Nos últimos meses, a expressão “gripe K” começou a circular com maior frequência nos meios de comunicação e nas redes sociais, gerando curiosidade e, em alguns casos, preocupação. Para compreender corretamente do que se fala, é essencial esclarecer desde já um ponto fundamental: a chamada gripe K não é uma nova doença, nem representa um vírus completamente diferente daquele que já conhecemos. Trata-se de uma variante do vírus da gripe Influenza A(H3N2), pertencente à gripe sazonal, que tem sido acompanhada de perto pelas autoridades de saúde internacionais, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A designação “K” é sobretudo um rótulo técnico usado em vigilância epidemiológica e não implica, por si só, um comportamento radicalmente diferente da gripe comum.
Os vírus da gripe estão em constante transformação. Pequenas alterações genéticas ocorrem regularmente, o que explica porque a gripe regressa todos os anos e porque a composição da vacina é revista com frequência. Algumas variantes acabam por circular mais intensamente numa determinada época, chamando a atenção dos sistemas de monitorização. Importa sublinhar que a maioria destas variantes não provoca sintomas novos ou inéditos. O que pode variar é a facilidade de transmissão ou o impacto que têm em determinados grupos da população. A gravidade da doença continua a depender sobretudo da idade, do estado geral de saúde, da presença de doenças crónicas, da gravidez e do acesso atempado a cuidados médicos.
Quando se fala em “gripe K”, fala-se, na prática, de sintomas típicos de gripe. De acordo com a OMS, a gripe caracteriza-se geralmente por um início súbito e pode incluir: febre ou sensação de febre; tosse, muitas vezes seca; dor de garganta; dores musculares e articulares; dor de cabeça ou até cansaço intenso e mal-estar geral. Algumas pessoas podem também apresentar arrepios, congestão nasal ou corrimento do nariz. A tosse e a sensação de fadiga podem persistir durante vários dias, mesmo após a melhoria dos restantes sintomas.
É importante lembrar que os sintomas da gripe podem ser semelhantes aos de outras infeções respiratórias, o que torna difícil distinguir apenas com base na perceção individual. Em caso de dúvida, sobretudo em pessoas mais vulneráveis, a avaliação clínica é sempre aconselhável.
Há diferenças nos sintomas da gripe nas mulheres?
De forma geral, as mulheres apresentam os mesmos sintomas de gripe que os homens. No entanto, a investigação científica tem vindo a demonstrar que existem diferenças na resposta imunitária entre géneros. Em média, as mulheres tendem a desenvolver respostas imunes mais robustas, o que pode traduzir-se numa maior intensidade de alguns sintomas, como dores no corpo, fadiga acentuada ou cefaleias. Isto não significa que a gripe seja automaticamente mais grave nas mulheres, mas ajuda a explicar porque algumas relatam uma experiência particularmente desgastante, mesmo quando a infeção evolui sem complicações. A perceção dos sintomas é real e merece ser respeitada, sobretudo num contexto em que o descanso e a recuperação são essenciais.
No entanto, há que destacar que, independentemente da variante em circulação, as recomendações da OMS mantêm-se claras: vacinação anual contra a gripe, especialmente em grupos prioritários; permanecer em casa quando se está doente; boa higiene das mãos; etiqueta respiratória (cobrir a tosse e espirros) e ventilação adequada dos espaços fechados.
De forma resumida, a hamada gripe K insere-se no contexto normal da gripe sazonal e não representa uma ameaça desconhecida. Os sintomas são os da gripe habitual e, nas mulheres, podem ser sentidos com maior intensidade em determinados contextos, como a gravidez ou em situações de maior fragilidade física.