Record implementa medidas contra preconceitos e ódios nas redes

Na passada terça-feira, 10, a segunda edição da Gala das Campeãs Record BPI destacou-se como um momento marcante de celebração das conquistas de jogadoras, treinadoras, dirigentes, e atletas olímpicas e paralímpicas. Este evento não se limitou a reconhecer os feitos desportivos e entregar prémios, mas foi também uma oportunidade para refletir sobre os desafios que as mulheres ainda enfrentam no desporto. Entre as figuras homenageadas, estiveram grandes nomes como Kika Nazareth, estrela do futebol feminino, e Patrícia Sampaio, judoca de renome.

Esta gala, além de premiar as vitórias desportivas, serviu de palco para recordar que o caminho para a igualdade de género no desporto está longe de estar concluído. Bernardo Ribeiro, diretor do Record, tocou num ponto crucial no seu discurso: "Vamos ver passar muitas vencedoras, as melhores, escolhidas por vocês. Mas também há campeãs que não vão subir ao palco, porque o futebol não é feito de quem ganha, é feito de quem joga. De quem vai para o treino, mesmo que o puto não a deixe dormir, mesmo que as dores menstruais estejam fortes". Esta citação ilustra as adversidades menos visíveis que muitas mulheres enfrentam diariamente, desde a conciliação da maternidade com a carreira desportiva, até aos desafios físicos e biológicos que, em muitos casos, não encontram a devida compreensão no meio desportivo.

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O discurso de Bernardo Ribeiro foi além do reconhecimento dos feitos, sublinhando a necessidade de uma mudança cultural urgente: "No ano passado, falei do choque cultural sobre os abusos. Agora já tenho noção de que é mais difícil para vocês do que para os homens". Esta afirmação reflete uma realidade que, embora cada vez mais discutida, ainda carece de ações concretas. Abusos, discriminação e a invisibilização das conquistas femininas são obstáculos recorrentes que continuam a marcar a trajetória de muitas atletas. Num ambiente historicamente dominado por homens, o desporto feminino enfrenta barreiras adicionais, desde a menor visibilidade mediática até à desigualdade nos apoios financeiros e nas condições de treino.

A luta pela igualdade no desporto não é recente. Contudo, a crescente visibilidade do desporto feminino, em particular no futebol e noutras modalidades de destaque, tem trazido para a esfera pública discussões cruciais sobre as condições que as mulheres enfrentam. Desde a falta de reconhecimento às questões mais profundas de violência e assédio, é evidente que o caminho para a igualdade requer um esforço conjunto da sociedade, instituições e meios de comunicação.

Ciente da sua responsabilidade enquanto meio de comunicação, o Record anunciou durante a gala três novas medidas destinadas a combater o abuso e promover a igualdade no desporto. Entre elas, destaca-se o compromisso de banir utilizadores que utilizem linguagem abusiva nos comentários do seu site, uma medida importante numa época em que o assédio online continua a crescer. Além disso, o Record compromete-se a denunciar casos de abuso à Associação Portuguesa Contra a Violência no Desporto, uma ação que coloca a responsabilidade de intervenção diretamente sobre o jornal, que deixa claro que não será cúmplice de uma cultura de impunidade. Por fim, foi anunciada uma nova campanha pela inclusão e igualdade no desporto. Esta iniciativa, ainda que a ser detalhada, surge como uma promessa de que o Record não só refletirá sobre a realidade atual, mas também tomará medidas ativas para criar um ambiente desportivo mais justo e inclusivo.

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Num futuro próximo, espera-se que as novas gerações de atletas encontrem um desporto mais aberto, onde as suas conquistas não sejam apenas celebradas numa gala, mas também reconhecidas ao longo de toda a sua carreira. A mudança está a caminho, e, com ela, um novo capítulo para o desporto feminino em Portugal.

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