1. Antes de mais, o que levou uma arquiteta a interessar-se pelos mundos da aplicação de unhas de gel e dos vernizes, a ponto de desenvolver um negócio de sucesso?
A ideia da Nails4´Us surgiu, em 1999, para resolver uma necessidade que considerava ser minha e de outras mulheres e que consistia em termos um local dedicado ao embelezamento de unhas, com muita qualidade e com tecnologia que permitisse alongá-las, sempre mimetizando as unhas naturais.
Não tinha consciência da dimensão que a empresa viria a tomar. Pensava que podia exercer a arquitetura, tendo a Nails4´us como complemento. Mas, depressa, a empresa tomou proporções que me obrigaram a estar-lhe dedicada a cem por cento. Considero ser a única forma de ter um negócio com sucesso, em conjunto com muita paixão...
2. Sendo que a marca é 100% portuguesa e que foi pioneira neste segmento de mercado, em Portugal, como sente que foi recebida no início?
No início não divulgávamos que a Nails4´Us era uma marca portuguesa. Não havia essa consciência, nem para o bem nem para o mal... A decisão de um nome em inglês surgiu, simplesmente, por eu não gostar da sonoridade da palavra unha. Mas, efectivamente, devido ao nome, as clientes pensavam que eramos uma marca americana e ficavam espantadas quando dizíamos que a marca era portuguesa, apesar de os produtos não o serem. Era como se achassem: "Como é possível terem qualidade, sendo portugueses?!". Ainda hoje existe a convicção de que somos os representantes de um franchising americano.
3. Ao longo do tempo tem alargado o número dos seus quiosques e lojas, chegando a Madrid e a Luanda, apesar da recessão. De que forma tem contornado a crise?
Numa altura tão desfavorável às empresas é importante manter a qualidade dos produtos e nunca cair na tentação de baixar o custo da matéria-prima.
Incluimos um serviço low cost para oferecer a clientes que necessitam desta atenção. O nosso novo produto NailUp Home Kit foi também pensado como uma forma mais económica de as mulheres terem as unhas sempre bonitas, podendo embelezá-las em casa com um produto fácil de aplicar e seguro para o seu uso.
4. Elevou para um patamar superior o conceito de unhas de gel. Que características diferenciam a Nails 4’Us da concorrência direta e, até, da indireta, neste último caso as manicures ditas de bairro?
Muita coisa, mas principalmente a formação que propiciámos às nossas técnicas, a qualidade das localizações e das instalações, e a elevada qualidade das matérias-primas. Só trabalhamos com produtos que estão conforme a legislação europeia de cosmética e que se encontram legalizados pelo Infarmed. Temos os seguros em dia, pagamos impostos e devolvemos o IVA ao Estado, como empresa de bem que somos e no respeito pela Lei.
E temos um escritório central com linha de apoio disponível para as nossas clientes, pois elas são a razão única da nossa existência.
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5. Ao longo destes anos tem notado uma maior preocupação das portuguesas com o embelezamento e cuidados da mãos, em particular das unhas?
Imenso! É uma preocupação transversal a todas as mulheres que estão muito conscientes da necessidade de ter umas unhas bonitas e bem tratadas.
6. Sente que ainda há muito a desmistificar no que diz respeito às unhas de gel?
Ainda há e cito-lhe exemplos: que as unhas não "respiram", que o gel faz mal à saúde e que a aparência é a de umas unhas grossas e, por isso, feias e artificiais. Na verdade, as unhas não respiram, mas recebem, contudo, oxigénio através dos vasos sanguíneos da base da unha. São constituídas por queratina, uma proteína fibrosa, por cálcio, ferro e lípidos. Toda a sua base é protegida pela cutícula que a circunda e que não deve ser retirada, pois possibilita infecções e é este o pior erro que se pode cometer.
