
TIAGO BETTENCOURT EM DISCURSO DIRETO
No âmbito de mais uma iniciativa dos Grandes Concertos de Verão, Tiago Bettencourt vai marcar presença a 4 de setembro no espaço Lounge D do Casino Estoril, onde apresentará o mais recente álbum, Do Princípio.
Ouvindo o novo trabalho, é fácil reconhecer a sua sonoridade. No entanto, chamou-lhe Do Princípio. Trata-se, de algum modo, de um começar de novo?
Do Princípio é uma expressão de renovação no sentido em que nos faz respirar fundo e olhar, de novo, para a frente. Para mim, pode ter a ver com o facto de ser o primeiro álbum de originais depois de uma paragem de quatro anos com um best of pelo meio chamado Acústico. Para o ouvinte, é um apelo para que ouçam este álbum com serenidade e atenção.
Conta com as colaborações de Mário Laginha, Jaques Morelenbaum ou Kid Gomez. Como é que chegou até estes nomes e o que trazem eles ao disco?
Gosto muito de trabalhar com outros artistas. O Mário Laginha foi uma escolha óbvia quando estávamos a ensaiar a canção Sol de Março e eu percebi que precisava de um piano com muita personalidade que me levasse a música até ao fim. O Jaques Morelenbaum já foi em estúdio e o meu agente, João Pedro Ruela, propôs falar com ele para orquestrar a música Do Princípio. O tema foi para o Brasil e voltou incrivelmente bem orquestrado. O Fred Ferreira é meu amigo há muitos anos e já trabalhámos muitas vezes juntos. Ele ainda não tinha participado num álbum meu e por isso usei-o como magnífico baterista rock que ele é. O Kid Gomez é o novo elemento da banda e ajudou muito na parte mais eletrónica deste álbum.
O tema Aquilo que eu não fiz já rodou muito nas rádios e indicia uma conotação crítica, mais política. Os músicos têm de assumir esse papel?
Acho que não. Um artista não “tem” de fazer nada, a não ser que tenha um plano pré-definido para “ser qualquer coisa”. Eu escrevo sobre Portugal como escrevo sobre amor ou sobre o mundo. É-me natural escrever sobre aquilo que me inquieta e cada vez me inquieta mais a falta de amor que sinto pelo meu país. Não falo de políticos ou partidos. Acho que, se não tivermos memória curta, todos sabemos quem são os responsáveis por esta aventura, e para mim essas responsabilidades não caem sobre partidos mas sobre pessoas: pessoas desonestas, pessoas sem caráter, pessoas que não amaram o seu próprio país. É disso que falam as minhas músicas mais interventivas.
O que podemos esperar do espetáculo no Casino do Estoril?
Gosto muito de voltar ao Casino Estoril. Fui lá a muitos concertos de verão durante a minha adolescência e fico muito feliz por hoje ser também eu a pisar aquele palco. No concerto, vamos tocar algumas músicas deste novo álbum, mas sem descuidar obviamente algumas das músicas mais marcantes da minha carreira.
Como é a sua playlist atual?
O último álbum do Beck – Morning Phase – foi muito importante durante a gravação deste trabalho. Ontem vim a ouvir os Future Islands numa viagem. Tento sempre estar atento a novas bandas e artistas que me interessem e me inspirem. No entanto, volto sempre aos artistas como Bob Dylan, Tom Waits, David Bowie, Amália Rodrigues e Camané, entre muitos outros.
