Matthew McConaughey - Charme texano

É o ator de quem se fala. Suave, atencioso, charmoso, vive um momento particularmente feliz. Não só a nível pessoal, ao lado da brasileira Camila Alves, como também profissional, com uma série de novos projetos. À Máxima, Matthew McConaughey fez uma revisão e falou do seu papel em Magic Mike, em que faz de stripper

Matthew McConaughey - Charme texano
01 de agosto de 2012 às 07:00 Máxima

A imagem de Matthew McConaughey chega-nos primeiro do que o seu nome. E ele sabe disso. “Não é aquele tipo bronzeado, sem camisa, a mostrar os peitorais?” Sim, já perdemos a conta às comédias românticas – Como Perder um Homem em Dez Dias, As Minhas Adoráveis Ex-Namoradas –, aos filmes de ação inócuos, na linha de Sahara... Até que um dia terá recebido um aviso interior que o fez arrepiar caminho. Ainda assim, não recusa a ideia de um dia voltar a fazer uma comédia romântica, conforme confessou à Máxima o ator de 42 anos, durante a nossa entrevista no Festival de Cannes, onde apresentou em competição Paperboy e Mud. Mas tem mais projetos e um deles estreia agora e chama-se Magic Mike, onde Matt se revela no papel de um stripper masculino. Mas já lá vamos.

Até que ponto este acordar terá sido provocado pelo início da sua relação com Camila Alves, em 2007, e a quem viria a propor casamento no Natal do ano passado? Visivelmente seduzido pela ex-modelo e atriz de novelas brasileiras, acabou por assentar e criar um pequeno agregado em Austin, no Texas. É aí, e na sua casa de Malibu, na Califórnia, que vivem com os dois filhos, o rapaz Levi Alves McConaughey, de três anos, e a bebé Vida Alves McConaughey, de um ano e meio.

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Texano de gema, é o mais novo de três rapazes e filho de um casal tumultuoso, com o sangue quente de antepassados irlandeses, que acabaria por se casar e divorciar um com o outro mais do que uma vez. Matt explicou-nos ainda que contornou um destino traçado – no seu caso, uma carreira de advogado – para se tornar ator. E na altura chegou mesmo a questionar-se se seria lícito ganhar tanto dinheiro...

Hoje dá-se também ao luxo de recusar papéis de filmes de estúdios para arrancar prestações em filmes independentes, onde se entrega de corpo e alma. Mesmo que não deixe de mostrar os seus abdominais perfeitos. Por isso mesmo, é também um dos atores fetiche da comunidade gay. Como sucede no filme de Stephen Soderbergh, Magic Mike. E, sim, tira mesmo a roupa. Mas há muito mais de Matthew para ver em breve. A comédia Bernie, o thriller Killer Joe, onde se envolve numa das mais insólitas cenas de sexo, bem como os já referidos dois filmes apresentados em Cannes, a aventura Mud, ao lado de Reese Witherspoon, e o drama Paperboy, onde contagia Nicole Kidman para a sua mais ousada prestação. A falar com ele e escutar o seu sotaque assobiado apercebemo-nos do seu entusiasmo e felicidade. Sim, é desta que iremos aprender a dizer corretamente Matthew McConaughey.

"Existe sempre algo para eu agarrar em cada personagem. São pedaços de emoção com que me relaciono"

O Matthew foi considerado uma das revelações do Festival de Cannes. Mas a verdade é que tem sido uma revelação nos últimos tempos. O que o fez seguir estes projetos arriscados?

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É uma boa pergunta. E é algo em que tenho pensado ultimamente. Terá sido algo consciente? Sim. Foi uma viragem de 180 graus? Não. Apenas queria agitar um pouco a minha carreira. Acho que me estava a tornar algo repetitivo. Por isso, acabei por recusar algumas propostas. Digamos que escolho mais os projetos que me excitam de alguma forma.

Realmente percebe-se que está em grande forma. Sente isso?

Sinto que estou no caminho certo. E estou a gostar daquilo que faço e a sentir o que faço. Mais do que até agora. Parte disso tem a ver com o facto de sentir uma construção que se faz dia a dia. Experiências que se sentem e que fazem parte do nosso ADN. É isso que agora está a acontecer comigo. Talvez esteja a crescer e a desenvolver-me com essa experiência. Pode haver até alguns casos em que não sei exatamente o que retiro de um filme. Mas isso também me parece bem. Nem tudo tem de ter um grande significado. Estou a sentir o trabalho.

Para além de Paperboy e Mud, é também um dos protagonistas em Magic Mike, onde faz de stripper. Como foi que surgiu esse projeto?

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O Stephen Soderbergh convidou-me para o papel e eu concordei na hora.

Pelo menos no trailer parece muito convincente... Sabia que teria de tirar a roupa?

Eu sabia que não estava no guião, mas também sabia que se não o fizesse iria arrepender-me para sempre... [risos]

Segundo consta, a comunidade gay está bastante entusiasmada com este seu filme…

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Espero bem que sim. E acho que vão sair ainda mais excitados do que quando entraram... [risos]

Tem sido uma estrela de cinema durante 25 anos e nunca perdeu o seu estilo. Continua a ser um homem do Sul, um texano típico, muito calmo e sedutor... De onde vem essa característica?

Acho que é algo que tem a ver com a terra, com o que nós somos. Temos um lado individualista, mas com grande humanidade. O que mais aprecio na vida é viajar e encontrar aquele denominador comum sobre a humanidade. A arte imita a vida. E o que eu retiro das minhas viagens é essa oportunidade de conhecer pessoas.

Presumo que seja algo também que tenha a ver com a região, com os pântanos, como acontece em Paperboy e Mud...