A ideia de que o gel remove as camadas da unha, deixando-as fracas e em más condições, é errada. A nossa responsável técnica, a engenheira Maria Guimarães, esclarece sempre que o enfraquecimento das unhas deve-se, sobretudo, a deficiências nutricionais que indiciam, normalmente, uma falta de cálcio, de zinco e de vitaminas A, B e E, que são, como se sabe, nutrientes essenciais para a constituição da unha. As unhas de gel são extremamente resistentes e têm um papel fortalecedor, uma vez que protegem a unha natural à medida que esta vai crescendo cada vez mais saudável. São, por isso, uma excelente solução para quem tem unhas fracas e quebradiças, assim como para quem tem o vício de as roer. O gel pode e deve ter a aparência natural, com espessura fina, e são estas as unhas, principalmente quando se coloca gel de cor, que passam por unhas com aplicação de verniz.
7. É importante para a sua marca o reconhecimento que tem recebido, como, por exemplo, a Menção Honrosa atribuída, este ano, pelo júri do Prémio Máxima de Beleza e Perfumes?
Todo o reconhecimento é importantíssimo e trabalhámos muito para o conseguir! Como sabe, fomos a única marca portuguesa distinguida por esse júri, o que nem sempre acontece, e ombreámos com marcas internacionais de renome. O nosso produto NailUp Home Kit, que mereceu essa distinção que muito nos honra, é excelente e vem de encontro a uma necessidade crescente que é a de as nossas consumidoras poderem aplicar o verniz-gel em casa, com um produto seguro para o seu uso.
8. Há uma vontade cada vez maior de expandir a marca a nível internacional?
Claro que sim! É importante ter massa crítica e economia de escala.
9. Quanto à nova coleção para este Outono/Inverno, quais serão as cores predominantes?
A selecção das cores foi realizada mediante um inquérito a cinco homens bem considerados nas suas profissões, distintos entre si, mas unidos pelo fair play pessoal e pelo elogio à beleza feminina, os quais participam na campanha publicitária Nails4’Us que já está em divulgação, nomeadamente na Máxima. Cada um deles assinalou as cores de verniz que mais admira em diferentes mulheres, em diversas ocasiões, o que resultou na selecção final do vermelho profundo burgundy, do encarnado vibrante, do pérola com tons de rosa e lilás, do nude taupe e do metalizado suavemente malva. Assim, do clássico reinventado ao trendy, a Nails4’Us volta a apostar em cores de vernizes que podem ser usados por qualquer mulher em qualquer ocasião, porque a liberdade é o mote e as cores dos vernizes revelam, indubitavelmente, a personalidade de quem os usa.
10. De facto, a sua nova campanha de publicidade tem esses cinco homens e os vernizes que eles elegeram... Afinal, os homens dão mais atenção às mãos das mulheres do que se pode julgar...
Estou certa que os homens lhes dão imensa atenção... Os homens gostam de ver as mulheres cuidadas e isso passa pelas mãos, pois são as mãos que os acariciam. Os homens estão atentos e sabem muito bem o que gostam e o que não gostam. Temos algumas clientes que começaram a colocar gel por insistência dos maridos! Recentemente, chegou-me às mãos um vale-oferta que dizia: “Meu amor, para ti o melhor”. Fiquei feliz, pelo cuidado desse homem com as unhas da sua amada, e pelo melhor, que é a Nails4´Us...
11. Quais as cores de vernizes que mais vende?
As cores mais vendidas em verniz, em gel ou em verniz gel são os tons leitosos, os encarnados e os rosas.
12. Considera que as mulheres portuguesas são tradicionais ou conservadoras nos tons de vernizes que usam, ao enveredarem quase sempre pelo encarnado, pelo rosa, pelo beje, etc.?
Considero que a mulher portuguesa é uma heroína que se desdobra em inúmeras tarefas, sobrando pouco para si. A mulher precisa de ter disponibilidade para experimentar e descobrir novas cores, tendências e para se cuidar e… arriscar. Quando falo de disponibilidade, falo das disponibilidades financeira e de tempo. Não sendo assim, é mais fácil e seguro continuar no tradicional, e isso aplica-se também à cor do verniz. Há, obviamente, felizes excepções.
13. Como se poderá levar a nova geração a usar tons de vernizes mais fashion, mais ousados?
A nova geração já caminha nesse sentido. A internet veio ajudar bastante na divulgação das tendências.
