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Sou workaholic e não consigo parar. O que posso fazer?

Daniela, 38 anos, Lisboa

13 de maio de 2015 às 07:00 Dra. Catarina Rivero

Trabalho na área do Marketing há alguns anos e gosto muito. Porque sou ambiciosa, tenho dedicado grande parte da minha vida ao trabalho, onde vou acumulando responsabilidades, com enorme entusiasmo e bom retorno em termos de carreira. Acabo sempre por dedicar algum tempo dos fins-de-semanas e férias para ir dando resposta às responsabilidades e compromissos assumidos, mas tal nunca foi um problema. Sempre achei que estava a gerir tudo bem. Acontece que nas últimas férias, a pedido do meu marido, não levei trabalho e senti uma enorme dificuldade em relaxar, a sentir-me muito agitada e mesmo aborrecida, enquanto todos na família disfrutavam da estadia naquele ótimo hotel à beira-mar. Dei-me conta que não estou a conseguir parar. O que posso fazer?

 

Cara Daniela, desde já a felicito pelo sucesso na carreira, bem como pela capacidade de se dedicar às suas ambições profissionais, que parecem ser motivo de grande satisfação.

Muitas vezes as múltiplas exigências e ambições pessoais acabam por levar a alguma dedicação que pode ser positiva até determinado ponto, mas pode comprometer outras áreas da vida, se forem excessivas. É importante acima de tudo conhecermos as nossas prioridades e necessidades. Percebermos as diferentes áreas de vida onde nos realizamos, de modo a podermos encontrar um equilíbrio. Parar, pese embora não seja valorizado em termos sociais, é fundamental quer do ponto de vista da saúde física e emocional, quer de criatividade e produtividade no trabalho e, claro, no bem-estar relacional nas diferentes áreas das nossas vidas.

Parece de facto ter ficado preocupada por não conseguir estar serenamente num contexto fora do profissional e por isso talvez seja tempo de refletir sobre qual a função da carreira na sua vida. Em que medida outras áreas da vida a preenchem? Em que momentos consegue estar em contacto consigo própria? Passar um dia sem agenda pré-definida? Por vezes acontece que correr para o sucesso e valorização no trabalho passa a ser a norma e sem essa energia e retorno dos outros, a vida possa ser sentida como vazia. Nestas fases, poder ser interessante fazer um trabalho de psicoterapia de modo a perceber melhor os processos psicológicos inerentes a esta forma de estar e de se relacionar com a vida. Pode começar por tirar mais momentos (de início não demasiado longos) sem trabalho e experimentar algumas atividades não produtivas do ponto de vista profissional como ler, passear, conversar com familiares e amigos, cuidar de plantas, ouvir música, pintar, escrever ou outra atividade que goste. Aos poucos ganhar perspetiva sobre a vida que está a viver e a vida que pode escolher viver. Muitas pessoas têm ganhos significativos também através da meditação (diferentes técnicas que podem ser aprendidas com profissionais certificados). De alguma forma ir (re)descobrindo o sentido que quer dar aos seus dias, mantendo o entusiasmo e profissionalismo no trabalho, mas aos poucos criando outros espaços para as outras áreas da sua vida, em que contemplar o mar possa eventualmente voltar a ser um prazer e uma forma de relaxar.

 

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