De que é feito o amor?
Somos feitos de muitos temas, todos importantes, cada um essencial. Mas, há um que nos define mais, que nos humaniza e que é a nossa segunda pele: o amor.

O amor, os sentimentos de amor e a dinâmica das relações que estabelecemos são mutáveis, mais do que a própria natureza e os seus elementos. Aumentam, diminuem, entram em conflito, exigem ser avaliados, reavaliados, são renovados, transformam-se, voltam a aumentar.
Envolvem conceitos complexos como compromisso, confiança, dedicação. Obrigam-nos a estar conectados connosco, com quem nos relacionamos. Através do amor, aprendemos a comunicar, estamos em permanente desenvolvimento, construímos uma existência.
As relações são absolutamente singulares, não há cartas repetidas, não há duplos, o tempo corre noutra dimensão, tudo é díspar, tudo é válido. Uma das melhores coisas desta humanidade - e século - é a progressiva aceitação da diversidade. Criámos a verdade que afirma: pode amar-se de todas as maneiras.
Não existem verdades absolutas (felizmente!) num tema tão criativo, como o é o amor, porém temos várias certezas quanto aos benefícios pessoais e aspectos positivos, a que acedemos nos relacionamentos amorosos, e isso sim, é transversal a todos.
Das vantagens mais simples, aos assuntos mais complexos, estar em relação oferece múltiplas coisas e coisinhas saudáveis e positivas, que fazem sorrir mais, pensar melhor, erguer ideias e realizar tantas outras vontades. A certeza de que existe alguém por perto dá-nos ímpeto para tudo e qualquer coisa.
- 1. Um olhar positivo
Acontece que, quando numa relação, internalizamos uma opinião positiva sobre nós. Somos vistos de uma forma benéfica, o que surte um efeito de valorização. As particularidades tornam-se interessantes, caracterizam-nos e singularizam-nos. Através de um vínculo saudável, surge um sentimento de confiança permanente.
2. Mudanças construtivas
Nas experiências compartilhadas aprende-se mais, interpreta-se com mais pontos de vista, compreendem-se as tendências do pensamento, identifica-se a negatividade. As conclusões são menos apressadas, reconhecem-se padrões de comportamento, através do olhar atento e dedicado do outro. No amor, somos permeáveis à mudança e versáteis.
3. Hábitos saudáveis "emprestados"
Surgem comportamentos saudáveis em concordância, o que significa que são adquiridos hábitos subtis, sem esforço. A influência aparece em pequenos prazeres como ser apresentado a um escritor, uma banda, mudar a alimentação, passar a gostar de atividades nunca imaginadas e dizer definitivamente não a outras –há um outro que não gosta, está reforçada a nossa opinião!
4. Confiança e colaboração
Estende-se a influência até a algo mais elaborado, numa realidade dividida há mais recursos psíquicos, mais competências sociais, para sobreviver a problemas de ordem pessoal, familiar, social - a partilha reduz a ansiedade e atenua o sofrimento. Torna-se possível perspectivar a vida com mais tranquilidade, mais sabedoria.
- 5. Memórias partilhadas
Numa relação amorosa todos os tempos estão intimamente ligados, os temas da vida repetem-se e renovam-se, são guardadas em parceria emoções e memórias, é criada uma existência cooperativa, que revisita e perpetua contextos positivos.
- 6. Empatia e Felicidade
Há um compromisso de felicidade pessoal e partilhada, é possível saborear os aspectos positivos das experiências mútuas, criar uma história- singular e fértil. Não precisa ser cinematográfica, basta ser verdadeira.
Por Lúcia D'Almeida
