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Check-in Livros: Pequenas revoluções

Grandes mudanças. Hoje, como ontem, é preciso determinação, talento e coragem para devolver à mulher a igualdade que é um direito.

Check-in Livros: Pequenas revoluções
Check-in Livros: Pequenas revoluções
19 de março de 2014 às 08:00 Máxima

Helena Matos

Escritora

 

A autora assina, em parceria com o jornalista e escritor José Manuel Fernandes, Este País Não é Para Jovens (Esfera dos Livros), livro onde se traça o perfil socioeconómico do Portugal dos últimos anos, analisando os motivos que nos levaram à crise e refletindo sobre uma questão que se tornou essencial: a equidade entre gerações.

Compreender onde estamos e porque aí chegámos. Depois de três anos de crise, este é o livro que vem sistematizar informação?

Mais do que sistematizar informação, procurámos cruzá-la. Por exemplo, não se pode falar do endividamento das famílias sem falar do congelamento das rendas. Por causa dessa legislação que durou mais de um século, as gerações mais jovens endividaram-se para comprar a casa. Ainda mal tinham entrado na idade adulta e já tinham uma dívida para a vida.

 

Lê-se na contracapa que, depois da manifestação de 2013, o país mudou para sempre. Mudou mesmo?

O discurso contestatário ganhou um lado etário nessa manifestação: os mais velhos reivindicavam os seus direitos, organizavam-se para defender o que não queriam perder. Simultaneamente, uma frase banaliza-se na boca dos mais novos sempre que se fala daquilo que agora é o chamado universo de direitos adquiridos, nomeadamente no que respeita às pensões ou reformas: “Eu já não vou ter nada disso.”

 

O envelhecimento da população é uma das variantes mais importantes nesta equação da crise?

Temos uma boa notícia: vivemos mais. E vivemos mais com mais qualidade de vida.  Folheiem os romances de Camilo ou Júlio Dinis e constatarão que, aos 40, sobretudo se fosse mulher, já se era considerada velha. As heroínas românticas tinham entre 14 a 20 e poucos anos. Portanto, é claramente uma boa notícia o facto de se viver mais e melhor. Mas viver mais implica mais anos a receber pensão e mais anos a fazer mais exames e tratamentos médicos que são também mais caros. Há não muitas décadas os exames médicos resumiam-se a umas radiografias e as pessoas que tinham direito a reforma usufruíam dela pouquíssimo tempo. Hoje, não é assim. E isso é determinante na despesa ou, se quiser, na “equação da crise”.

 

Há esperança para os mais jovens?

Os mais novos são, por si mesmo, um sinal de esperança. Convém que, além de esperança, também tenham muita atenção ao que é decidido de modo a que os seus interesses sejam tidos em conta. Por exemplo, que não se discutam apenas os cortes que estão a afetar os atuais pensionistas mas também os cortes que vão afetar as reformas daqui a dez, quinze ou vinte anos.

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Se ainda fossem precisas provas de que é o talento e não o género a ditar a qualidade de um trabalho, este livro reuniria algumas das provas mais essenciais. Em Women Photographers (Prestel), o historiador de arte e dramaturgo alemão Boris Friedewald traça o perfil das 55 artistas que, na sua opinião, melhor ajudaram a definir a fotografia, do século XIX até à atualidade, passando por nomes incontornáveis como Julia Margaret Cameron ou Cindy Sherman. Além de desenhar um perfil detalhado de cada uma das fotógrafas selecionadas, o livro traça ainda uma retrospetiva da história da fotografia no feminino, com todas as barreiras que estas mulheres ajudaram a quebrar e todas as pequenas revoluções que ajudaram a celebrar. Instantes históricos, de uma perspetiva feminina.
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Em agosto de 2012, três elementos das Pussy Riot ? uma banda feminina de punk rock, conhecida pela forte oposição ao governo de Putin ? foram detidas em Moscovo, acusadas de hooliganismo e ódio religioso. A história teve novo capítulo em dezembro passado, com a libertação das duas Pussy Riot que ainda estavam detidas, mas está longe de terminada (até porque estas já manifestaram a intenção de criar um movimento pela defesa dos direitos dos presos russos). Mais do que a biografia de uma banda, o livro Words Will Break Cement (Granta) revela os bastidores do julgamento e os ecos internacionais que o caso acabou por ter. Masha Gessen (também autora de The Man Without a Face: The Unlikely Rise of Vladimir Putin) trocou correspondência com as Pussy Riot durante os meses de reclusão, dispondo-se agora a contar a versão que o governo russo nunca autorizou.
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Autora do livro Words Will Break Cement (Granta)
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Neste que foi o seu primeiro romance, a autora do muito elogiado A Visita Brutamontes conta a história de Phoebe, uma jovem mulher que parte de São Francisco com destino a Itália, local onde a irmã ? uma idealista hippie dos anos 70 ? morreu de forma misteriosa. Pelo caminho, depara-se com revelações familiares, mas também com uma sociedade em transformação, marcada pelas revoluções estudantis e pela ação de movimentos radicais.
5 de 6 / Neste que foi o seu primeiro romance, a autora do muito elogiado A Visita Brutamontes conta a história de Phoebe, uma jovem mulher que parte de São Francisco com destino a Itália, local onde a irmã ? uma idealista hippie dos anos 70 ? morreu de forma misteriosa. Pelo caminho, depara-se com revelações familiares, mas também com uma sociedade em transformação, marcada pelas revoluções estudantis e pela ação de movimentos radicais.
Contenção e emoção são palavras indispensáveis para descrever a forma como o autor conta a história verídica de Philomena Lee, uma adolescente irlandesa que, depois de engravidar, é enviada para um convento onde cuida do seu filho durante os três primeiros anos, até ser vendido pela própria igreja e entregue para adoção. A vida de Philomena foi dedicada a um reencontro que acabou por nunca acontecer.
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