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Atual

Marielle Franco. Até quando vão silenciar as mulheres que lutam pela liberdade?

A vereadora da Câmara Municipal do Rio de Janeiro tinha acabado de sair de uma sessão sobre o papel das mulheres negras na sociedade brasileira. Forte crítica da Polícia Militar estadual, Marielle foi assassinada na noite de ontem. Calaram-na para sempre, sim, mas as vozes que se levantam não o farão.

15 de março de 2018 às 16:44 Rita Silva Avelar

Dia 13 de março de 2018. "Mais um homicídio de um jovem que pode estar entrando para a conta da PM. Matheus Melo estava saindo da igreja. Quantos mais vão precisar morrer para que essa guerra acabe?" foi este um dos últimos Tweets que Marielle Franco, vereadora da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, fez antes de morrer. Forte crítica à violenta polícia, Marielle tinha acusado a própria Polícia Militar do Rio de Janeiro de responsabilidade na morte do jovem Matheus Melo na Favela do Jacarezinho, na Zona Norte da cidade, com este Tweet. Mais do que uma mulher num mundo de homens a lutar pela liberdade no cerne da política brasileira, Marielle Franco era negra, mãe, feminista, socióloga, nas suas palavras "cria da favela", e não pedia muito: só queria que a violência no Brasil cessasse e que a igualdade de direitos imperasse.

Marielle Franco tinha acabado de sair da conferência "Jovens Negras Movendo Estruturas" onde foi uma das oradoras a discutir o tema do papel das mulheres negras na sociedade brasileira quando, a caminho de casa, foi atingida com nove tiros mortais, destes quatro na cabeça, dentro de um carro na Rua Joaquim Palhares, no bairro do Estácio, na Região Central do Rio, por volta das 21h30 da quarta-feira passada. Além da vereadora, o motorista do veículo, Anderson Pedro Gomes, também foi atingido e morreu.

Com 38 anos e nascida no Complexo da Maré, zona norte do Rio de Janeiro, a 27 de julho de 1979, Marielle Francisco da Silva, era uma indiscutível referência na luta pelos direitos humanos. Começou a sua luta em 2006, quando fez parte da campanha que elegeu Marcelo Freixo à Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Depois de Freixo se tornar deputado, foi nomeada sua assessora parlamentar. Mais tarde, haveria de assumir a coordenação da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia. A sua mais recente conquista havia sido a eleição de vereadora na Câmara Municipal do Rio de Janeiro há dois anos. Na primeira disputa eleitoral foi a quinta vereadora mais votada com 46.502 votos para o cargo de vereadora na capital carioca pela coligação Mudar é possível (formada pelo PSOL e pelo PCB).

Segundo apurou o jornal Público, em Portugal estão a ser organizados eventos de homenagem a Marielle Franco, dois em Lisboa e um no Porto – o encontro "Marielle Franco Presente - Lisboa", com início às 18h desta quinta-feira, na Praça de Luís de Camões; a "Vigília pela Feminista Marielle Franco", a partir das 18h da próxima segunda-feira, na Praça da Figueira; e "Marielle Franco, Presente! O Mundo não se cala", às 18h30 da próxima segunda-feira no Consulado-Geral do Brasil no Porto, na Avenida de França.

 
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