O fim dos seios grandes?

Hoje estão em voga os bustos gráceis, cúmulo do lt;emgt;sex-appeallt;/emgt;. Ditame da moda ou fenómeno sociológico mais profundo?lt;br /gt;

O fim dos seios grandes?
28 de março de 2012 às 09:13 Máxima

“Adoro o meu peito pequeno!” Esta declaração recente e quão essencial de Paris Hilton teve o efeito de uma pequena bomba na Internet. Paris, a rainha da noite, Paris, sempre na crista da onda, Paris, a it girl por excelência, assume alto e bom som o seu busto pequeno? O que se passa? Estaremos no dealbar de uma revolução mamária ou terá Paris abusado, mais uma vez, de substâncias ilícitas? Dir-se-ia tratar-se da primeira hipótese. Para provar ao mundo inteiro a sua boa-fé, a herdeira oxidada pavoneou-se todo o Verão de T-shirt com decote em V, ultrajusta e ligeiramente transparente, sem soutien – exercício mais do que perigoso para uma pobre copa 34. Impõem-se, então, duas constatações. Primeira: Paris não mente, sai mesmo ao pai. Segunda: não só não se importa como parece até orgulhar-se disso.

Uma reviravolta que merece que lhe dediquemos um pouco mais de atenção. Não é esta a mesma Paris Hilton que, ainda não há dois anos, desenvolvia para a marca de lingerie Victoria’s Secret um revolucionário soutien push-up para peitos pequenos com problemas de reconhecimento? “Este soutien mágico dar-lhe-á a ilusão de possuir uma bela copa 38”, bradava ela aos quatro ventos. Não há dúvida de que alguma coisa se passa. Com toda a certeza, os bustos opulentos já não estão na moda, e os seios pequenos tomam o poder. Basta deitar uma olhadela às passadeiras vermelhas: eles estão por todo o lado. Cate Blanchett, Agyness Deyn, Kate Moss, Keira Knightley, Carla Bruni-Sarkozy, Inès de la Fressange, Tilda Swinton… todas elas ostentam um busto discreto. E nem pensam em escondê-lo por detrás de um soutien almofadado ou de peças modeladoras. Pelo contrário, orgulham-se dele. “E com toda a razão!”, exclama Chantal Thomass, rainha da lingerie sexy. “O peito pequeno tem muita classe. É chique, elegante. E tem um trunfo importante sobre um peito avantajado: pode dispensar o soutien sem que isso seja indecoroso.”

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Charlotte Gainsbourg compreendeu-o bem. Como digna filha da sua mãe, sempre assumiu os seus seios pequenos sem nunca procurar travesti-los. A novidade? De há algum tempo para cá, não só os assume como os mostra. O seu amado estilista, Nicolas Ghesquière, dedica-se à lingerie e produz um soutien caicai de renda preta? Ela usa-o sem quaisquer complexos, debaixo de uma camisa aberta até ao umbigo. A mensagem é clara, não? “É um eterno recomeço”, prossegue Chantal Thomass. “A moda dos seios pequenos nos anos 20, a das ‘bimbas’ nos anos 90, e o regresso, actualmente, a um peito pequeno, estão directamente ligados às tendências. A moda no vestuário e o trabalho dos estilistas têm uma importância capital na morfologia que as mulheres desejam ter ou não. Neste momento, os seios pequenos são favorecidos porque a moda actual assim o dita. Os cortes são justos, apertados. Assistimos a um grande regresso ao vestido direito ao estilo de Courrèges – perfeito para um busto diminuto, mas desvantajoso para os maiores. Torna-se pesado, inadequado e vulgar.”

Se, segundo Chantal Thomass, a moda é, em parte, responsável por esta reviravolta, para os sociólogos a verdadeira razão é outra. A crise, mais uma vez, terá as suas responsabilidades. A sociedade actual busca valores-refúgio. Procura a verdade, o natural, a autenticidade, foge de toda a espécie de artifícios. Rejeita tudo o que é bling-bling e espampanante. Em suma, é recessionista até à quinta casa. Os dias de “bimbas” como Pamela Anderson estão contados.

Os cirurgiões estéticos confirmarão esta tendência? “Sem dúvida!”, afirma Patrick Bui, cirurgião plástico. “As minhas pacientes querem um peito mais discreto. No nosso jargão falamos de próteses low profile, mais pequenas e mais fixas, que implicam menos projecção do que antes.” Quais as razões que as clientes avançam? “Querem mais liberdade, mais leveza e menos visibilidade. Não querem dar nas vistas. Por último, procuram a naturalidade e a discrição. Se há dez anos ainda me pediam copas 36 ou 38, hoje pretendem uma bonita copa 34. Algumas das minhas clientes vão mesmo ao ponto de me fazer trocar próteses antigas por outras mais pequenas.” Uma tendência confirmada e reivindicada pelos quatro cantos do mundo. Sites e blogues como smallbustbigheart.com pululam na Net. A sua missão é elogiar as mil e uma vantagens de uns seios pequenos e passar em revista as marcas de lingerie que propõem bonitos modelos de soutiens especiais para “tábuas de passar a ferro”, porque… sim, elas existem! Conclusão: os peitos grandes podem ir remodelar-se. Palavra de peito pequeno…

Exclusivo Madame Figaro. Tradução de Maria Eugénia Colaço

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