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Gosto muito da zona dos pântanos, pois permite criar esse ambiente viscoso que se agarra às personagens, mas também toda uma aura de mistério. Gosto das pessoas, do ritmo e de como o tempo tem um outro significado. A gravidade pesa mais nos pântanos. As pessoas podem ali viver, mas a natureza impõe-se. Ali somos apenas visitantes. Existe uma quarta dimensão, porque nos surge de todos os lados.

E lembra-se de qual foi aquele elemento que o trouxe para esta arte?

Em primeiro lugar, quando era criança, nunca sonhei em ser ator. Nem sequer via muitos filmes. Nem sequer podia ver muita televisão ou ir ao cinema.

Porquê?

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Porque era de dia e tinha de estar lá fora. Tinha uma hora de televisão à noite e era tudo. Por isso, este sonho estava a milhas. Entretanto, fui para a escola com a intenção de seguir uma carreira de advogado. Mas percebi que aos 28 anos ainda não teria deixado a minha pegada na sociedade. Por isso, decidi que não queria gastar o meu período dos 20 anos todo na escola.

Como aconteceu então?

Foi um amigo meu que estava numa escola de cinema que me sugeriu esta ideia de contar histórias e ser um ator. Isto porque na altura eu já escrevia umas histórias. Acabei por me inscrever na escola de cinema e não na de atores. Comecei, então, a fazer filmes, até que alguém achou que eu era uma boa escolha para um certo papel que estavam a preparar. Foram três linhas que se converteram em três semanas de trabalho [Dazed and Confused]. Felizmente isso continuou. Entretanto, estava a ganhar 325 dólares por dia. Antes ganhava 50 dólares por noite a servir num bar.


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Vivia então um sonho…

Costumava questionar-me se isto seria legal [risos]. Regressei à escola de cinema e realizei algumas curtas-metragens. E em breve estava a caminho de Hollywood. O meu primeiro teste na meca do cinema foi para Boys i'n the Side, do Herbert Ross. E lá se foi o meu futuro como advogado.

E como tem sido este caminho?

De experiência e aprendizagem. Tentei superar as minhas dificuldades, melhorar.

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Quais são então as personagens que mais o seduzem?

Acho que ultimamente tenho recebido propostas que me agradam. Foi o caso do filme de Friedkin (Killer Joe), do Soderbergh (Magic Mike) e também do Jeff Nichols (Mud) e do Lee Daniels (Paperboy). Desde logo porque são filmes de personagens muito específicas, que vivem à margem, solitárias em muitos casos. E com uma vontade determinada. Ao contrário de algumas personagens que interpretei no passado que cediam muito às vicissitudes da história. E isso não fazia muito sentido. De todas as formas, eu tinha de trabalhar. Os meus filhos tinham de comer. Mas estou bem, pago as minhas contas e mantenho um bom nível de vida. Por isso, digo que estou num período muito feliz da minha carreira. Não há um único dia em que não me sinta motivado para ir trabalhar.

Como ator procura sempre descobrir algo sobre si próprio em cada personagem que interpreta?

Claro. Posso sempre relacionar-me com a inocência, a pureza, o coração. Existe sempre algo para eu agarrar em cada personagem. São pedaços de emoção com que me relaciono.

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Habitualmente, interpreta personagens de texano. Tem o cuidado de não criar estereótipos e de lhes conferir alguma dignidade?

A verdade é que a maioria das pessoas do Sul rural vive assim. Uma coisa interessante é que 60 por cento dos americanos não tem passaporte. As pessoas que nascem no Sul provavelmente passam grande parte da vida em tarefas da casa, do rancho, da terra. As ofertas de trabalho são quase sempre locais. Provavelmente nem nunca saem do Estado nem irão à capital. Muito menos a Nova Iorque ou até aqui ao Sul de França. É isso que se vê em Mud. No Sul, o tempo passa devagar, mas eu gosto disso.

Como compara essas duas mulheres do Sul, interpretadas por Nicole Kidman (Paperboy) e Reese Witherspoon (Mud)?

São duas atrizes fantásticas. As relações nos dois filmes são bem diferentes. Mas podemos dizer que são ambas personagens de mulheres inadaptadas, interpretadas por atrizes que respeitam muito o seu trabalho. A Nicole tem imenso talento para criar personagens diferentes dela própria. E a Reese é capaz de mostrar no ecrã uma determinação e uma força enormes.

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É para si fácil sair destas personagens e fechá-las num armário? Tem alguma que insista em o perseguir?

Acho que não tenho nenhuma que me persiga. Acabo por transportar algumas delas no meu bolso.

Vê-se a regressar aos seus filmes de aventura mais comerciais?

Não fiz nenhum voto para não fazer mais esse género de filmes. Se me sentir bem e se puder acrescentar algo, porque não? Não tenho nada contra comédias românticas. Diverti-me sempre muito. Mas são desafios diferentes.

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Depois de tantos projetos que rodou sucessivamente, receia que isso acabe um dia?

Sinto-me mais feliz quando trabalho.

E quando não trabalha, o que o preenche mais? A família?

Sem dúvida. O que prefiro é poder trabalhar e ter a minha família perto de mim. Por isso, não penso muito se vou ter trabalho ou não. É claro que um dia terei menos trabalho, mas a proximidade deles ajuda-me bastante.

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http://www.youtube.com/watch?v=1T8viX7mJUE

1 de 5 / Matthew Charme Texano
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2 de 5 / O maisr recente filme que protagoniza ao lado de Channing Tatum
3 de 5 / Filme onde se envolve numa das mais ins?litas cenas de sexo
4 de 5 / Um dos filmes apresentados este ano no Festival de Cinema de Cannes
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5 de 5 / Filme tamb?m apresentado em Cannes. Aqui ao lado de Zac Effron
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