Iolanda Pereira: “A luz azul dos telemóveis não envelhece da mesma forma que a exposição solar”
A famosa skinfluencer e autora do livro "Pele Me Quer, Bem Te Quer", marcou presença no House of Beauty, numa conversa sobre manchas e hiperpigmentação. Antes, com a Máxima, rebentou com todos os mitos. Explicou como fazer rotinas de beleza com pouco dinheiro, que erros nunca devemos cometer com o protetor solar, e partilhou um produto no qual não acredita.
Iolanda Pereira explica como cuidar da pele e desmistifica o uso de cosméticos
Foto: DR03 de julho de 2025 às 16:50 Madalena Haderer
Iolanda Pereira, com mestrado em Ciências Farmacêuticas pela Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e uma pós-graduação em Cosmetologia Avançada pela Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa, é uma das mais reconhecidas skinfluencers portuguesas. Ou seja, é uma influenciadora e criadora de conteúdos digitais que tem como objetivo informar a população sobre como cuidar da pele. É a autora da página de Instagram @pelemecare_bemtequer, um projeto que lançou em setembro de 2020 e que conta já com centenas de aconselhamentos de dermocosmética. Recentemente, lançou o seu primeiro livro, Pele Me Quer, Bem Te Quer, editado pela Albatroz, que pretende ser “o guia perfeito para uma pele saudável, radiante e feliz”.
Imagine: acorda num domingo de manhã sem perceber nada sobre skincare, faz uma malga de café, senta-se no sofá, e à hora de começar a fazer umas panquecas para o brunch já é um expert em produtos, ingredientes ativos e rotinas de beleza. E enquanto esse domingo não chega, pode começar já a aprender, acompanhando aqui a conversa que a Máxima teve com Iolanda Pereira.
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Como é que veio parar a este mundo da cosmetologia?
Tive acne na adolescência, como partilhei no livro, e fiquei sempre com vontade de perceber o porquê de aplicar determinados produtos, todas as mezinhas caseiras, também a parte de aconselhamento farmacêutico e dermatológico que recebi. E como o acne acabou por durar mesmo até à entrada para a faculdade, acabei por escolher ciências farmacêuticas, que é um curso muito teórico, com muita química, muita ciência e ajudou-me muito nos alicerces. Depois, já no mundo do trabalho, em 2018, comecei a exercer farmácia comunitária, ou seja, a típica farmácia ao balcão, e foi aí que me interessei pela parte da cosmética. Comecei a fazer alguns cursos e depois fiz a pós-graduação em cosmetologia, que é a ciência que estuda os cosméticos. Mais tarde, comecei a fazer aconselhamento online, com a página do Instagram, e, a partir daí, vou tentando sempre aprofundar esta temática, porque cada semana há produtos novos, novas tendências, e temos de estar sempre em cima de tudo.
A propósito de aconselhamento, que conselhos é que dá com mais frequência? Qual é o problema de pele a propósito do qual mais pedem a sua ajuda?
Depende das idades. Com os adolescentes, é mais acne, porque a maioria tem acne e não sabe lidar com a situação. Depois, na mulher adulta, a principal preocupação são as manchas, que surgem, frequentemente, durante a gravidez. E, mais tarde, a questão das rugas. Portanto, as questões mais frequentes passam sempre por qual é o melhor produto para a acne, o melhor produto para as manchas, o melhor produto para as rugas. Aliás, as rugas são algo que ainda preocupa muito as mulheres. Há uma imagem [de juventude] que a mulher sente que tem de manter. O homem, quando envelhece, diz-se que fica charmoso, e com a mulher ainda não é assim.
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A Iolanda no seu livro também explica uma coisa interessante, que a maioria das mulheres talvez não saiba: a pele dos homens tem mais colagénio, portanto, logo aí eles têm mais sorte do que nós, não é?
Exatamente, eles têm mais colagénio, o envelhecimento acaba por não ser tão abrupto, ou seja, não se nota tão cedo como o nosso. Com a menopausa também há uma grande flutuação hormonal e nós vemos pelas nossas mães, pelas nossas avós, a pele perde toda a elasticidade, fica mais amarela. Enquanto que nos homens isso só acontece mais tarde. Porém, como, regra geral, têm menos cuidados, quando começam a envelhecer, tendem a ficar pior do que as mulheres, só que isso acontece mais tarde.
Iolanda Pereira revela o guia para uma pele saudável, radiante e feliz
Foto: DR
De acordo com a sua experiência, quais são os erros mais comuns que as mulheres cometem nas suas rotinas de beleza?
