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“Este álbum foi a expressão da urgência em crescer emocionalmente”

Em adolescente cantou na Catedral de Lisboa com o coro religioso Lyttelton, da Nova Zelândia. Uma década depois, encantou o público que o ouviu no grande auditório natural que é o Paredes de Coura. Mas, antes, Marlon Williams conversou com a Máxima.

20 de agosto de 2018 às 16:39 Rita Silva Avelar

A história de um pequeno rapaz que começou por juntar-se ao coro religioso da Catedral do Santíssimo Sacramento, em Christchurch, Nova Zelândia e acabou em tour pela Europa com uma voz magnetizante que tem tanto de fado como de Elvis Presley é a história de Marlon Williams. Mas isso seria redutor para a grandeza deste artista neozelandês de 27 anos, um dos nomes mais falados da música country folk dos últimos meses.

Aos 17 anos formava os The Unfaithful Ways com os seus amigos do colégio e o seu professor de Ciências, mas rapidamente começou a cantar a solo. Em 2016 lançou o primeiro álbum, Marlon Williams, cartão de apresentação da sua enigmática e poderosa voz e, no último trimestre de 2017, surpreendeu tudo e todos com o álbum Make Way For Love, provindo de um desgosto amoroso (Williams namorou com a também artista Aldous Harding, com quem faz o dueto em Nobody Gets What They Want Anymore). Em tour para apresentar o novo álbum, William deu um concerto memorável em Coura, considerado por alguns como um dos melhores desta edição do festival. E sim, ouvi-lo partiu-nos o coração, mas deixou-nos com um sorriso capaz de enfrentar o mundo. Não é isso, afinal, que os grandes amores fazem?

Marlon, a música chegou por acaso ou foi, desde sempre, uma paixão natural?

Eu era uma criança muito ávida [no que respeita a ouvir] música, primeiro comecei a tocar trompete aos cinco anos e, quando tinha nove ou dez comecei a cantar em casa com os meus pais, e acabei por juntar-me ao coro [de Lyttelton, Nova Zelândia]. Pensei que era a coisa mais simples e proveitosa que podia fazer pela minha voz.

Recorda-se da primeira vez que cantou para uma audiência?

Sim, estava na escola primária, e lembro-me que vesti um fato de cerimónia. Cantei uma música antiga género spiritual.

Que artistas continuam a inspira-lo ao longo da sua carreira musical?

The Beatles, Elvis Presley… e adoro música honky tonk como Jim Reeves ou Hank Williams, comecei a ouvi-los muito cedo e penso que continuam a ser uma influência muito forte para mim.

Como foi crescer em Lyttelton, na Nova Zelândia, como artista?

É um sítio pequeno, tem cerca de quatro milhões de pessoas… Tem as suas vantagens mas também desvantagens. As coisas acontecem separadamente do resto do mundo, porque estamos tão longe de tudo, e para qualquer coisa germine demora o seu tempo. Talvez se tivesse crescido na América fosse diferente, lá [na Nova Zelândia] há um ambiente muito local, muito pequeno. Não é possível sustentar uma carreira se não se sair de lá.

Em 2016 lançou o primeiro álbum em nome próprio, Marlon Williams. Nessa altura, já sentiu que a sua música chegava ao mundo inteiro?

Eu andei em tour pela Nova Zelândia desde o liceu com a minha banda, já estava habituado a "andar na estrada". Por isso, essa parte já lá estava. Foi desafiante, eu estava entusiasmado por me apresentar sozinho, e fez-me pensar quem era o verdadeiro Marlon Williams. Foi uma exploração de identidade, que continua a acontecer, mas também foi intimidante. Continuo nessa aprendizagem.

Make Way for Love surge, agora, de um desgosto de amor. Como foi expressar essas emoções num álbum inteiro?

Tudo aquilo que eu posso dizer sobre o novo álbum é que tinha de acontecer, era necessário. E foi fundamental para a minha própria evolução emocional. Eu acho que isso é necessário para qualquer artista. Este álbum foi a expressão dessa urgência [em crescer emocionalmente] e da necessidade de encontrar respostas para as perguntas que iam no meu pensamento.

Como foi escrever sobre o amor, e depois cantá-lo?

É bom lembrar todo o processo que produção do álbum, mas a parte mais pesada e dura é a da composição das músicas. Agora, é meu trabalho como performer transmitir tudo isso.

O que é que Paredes de Coura tem de especial?

É um sítio incrível. Já estive várias vezes em Portugal, mas nunca tinha tocado aqui. Apaixonei-me por Lisboa quando era adolescente e vim cá tocar com o coro, cantámos na Catedral de Lisboa, um sítio lindo. Somos bem recebidos, e o palco, do Paredes de Coura, é maravilhoso. Nesta tour estivemos noutros sítios completamente novos para mim, como a República Checa e a Polónia, mas este sítio é único.

Foto: Daniel Pousada
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