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Beleza

Mato por um chocolate!

Saborear um quadrado de chocolate é provavelmente um dos maiores prazeres. O problema é quando isso se torna uma adição.

Mato por um chocolate!
Mato por um chocolate!
26 de setembro de 2011 às 13:51 Máxima

Há quem lhe chame gula. Outros, puro prazer. Dos autênticos, orgástico! Por isso só equiparado ao sexo. Um quadrado de chocolate entre a língua e o palato (por mim, quero-o negro e amargo, mas há quem o prefira de leite ou branco) faz milagres. Alivia a tensão e dissipa a tristeza. Depois de uma pequena barra de 50 gramas recuperamos a alegria. O chocolate tem um efeito apaziguador, não há nada a fazer! Será por isso que é tão fácil ficarmos ‘agarradas’ a ele?

“Os alimentos cobrem as nossas necessidades biológicas, mas também evocam os nossos desejos vitais, desejos que são do nosso foro íntimo, da nossa subjectividade”, escreve Isabel Menéndez no livro Alimentação Emocional – a relação entre emoções e distúrbios alimentares (Círculo dos Leitores).

Depois de uma pequena barra de 50 gramas recuperamos a alegria... Será por isso que é tão fácil ficarmos 'agarradas' a ele?

Quanto à possibilidade do chocolate criar habituação, a médica especialista em medicina interna Judite Henriques, directora da Clínica Maria Lamas, diz que a maioria dos cientistas concorda que isso não se verifica. “Alguns pensam que o chocolate é o rei dos placebos e que só produz os efeitos que o povo lhe quer atribuir”, comenta.

No entanto, o chocolate pode afectar o cérebro causando a libertação de neurotransmissores que conduzem ao bem-estar, concorda. “A quantidade de determinados neurotransmissores num dado momento pode ter um grande impacto no nosso humor. Neurotransmissores de ‘boa disposição’ como as endorfinas e outros opióides podem ajudar a reduzir o stress e levar a sensação de euforia”, esclarece a especialista, sublinhando que daí resulta a ideia de que o chocolate é um alimento de conforto. Outro dos neurotransmissores libertado pelo chocolate “é a feniletilamina, também chamada a anfetamina do chocolate”, prossegue, esclarecendo que esta “causa alterações na pressão arterial, acelera o pulso, e alterações nos níveis de açúcar no sangue, levando a sensações de excitação e alerta”.

As substâncias que entram na composição do chocolate, e que são mais de 300, têm numerosos efeitos no nosso corpo através do sistema nervoso central, recorda ainda Judite Henriques, destacando mais uma delas: a teobromina. Define-a: “É outro químico encontrado no chocolate que pode afectar o sistema nervoso central. Tem propriedades que podem levar ao relaxamento físico e mental, mas também actuam como estimulante similar à cafeína. Parece ser mesmo verdade que comer chocolate aumenta a sensação de euforia bem como diminui o stress e a dor.”

Alexandra Bento, nutricionista e presidente da Associação Portuguesa dos Nutricionistas, explica que do ponto de vista nutricional “o chocolate é fonte de proteínas, gorduras, cálcio, magnésio, ferro, carotenos, vitamina E, vitamina C e vitaminas do complexo B”. E assegura que trabalhos com

base científica têm vindo a demonstrar que o consumo moderado do chocolate, “especialmente o negro e amargo, pode exercer efeitos protectores contra o desenvolvimento de doença cardiovascular”. Este efeito cardioprotector ficar-se-á a dever, diz, “à presença dos flavanóides do cacau, especialmente ácido gálico e epicatequinas”.

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Com isto, parece termos encontrado justificação para saborearmos o chocolate do nosso contentamento? De certa forma, sobretudo se ele for negro, já que é este que concentra maior quantidade de cacau, logo também a maior quantidade de compostos fenólicos. “Além do chocolate branco possuir menor quantidade de antioxidantes, a sua absorção intestinal também pode ser prejudicada por interferência das proteínas do leite”, esclarece a nutricionista, sublinhando que estes factores associados ao facto deste tipo de chocolate ter, por norma, maior adição de açúcar, fazem do chocolate negro uma escolha também mais saudável.

