe perguntamos de onde vem aquele otimismo genuíno, responde: "É assim que levo a vida há 40 anos." Haverá truques, como o chegar ao final do dia e "ter um espaço para mim, resolver o que há para resolver. Não gosto de adormecer com preocupações". Haverá motivações: "Saber que as pessoas de quem gosto estão bem também me faz sentir bem e ter força para correr atrás do que me concretiza." E há sem dúvida um porto de abrigo. Aquele que nos ajuda a dar um final feliz ao texto, mas por onde também poderíamos ter começado: "É à minha família que vou buscar esta serenidade. É um pilar. Somos muito unidos. Por vezes, o trabalho é difícil de gerir, há muitas energias. E, além de ter um lado espiritual bem resolvido e de me sentir sempre acompanhada (Sofia é católica), o meu porto de abrigo, a minha família, é fundamental no dia a dia." Sofia vive com a avó de 82 anos, numa convivência tranquila. "A minha avó é das pessoas que mais admiro. Não conheço uma pessoa tão genuinamente generosa. Aprendo muito com ela. Cuidamos uma da outra, na companhia, na entrega, no mino."