
Do fado à morna passando pela pop, Cuca Roseta alarga os contornos físicos e emocionais do seu fado. Estivemos à conversa com a fadista e ficámos a conhecer Riû, o seu novo trabalho.
Como é que surgiu a possibilidade de colaborar com Nelson Motta? Eu andava à procura de um produtor brasileiro para o meu disco, porque acho que essa visão positiva da melancolia do samba era o que faltava ao meu fado. Jantei com Nelson Motta por acaso e aproveitei a oportunidade! E, como nada acontece por acaso, ele mesmo, depois de estar dez anos sem produzir discos, disse que sim. É uma pessoa que mudou a minha vida, com quem cresci e aprendi muito e com quem encontrei uma sonoridade única. Podemos falar em saída da zona de conforto ou trata-se precisamente do contrário,
Faz sentido falar deste world fado como o fado do século XXI? Faz todo o sentido. O fado é Património Imaterial da Humanidade, o fado já é música do mundo há muito tempo e mais valorizado em muitos países do que em Portugal.
Este novo fado tem a ver não só com a sonoridade mas também com a intenção. Será porventura mais feliz? Este fado é positivo, como eu. Intenso, nostálgico, romântico, melancólico até, mas sempre com o olhar na esperança, sempre com o olhar no lado positivo da dor. E essa sou eu: uma pessoa que luta, que segue em frente...
O álbum conta com compositores muito distintos. O que é que este leque de colaboradores diz de si? Todos influenciaram o meu fado. Cresci a ouvir Sara Tavares, Jorge Palma e João Gil... Bryan Adams e Djavan são referências, Ivan Lins um dos compositores que mais admiro. Pedro Joia e Júlio Resende são artistas com os quais tive a sorte de me cruzar.
