Harvey Weinstein contratou jornalistas e espiões para evitar denúncias de violações
Falsos advogados, entrevistas suspeitas e empresas que nunca existiram fizeram parte do plano de Weinstein para silenciar alegadas vítimas.
Harvey Weinstein terá requerido uma autorização ao juiz de Nova Iorque para visitar estes países do sul da Europa, entre 12 e 22 de agosto, por alegados projetos de trabalho. O magistrado James Burke negou o benefício ao antigo influente produtor de Hollywood.
O acordo com as autoridades de Nova Iorque em março do ano passado custaram-lhe, para além do seu passaporte, uma fiança de 1 milhão de dólares, aproximadamente 890 mil euros, e o cumprimento de prisão domiciliária até ao julgamento, a 9 de setembro deste ano.
Depois das inúmeras acusações de abusos sexuais, Weinstein viu-se excluído do círculo laboral de Hollywood. Foi expulso da Academia das Artes e demitido da empresa fundada pelo próprio, a The Weinstein Company.
Quanto à viagem a Itália, sabe-se que Weinstein se iria encontrar com o realizador Giuseppe Tornatore e o compositor Ennio Morricone. Como argumento, os seus advogados alegam que Morricone, com 90 anos, se encontra inapto para viajar. Já a viagem a Espanha estaria relacionada com encontros com designers, realizadores e investidores.
Recorde-se que Weinstein foi incriminado de cinco casos de agressão sexual pelo promotor distrital de Manhattan. Desde outubro de 2017 tem sido acusado de uma conduta sexual inapropriada por mais de 80 mulheres, incluindo por atrizes como Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Mira Sorvino, Rossana Arquette, Léa Seydoux, Cara Delevigne, Ashley Judd, Rose McGowan, entre outras. Sabe-se ainda que, pelo menos três mulheres o acusaram de violação, sendo uma delas a italiana Asia Argento. Weintein declarou-se inocente, desde o início. Para além das repercurssões profissionais já referidas, o processo culminou no divórcio de Weinstein da designer inglesa Georgina Chapman e iniciou um ativismo inédito na indústria cinematográfica sobre o assédio sexual, e que tornou populares movimentos como o #MeToo e o Time’s Up.