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Há sempre dois extremos: ou aplicam produtos a mais ou a menos. Ou não aplicam nada. É comum sentirem-se perdidas e é normal. Há um excesso de produtos, somos diariamente bombardeados com informação, publicidades, na televisão, nas redes sociais. Portanto, há estes dois extremos. Depois há uma tendência que vejo com frequência que é a das mezinhas caseiras, que eu tento acompanhar no TikTok, que é onde aparecem mais: limão no rosto, limão no cabelo, produtos que dizem ser iguais ao botox, exfoliação excessiva. Há muita informação, mas também há muita desinformação.
Muitas mulheres acreditam que um produto mais caro é sempre um produto melhor. Qual é a sua opinião?
Sim, isso é um mito. Um produto cosmético, por ser mais caro, não quer dizer que seja melhor. O preço depende muito da tecnologia aplicada, se o target é farmácia, se é grande retalho, qual a textura do produto, o posicionamento, a forma como vai ser distribuído, etc. Se uma marca está a desenvolver um novo produto e começou do zero, será muito mais caro porque vai ter ativos inovadores, novas patentes, etc. Mas também acontece muito haver grupos que têm marcas em farmácia e supermercado e pegam na mesma molécula e replicam-na, tornando o produto mais acessível. Não tem, de todo, a ver com a eficácia, tem a ver com todos estes fatores. A escala também é muito importante: fica muito mais acessível criar um produto de supermercado, onde vão ser vendidas milhares ou milhões de embalagens, do que para uma loja ou perfumaria.
Falou em grupos que têm produtos de segmentos mais exclusivos e outros produtos para o grande retalho, quer dar algum exemplo?
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Sim, por exemplo, o grupo Beiersdorf tem as marcas Eucerin e Nivea, e tem a patente de um ingrediente anti-manchas que desenvolveu, que é o tiamidol. Na Eucerin um sérum com este princípio ativo custa 30, 40 euros; na Nivea, custa 20 euros. E é a mesma patente. É uma questão de segmentação. E quem não puder comprar um, compra o outro.
O tiamidol é um ingrediente recente, não é? Tem dado bons resultados?
Sim, ele é utilizado principalmente nas manchas, reduz a hiperpigmentação inibindo a tirosinase que é uma enzima crucial na produção de melanina. Portanto, as manchas ficam mais claras e uniformizadas. Nós, portugueses, continuamos a valorizar muito o bronzeado. Achamos que o bronzeado é seguro, que o bronzeado é bonito. Esse é outro mito que é preciso desconstruir.
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Ainda há muita gente que acha que o protetor solar é só para usar na praia.
Sim, mas, apesar de tudo, acho que já estamos melhor. Tanto nas farmácias, como nas redes sociais, como por parte das marcas e dos médicos, claro, tem havido um grande esforço para informar e esclarecer que o protetor solar deve ser usado todos os dias, ao longo de todo o ano. E o facto de as pessoas se preocuparem cada vez mais cedo com as rugas também faz com que utilizem protetor solar, que é, sem dúvida, o primeiro passo para uma rotina anti-envelhecimento. Mais de 80% dos sinais de envelhecimento vêm da exposição solar, portanto, costumo dizer, uma pele mais saudável, mais firme, é uma pele que está afastada do sol ou que tem muito cuidado com o sol. E não é só aplicar e pronto, é preciso reaplicar.
Que conselhos é que pode dar a uma pessoa que precisa de fazer uma rotina de beleza, mas que não tenha muito dinheiro para gastar?
Primeiro, é importante definirmos o tipo de pele e o que é que nos preocupa mais [para escolhermos produtos em função dessas preocupações]. De manhã: limpar e proteger [com protetor solar], é o suficiente. À noite: limpar e hidratar. Estes três pilares têm que estar assentes. Não precisamos de um produto de limpeza muito caro, porque vai estar pouco tempo em contacto com a pele. E o objetivo da limpeza é sentir conforto no final. A pele deve ficar suave. Portanto, limpeza e um cuidado [hidratante] é algo que se consegue comprar no supermercado. Marcas como a Garnier, a Nivea, são bastante acessíveis. Depois, o protetor solar, de manhã, aqui não vou indicar hidratação, excepto se for uma pele mais seca, porque a maior parte dos protetores solares já tem ativos hidratantes. Quem quiser adicionar um hidratante, pode usar o mesmo produto de manhã e à noite. Ainda sobre a proteção solar, a minha recomendação é sempre o SPF50+, e escolher de acordo com o tipo de pele, porque se eu tiver uma pele oleosa, dificilmente vou gostar de um protetor solar demasiado luminoso ou hidratante.
