Sienna Miller fala sobre a gravidez secreta que interrompeu aos 23 anos
Numa entrevista ao jornal The Guardian, a estrela de 'Anatomia de um Escândalo' contou como o interesse obcecado por parte dos tabloides britânicos a impactou e recordou a sua relação com o produtor Harvey Weinstein.

Os primeiros anos de 2000 foram loucos para Sienna Miller, altura em que a atriz, hoje com 40 anos, ganhava popularidade e reconhecimento em Hollywood. Mantinha uma relação com o também ator Jude Law e era admirada por ser uma it girl, rótulo que hoje nega. O facto de trabalhar com Harvey Weinstein, condenado por abuso sexual em 2020, no filme Factory Girl, de 2006, apenas levou a que os paparazzi a "espiassem" mais, partilhando todo e qualquer detalhe sobre a sua vida profissional e pessoal.
Ao jornal The Guardian, a norte-americana conta agora que foi a sua relação com Law que terá prevenido com que se tornasse mais uma das vítimas do produtor. "Eu era namorada de Jude e provavelmente havia proteção nisso. Ele era um grande ator para Harvey." Além disso, "chamei-lhe avôzinho (pop´s em inglês) desde o primeiro dia, o que certamente ajudou" a que não fosse sexualizada.

Recorda também como acreditava que para se ser reconhecida como atriz, Harvey tinha de gritar com ela e fazê-la chorar. Certa vez, enquanto estava a ensaiar, pediu-lhe para ir ter com ele ao seu escritório, pois Miller aparecia constantemente nos meios de comunicação e passava as noites em festas, algo que desagradava a Weinstein. "Ele estava ali ao pé de mim enquanto eu estava sentada numa cadeira, com os lábios a tremer, e depois ele fechou a porta com força, e eu desatei a chorar." A atriz conta que Weinstein voltou a entrar no escritório apenas para dizer "isto é só porque estou muito orgulhoso de ti", desaparecendo logo de seguida. "Pensei que todos os produtores de Hollywood eram assim. Que aquela era genuinamente a maior validação que ele me podia dar. Estava tão grata. Não tinha medo dele, e não tinha noção que ele violava pessoas."


Outra situação insólita que marcou a juventude da norte-americana foi o aborto que fez em 2005, quando tinha 23 anos. A atriz, atualmente protagonista da série da Netflix Anatomia de um Escândalo, tinha acabado de se separar de Law, depois deste a trair com a ama dos seus filhos. A gravidez era segredo. Esse ano foi um "inferno", admitiu ao The Guardian na mesma entrevista. De acordo com a atriz, a informação, inicialmente avançada pelo The Sun, foi obtida ilegalmente, alegando que alguém ligou para o seu médico a requisitar documentos pessoais. "Olho para trás e é como se se tratasse de um filme estranho. Outro universo."

Miller pensou em processar o jornal do News Group Newspapers Ltd, mas acabou por chegar a um acordo extrajudicial com o meio alguns anos mais tarde. Trouxe-me "uma quantia espantosa de dinheiro, mas não é nada próximo do que possam imaginar. É uma gota no oceano. Eles ganharam, essencialmente." No fim da entrevista, concluiu que, mesmo com todos os altos e baixos, viveu bem o início dos seus 20 anos e que hoje é uma pessoa feliz.

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Crónica. Sinto nojo de quem proíbe o aborto
"Imagino as mulheres a voltarem à faca que mata, em quartos kafkianos exíguos, sujos. É o corpo delas, é o nosso corpo. E novamente outro inferno, o de Dante."