“O chocolate amargo é feito com grãos de cacau torrados sem adição de leite”, prossegue, explicando que, de acordo com as normas europeias, o chocolate preto deve usar um mínimo de 35 por cento de cacau, enquanto o de leite no mínimo 25 por cento. No que respeita à confecção, “o de leite leva leite ou leite em pó, o branco manteiga de cacau, leite, açúcar e lecitina, podendo ser acrescentados aromas, como, por exemplo, o de baunilha”.

Apesar do resultado de alguns trabalhos de investigação se apresentarem interessantes, ainda não é possível tirar conclusões definitivas acerca da relação entre o consumo de chocolate negro e a diminuição do risco de doenças cardiovasculares, recorda Alexandra Bento.

A ORIGEM DO PRAZER

. A relação entre o acto de comer e a sexualidade, segundo Freud: o pai da psicanálise explica que o primeiro prazer do ser humano se estabelece na amamentação, onde a boca é o órgão privilegiado, estabelecendo o contacto entre a criança e a mãe. Desta forma, a via oral torna-se a zona que desperta a libido.

. Estando o chocolate ligado à sensação do prazer, alguns indivíduos viciam-se nele.

. Comem sem vontade, umas vezes porque se dizem tristes, outras contentes, de forma compulsiva.

. Com este comportamento, pretendem é repetir a sensação de prazer, muitas vezes para fugir à ansiedade, ou a uma sensação de angústia ou sofrimento.

. No fundo, o que desejam mesmo é eternizar o momento de prazer que serve como um pequeno alívio – é uma espécie de solução temporária para os seus males, que ainda por cima é possível repetir sempre.

. A relação entre o acto de comer e a sexualidade, segundo Freud: o pai da psicanálise explica que o primeiro prazer do ser humano se estabelece na amamentação, onde a boca é o órgão privilegiado, estabelecendo o contacto entre a criança e a mãe. Desta forma, a via oral torna-se a zona que desperta a libido.

. Estando o chocolate ligado à sensação do prazer, alguns indivíduos viciam-se nele.

. Comem sem vontade, umas vezes porque se dizem tristes, outras contentes, de forma compulsiva.

. Com este comportamento, pretendem é repetir a sensação de prazer, muitas vezes para fugir à ansiedade, ou a uma sensação de angústia ou sofrimento.

No entanto, esclarece que os estudos existentes “revelam que uma pequena quantidade de chocolate preto pode ser benéfica, desde que consumida como parte de uma alimentação saudável, acompanhada de níveis apropriados de actividade física para evitar problemas de ganho de peso”. A quantidade certa para promover os tais efeitos positivos não se sabe ao certo, sabe-se apenas que deve ser pequena.

Quanto à possibilidade de acrescentar uns quilinhos a mais ao peso ideal com o consumo de chocolate, ela só se desenha se a sua ingestão for excessiva. E neste caso, e no limite, pode mesmo levar ao desenvolvimento de obesidade e todas as doenças associadas, segundo Alexandra Bento. A nutricionista explica a propósito: “Todos os alimentos, excepto a água, contêm energia (quilocalorias). Logo, ingeridos em demasia, podem engordar. No entanto, existem alimentos com valores calóricos diferentes. O chocolate é um alimento com elevado valor calórico já que 100 gramas de chocolate de leite contêm cerca de 546 quilocaloriasl.”

O chocolate é bom e relaxa. E por tudo isto, e com base nisto, quantas vezes nos perdemos num quadrado atrás do outro? Preto ou de leite, em barra, numa massa de bolo, em gelado só ou com extras, ou em recheio de chocolate, os grandes apreciadores deliciam-se com ele nas suas diferentes formas. Alguns até mesmo de forma compulsiva.

Judite Henriques diz que é compreensível que quem já tem compulsões e problemas psicológicos procure o chocolate na tentativa de alcançar bem-estar, mas esclarece que a terapia é do problema psicológico, qualquer que seja a compensação utilizada. Quanto às propriedades afrodisíacas que lhe são atribuídas, diz que, apesar de não existir qualquer estudo médico que comprove esta teoria, ela faz algum sentido, “se combinarmos a capacidade da feniletilamina em acelerar o coração, as sensações de euforia da anandamida, o poder de relaxamento da teobromina e de outros neurotransmissores do prazer dispersos no cérebro”.

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