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À noite, voltar a limpar, e depois aplicar um hidratante adequado ao tipo de pele. Se a pessoa já tiver alguma necessidade específica, nomeadamente rugas, pode procurar um cuidado com retinol (se não estiver grávida). Se tiver manchas, um cuidado mais indicado para isso. Se tiver rosácea ou acne, idem. Ou pode acrescentar um sérum à rotina que seja indicado para essas preocupações, mantendo o passo da hidratação. Quanto mais simples, melhor. Pela minha experiência, as pessoas tendem a desistir das rotinas se elas se tornam muito complicadas ou consomem muito tempo. E este deve ser um momento de autocuidado, de prazer, não uma obrigação.
Por vezes, as pessoas querem experimentar um produto novo, mas têm medo de não gostar, medo de desperdiçar dinheiro. Mas um produto não tem de ser aplicado só como diz no rótulo. É quase sempre possível reaproveitá-lo.
Sim, é o marketing. Não vamos aplicar um protetor solar à noite, como é óbvio. E, às vezes, o creme de noite pode ter retinol, que oxida com a exposição solar e faz sentido aplicá-lo à noite, ou então tem uma alta concentração de ácidos exfoliantes ou ácidos despigmentantes, que podem sensibilizar a pele. Mas tudo o resto pode, perfeitamente, ser aplicado na rotina matinal ou noturna sem qualquer problema. Outro exemplo: às vezes os protetores esfarelam quando aplicados no rosto [por incompatibilidade entre produtos aplicados, por exemplo] e, quando isso acontece, podemos aplicá-los nas mãos ou no peito. Outros cremes que não resultem, seja por que razão for, podemos sempre usar nos cotovelos, nos joelhos, nos pés. As zonas mais secas e calejadas precisam sempre de creme e assim dá para aproveitar o produto. É até uma questão de sustentabilidade.
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Por outro lado, é importante ler bem as embalagens, saber analisar e ter algum espírito crítico sobre aquilo que compramos, porque às vezes as pessoas compram coisas que nem sabem para que servem.
Que alteração é que uma pessoa pode fazer na sua rotina, imediatamente, e que faça logo uma grande diferença?
Vou dizer duas e nem é preciso gastar um cêntimo: trocar a toalha de rosto e a fronha com frequência. Às vezes, usamos a toalha de rosto para limpar outras partes do corpo, ou partilhamos a toalha e não devemos fazê-lo. Idealmente, deve ser trocada todos os dias. A fronha não precisa de ser diariamente, mas com frequência. Outra coisa: lavar o rosto de forma mais gentil e não usar escovas, as mãos servem perfeitamente.
Há pouco falávamos de manchas, um dos problemas que mais incomoda as mulheres, mas é um problema difícil de resolver, não é? As manchas não são todas filhas da mesma mãe. Há as pós-inflamatórias, as decorrentes da exposição solar, há o melasma. E o que funciona para um tipo, não funciona para outro.
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Sim, exatamente. Vemos, com muita frequência, em idades mais jovens, a hiperpigmentação pós-inflamatória, que eu também tive. Na sequência da acne surgem as manchas na pele, às vezes, devido a má cicatrização, ou por ter apanhado sol. São manchas que resultam de uma inflamação – pode ser a acne, pode ser uma ferida, às vezes, uma intervenção médico-estética mal realizada. Depois, temos os lentigos, que decorrem do efeito cumulativo da exposição solar ao longo dos anos – são aquelas manchinhas castanhas que as nossas avós têm nas mãos e nos braços, já para não falar do rosto, mas que estão muito presentes nas mãos, porque, lá está, são os parentes pobres, às vezes não vêem um creme. E depois há o melasma, que é o mais difícil de resolver, e que está relacionado com exposição solar, predisposição genética e tem também uma componente hormonal, podendo piorar com a gravidez ou a contraceção oral.
Que ingredientes recomenda para cada tipo de mancha?
Regra geral, os produtos têm mais do que um ativo anti-manchas na sua composição, e acaba por não ser um ativo isolado que faz o efeito, mas um conjunto, que pode incluir ácido tranexâmico, ácido azelaico, niacinamida, ácido kójico, tiamidol, retinol. Vamos procurar produtos com este tipo de ativos, mas não vamos esquecer que o principal problema é a exposição solar. É imprescindível evitar as horas de maior calor, usar roupa que protege, óculos de sol, chapéu, reaplicar o protetor solar a cada duas horas. De nada vale usar um sérum despigmentante se estas regras não forem cumpridas.
Temos que proteger a nossa pele da luz dos telemóveis e do computador com o mesmo cuidado que temos com o sol? Ou isso é marketing?
