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Um filho pode ser a solução para problemas conjugais?

Mariana, 36 anos, Leiria

15 de julho de 2015 às 11:53 Dra. Catarina Rivero

Eu e o meu marido estamos casados há seis anos e não temos filhos, pela opção de nos dedicarmos mais à carreira nestes primeiros tempos de casamento. No último ano as coisas não têm andado bem, com grande afastamento entre nós e algumas discussões, mesmo que intercaladas por momentos de muito amor. Sinto de alguma forma que estamos a precisar de algo novo e pensei, até por uma questão da minha idade, em termos um filho. Já falámos nisso. Mas estou com dúvidas… tenho ouvido muitas histórias com finais infelizes… o que devo fazer?

Cara Mariana, bom refletir antes de tomar esta decisão de aumentar a família. O nascimento de um filho pode ser fonte de muitas alegrias, mas efetivamente é também uma fase que desafia o casal e, nesse sentido, as dúvidas podem ser pertinentes. Mais do que deixar aqui o que "deve" ou não fazer, deixarei algumas reflexões a considerar e ponderar.

Considerando a alegria muitas vezes idealizada, muitos casais consideram que a chegada de um filho pode resolver uma fase de maior tensão ou conflito. É preciso considerar que, para além da alegria, haverá um turbilhão decorrente das adaptações que o casal irá fazer, haverá que reajustar ritmos de vida, prioridades pessoais e profissionais, bem como conjugais. Ter um filho implica não só dar vida a um novo ser humano como a um novo casal. Nesse sentido, antes de avançar, pode ser positivo encontrar um equilíbrio na relação a dois para poderem gerir positivamente a chegada de um bebé. Acima de tudo será importante que ambos os elementos queiram ter um filho, que seja um sonho de ambos, e que possa ser planeado em casal, com a maior serenidade conseguida.

A entrada na parentalidade é de facto uma fase de mudanças abruptas, com tudo de positivo mas também de desafiante. Note-se que estudos desenvolvidos pelo investigador John Gottman referem que 70% dos casais passam por uma crise negativa no primeiro ano do nascimento do primeiro filho… Os elementos do casal irão deparar-se com uma nova imagem de si e do outro, bem como irão experimentar emoções novas em qualidade e intensidade. Alguns dos maiores desafios, que os pais de primeira viagem referem, passam pelos momentos de incerteza, acompanhado de um nível elevado de responsabilidade, no que toca aos cuidados do bebé, mas também de algum stress na gestão de energia, sonos e relação conjugal. Por outro lado, haverá necessidade de reajustar o espaço da família nuclear, de forma a integrar as respetivas famílias de origem (avós, tios e primos, que tenderão a aproximar-se). É muitas vezes referida uma grande mudança em relação ao tempo disponível para a conjugalidade, mas também das atividades que cada elemento do casal até então fazia, que pode aumentar a pressão sentida. A gestão das finanças familiares também é um tema muitas vezes apontado como desafiante. Outro ponto a considerar passa pelo decréscimo na atividade sexual que alguns casais experimentam que pode ser também uma condicionante com que terão de lidar - há efetivamente uma fase de grande desgaste físico, com falta de sono, com uma atenção muito direcionada para a criança.

Se houver uma relação satisfatória à partida, o casal estará mais apetrechado para lidar com a nova realidade, com maior disponibilidade para as mudanças necessárias e usufruindo do significado maior de ser família. Assim, para que a conjugalidade seja preservada ou mesmo potenciada, há que clarificar e ajustar expectativas, partilhar emoções e encontrar um equilíbrio na relação, definindo limites e papéis, procurando soluções e recursos para cada momento, e celebrando o amor e pertença da família que todos os dias fazem acontecer. Sublinho assim que a vivência do nascimento de um filho depende da qualidade da relação até então e das expectativas de ambos – agora mais do que nunca os elementos de casal irão beneficiar de viverem em função do "nós", por oposição ao "eu", de uma relação baseada na cooperação, por oposição à competição. A coesão e o suporte mútuo no casal são facilitadores de bem-estar nas mudanças em geral e em particular na chegada de um filho.

Deste modo, se considera que a conjugalidade está a atravessar uma fase mais turbulenta, pode ser benéfico recorrerem a um Terapeuta Conjugal, que vos poderá ajudar a ultrapassar as questões emergentes de modo a melhor decidirem quanto ao passo da entrada na parentalidade, com a positividade desejada.

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