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Manual do caloiro distribuído numa faculdade foi denunciado pelos seus conteúdos

“Não é um ser racional” é uma das frases que podem ser lidas no Manual de Sobrevivência do Caloiro, distribuído na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Manual do caloiro distribuído numa faculdade foi denunciado pelos seus conteúdos
Manual do caloiro distribuído numa faculdade foi denunciado pelos seus conteúdos
14 de setembro de 2017 às 18:20 Margarida Ferreira

Na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto foi distribuído, pelos alunos mais velhos, um "manual" onde, entre muitas outras coisas, se lê "o caloiro é incondicionalmente servil, obediente e resignado", "não é um ser racional", "não goza de qualquer direito". E continua: "A espécie não goza de qualquer direito, salvo o da existência (até por vezes questionável)", "Deve ser sempre moderado no uso da palavra (zurra, grunhe, bale e relincha só quando lhe é dada permissão", "Não é permitido pensar, opinar, gesticular, buzinar, abanar as orelhas ou pôr-se em equilíbrio nas patas anteriores".

O Manual de Sobrevivência do Caloiro foi distribuído pela faculdade e o deputado do Bloco de Esquerda (BE) Luís Monteiro já denunciou o seu teor. A direção da faculdade diz ser impossível que este tenha sido distribuído dentro das suas instalações. Nos últimos anos, principalmente depois de alguns casos como o que resultou na morte de seis alunos da Universidade Lusófona, no Meco, as praxes académicas abusivas voltaram a preocupar a sociedade portuguesa. No entanto, o deputado do BE considera que depois de alguns casos como esse os alunos alteraram a sua metodologia e agora está menos pública e são menos visíveis os abusos que acontecem na praxe, como se pode ler num artigo hoje publicado pelo jornal Público.

Este "manual" foi distribuído a todos os alunos – e não apenas àqueles que aceitam ser praxados. Para Luís Monteiro, isso mostra que faltam ainda mecanismos de apoio aos novos alunos e mecanismos que controlem os abusos na praxe. O diretor da FCUP, António Fernandes da Silva, explicou que as atividades ligadas à praxe académica foram proibidas, dentro da faculdade, há sete anos e, por isso, o documento não pode ter sido entregue nas instalações da FCUP.

No ano letivo passado, o Ministério da Ciência e Ensino Superior recebeu nove queixas de atos violentos em praxes académicas através do endereço eletrónico (praxesabusivas@dges.mctes.pt) e do número de telefone (21 312 61 11) que foi criado há três anos com a finalidade de denunciar e intervir perante queixas de atos violentos ou coercivos durante a praxe.

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