Tenho oscilações de humor que me prejudicam. Como saber controlar-me mais?
Elizabete, 36 anos, Beja.

Na semana antes da menstruação costumo sentir-me muito irritada e vulnerável e, se entre mulheres costuma ser motivo de brincadeiras, sinto mesmo que tem implicações negativas na minha vida profissional e conjugal. Por vezes perco o controlo e fico muito alterada. Será normal? O que posso fazer para melhorar?
Cara Elizabete, quero felicitá-la pela capacidade de se refletir e procurar compreender algumas oscilações emocionais que parecem ocorrer ciclicamente, bem como pela determinação em encontrar soluções.
De acordo com o que expõe, tal poderá tratar-se da síndrome pré-menstrual (SPM), também conhecida por tensão pré-mentrual. Todavia, será sempre importante verificar com o seu médico ginecologista e/ou com um psicólogo clínico, que poderão ajudá-la num diagnóstico adequado (diferenciando de outras situações que poderão apresentar sintomas semelhantes), bem como a encontrar soluções para a sua situação específica. Deixarei contudo algumas notas sobre esta síndrome, que poderão ajudá-la a identificar possíveis pistas para mais bem-estar.
Vários estudos indicam que uma grande percentagem das mulheres sofre de síndrome pré-menstrual, cujos sintomas são de ordem física e emocional e ocorrem ciclicamente na segunda metade do ciclo menstrual (entre a ovulação e o início da menstruação). Entre estes sintomas, que podem variar em qualidade e intensidade de mulher para mulher e mesmo de ciclo para ciclo menstrual, podemos encontrar tensão mamária, dores na zona abdominal, fadiga, dores de cabeça, acne discreta, inchaço, entre outros sintomas físicos, para além de sintomas depressivos, alterações de apetite, alguma vulnerabilidade emocional e irritabilidade.
Muitas mulheres queixam-se que estas alterações emocionais têm impacto significativo nas suas vidas relacionais, em termos familiares e profissionais, sendo que o facto de tal ser reconhecido e identificado pode desde logo ser um bom começo para maior harmonia. Alguns estudos referem que exercício físico regular, bem como sonos adequados podem ser uma grande ajuda para estas fases de maior vulnerabilidade em termos de humor. Há ainda algumas sugestões científicas no que toca à alimentação, nomeadamente comer alimentos ricos em ómega 3 (salmão e nozes, por exemplo), cálcio e vitamina D (espinafres, avelãs, lacticínios, etc.), e evitar cafeína, sal, doces e gorduras, bem como cigarros e bebidas alcoólicas.
Nestes períodos, gerir emoções torna-se mais desafiante pelo que partilhar com os mais próximos a fase do mês em que está, poderá facilitar a gestão relacional. Por exemplo, estando numa relação conjugal, tal deve ser partilhado (para que possa ser compreendido pela outra pessoa) e estratégias conjuntas devem ser encontradas. Mesmo numa relação homossexual, ambas as mulheres poderão ter sintomas e necessidades afetivas diferentes (é importante clarificar). Conversar fora destes momentos de tensão emocional, pode ser facilitador de melhores estratégias a implementar nestes dias mais turbulentos.
Do ponto de vista profissional, outras estratégias podem ser encontradas, nomeadamente evitando deixar para estes dias decisões mais difíceis, ou situações de maior stress relacional. Considerar que está numa fase mais sensível à priori, poderá ainda ajudar a desvalorizar ou relativizar uma enorme irritabilidade emergente por algo não estar a correr de acordo com as suas expectativas.
Por outro lado, se tal é importante em todos os momentos do mês, nesta altura torna-se fundamental retirar momentos de relaxe em que possa estar sem pressão de tempo ou outras exigências externas. De alguma forma, procurar gerir a agenda de forma a ter tempo para um passeio, mais tempo de sono, um cinema, meditação, o seu hobby de eleição, ou outra atividade que considere ter um impacto positivo no seu bem-estar emocional. No caso de viver em família, considere sempre este planeamento partilhado, fora do período da tensão maior, e preferencialmente cultivando o sentido de humor nestas particularidades de ser mulher, de forma a obter melhores resultados.
Se os sintomas persistirem e se tornarem a seus olhos incapacitantes ao nível emocional e/ou relacional, não hesite em recorrer a ajuda de um profissional de psicologia e/ou ginecologia que consigo poderão ver as melhores opções.