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A luz que é emitida pelos telemóveis é a luz azul, não envelhece, pelo menos, os estudos até ao momento mostram que não envelhece da mesma forma que a exposição celular. Contudo, há cada vez mais protetores solares que têm um filtro para essa luz. Acho particularmente interessante, quem tem manchas, utilizar um protetor solar, por exemplo, com cor, que vai ajudar aqui a filtrar essa radiação, protege, e tem maior eficácia nas manchas.
Iolanda Pereira desmistifica cuidados com a pele e revela segredos de beleza
Foto: DR
Mas, se aplicarmos um protetor solar com o devido zelo – no pescoço, no peito, nas orelhas, nas mãos – e em quantidade adequada, a cor vai transferir para a roupa, o que não é prático.
Sim, é verdade. Para proteger o rosto e o pescoço, por exemplo, devemos aplicar o equivalente a uma colher de chá de protetor. Aliás, costumo dizer, como não andamos com colheres nos bolsos, que o melhor é a regra dos três dedos: ou seja, aplicar uma linha de protetor solar em três dedos e essa será a medida indicada para o rosto e pescoço. E as pessoas dizem-me “ah, mas isso é muito”, e é assim que depois uma família inteira vai de férias para a praia e no fim, ainda sobra protetor. É impensável, no fim do verão, ainda haver protetor na embalagem. Significa que não estão a aplicar e a reaplicar em quantidade suficiente e as vezes que devem. Porque, idealmente, para o corpo devemos aplicar cerca de 30 a 45 ml, portanto, um protetor solar daria para cinco ou seis aplicações. E nós vemos famílias que vão de férias e o protetor 200 ml chega, sobra e ainda dá para partilhar com o vizinho.
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Mas, de volta à pergunta, esse é, de facto, um dos erros mais frequentes. As pessoas pensam que vão poupar tempo e dinheiro aplicando um protetor com cor, que vão fazer um dois-em-um, e depois, quando se vai ver a quantidade aplicada, é a cabeça de um dedo, porque as pessoas não querem ficar com efeito máscara. Além disso, os protetores solares têm poucas cores. As marcas vêm com a história do “tom universal”, mas isso é impossível. Portanto, a minha recomendação é aplicar o protetor e depois optar por um produto com cor – base, BB cream [blemish balm], CC cream [colour corrector], o que for – também com proteção solar, e que ajude a uniformizar o tom, e aí a pessoa pode escolher a cor, a textura e o acabamento de acordo com as suas preferências. Muitas mulheres preferem produtos de cor com uma textura mais fluída, e se for um protetor solar com cor, a fluidez e a pouca quantidade que se aplica vai comprometer a proteção.
A propósito de verão, qual é a sua opinião em relação aos produtos anticelulíticos? Dão resultado?
Eu não sou muito crente nos anticelulíticos, confesso, até porque para um anticelulítico fazer a sua ação teria de passar pelas várias camadas da pele e agir em profundidade e a capacidade que um produto de aplicação tópica tem para fazer isso é muito limitada. Muitas vezes, vemos produtos que têm estudos clínicos associados [com resultados positivos], mas não conhecemos todas as condições em que o produto foi aplicado, as condições a que as pessoas se submeteram. A alimentação, a prática de exercício físico, a ingestão de água, a frequência com que se aplica o produto, tudo isto são fatores que vão acabar por influenciar os resultados. E mesmo com todos estes cuidados adicionais [e hábitos saudáveis em adição à utilização do anticelulítico], muitas vezes a celulite não desaparece. Portanto, são produtos em que não gasto dinheiro e que não recomendo. Para combater a celulite, devemos mexer-nos, ter uma alimentação saudável, ingerir água em quantidade adequada, e depois, se eventualmente continuar a ser um foco de preocupação, se calhar ponderar a medicina estética.
Depois de meses a lutar contra irritações, textura irregular e breakouts constantes, nada parecia funcionar na minha pele. Foi então que decidi testar a K-Beauty – e os resultados surpreenderam-me desde o primeiro dia.
Lutar contra o acne pode ser um desafio constante na busca por produtos milagrosos. No entanto, a chave para uma pele saudável reside na escolha cuidadosa dos ingredientes, evitando aqueles que podem agravar o problema, como nos conta uma dermatologista.
Os green juices conquistaram as redes sociais e tornaram-se uma opção popular para as rotinas matinais. Este batido verde diz ajudar a reduzir a barriga inchada, melhorar a digestão e promover uma pele mais brilhante, mas como é feita, afinal, esta bebida?