14. Crê que ainda há normas para usar as cores de vernizes, isto é, no trabalho, numa festa, à noite, nas diferentes estações do ano, como acontece com a maquilhagem e, até, com os perfumes? Ou vale tudo, como parece estar a acontecer no mundo da moda?
Acredito no vale tudo, desde que prevaleça o bom senso e a coerência.
15. Ainda existe o preconceito que certas cores de vernizes só ficam bem a mulheres mais novas e outras a mulheres que não o são?
Considero que há cores que precisam de enquadramento ou correm o risco de não fazerem sentido. Isto não tem nada a ver com a idade e aplica-se a vários temas. A palavra-chave é: coerência. Um bom exemplo é a Iris Apfel, com os seus 93 anos de idade, que diz, com muita graça: “Quero ser a adolescente mais velha do mundo”...
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14. A Magda tem alguma cor ou algumas cores preferidas?
Tenho imensas! Todos os tons nude com muito brilho purpurinado, o eterno encarnado escarlate, os tons pratas e dourados e o taupe... Gosto de olhar para as mãos e sentir luxo. O verniz é luxo! É mais uma jóia nas mãos e, por isso, tem de ser especial...
15. Qual a cor ou quais as cores que nunca usaria?
Não digo "Nunca!". Só posso enumerar cores que, neste momento, não me vejo aplicar: preto, porque não considero que fique bem com o meu tom de pele muito moreno; bordeaux, porque olho para as minhas mãos e tomo consciência da minha idade; e os rosas, porque não estou numa fase rosa no que se refere ao tom das minhas unhas.
16. Quando é que começou a gostar de vernizes e a pintar as suas unhas? Teve a influência de alguém?
Tive, muito cedo, a consciência da importância das mãos porque tive aulas de piano. E, não sei se por isso, sempre apreciei mãos. É normal que durante uma conversa, e quando as mãos são, efectivamente, merecedoras de atenção, os meus olhos acompanhem os movimentos das mesmas... Nunca pintei as unhas com verniz, pois não gostava de ver o verniz "descascado", o que, há 20 anos, acontecia rapidamente. Comecei a pintar com gel e a ter consistência da dificuldade que era encontrar um local que fizesse bem esse trabalho. Foi assim que nasceu a Nails4´Us, como disse há pouco...
17. A Magda tem nos seus óculos e nas cores de vernizes que usa verdadeiros statements, o que é pouco comum nas mulheres portuguesas. Gosta de marcar a diferença num país que pouco ou nada arrisca nesse particular?
Não procuro marcar a diferença, felizmente, porque tenho liberdade para usar o que gosto e porque me apetece fazê-lo, e facilmente recorro a objectos que estão fora das normas convencionais. Em relação aos óculos, fui movida um pouco pela vontade de “make a feature of it!”, pois usar óculos a tempo inteiro não é fácil e já que tinha de os usar, que os mesmos fossem especiais. Relativamente à cor nas unhas, procuro mostrar cores que não sejam a primeira escolha das outras mulheres... É esse o meu trabalho. É recorrente eu ouvir clientes dizerem-me que o gel que tenho nas unhas é lindo, mas quando pergunto se também o querem aplicar, as respostas são: "Eu não tenho estilo" ou "Não posso usar!"...
18. Quando encontra uma mulher, no que é que a Magda repara de imediato?
Faço um reconhecimento facial, e, obviamente, procedo do mesmo modo em relação às unhas e às mãos. As que considero interessantes e que a distância física o permite, são “scanadas” por completo. Adoro observar mulheres esteticamente interessantes. Há sempre algo que se aprende. Sempre que posso, e se for sentido, dou-lhes um elogio.
19. Finalmente, o que é que as mãos e, em particular as unhas, dizem de uma mulher?
De uma mulher não sei, pois somos seres muito complexos. Apenas sei de mim... Dizem que gosto de tudo o que brilha.
20. Já agora, o que é que as mãos e as unhas também dizem de um homem?
Dizem muito, mas isso deve ser um segredo só nosso.
